Este é o tema da Campanha da Fraternidade que a Igreja Católica traz para 2025, como sempre faz anualmente dando início ao período da Quaresma. O objetivo geral da Campanha é promover um processo de conversão integral em tempos de crise socioambiental. Entre os objetivos específicos se acham destacados denunciar os males do estilo de vida atual que geram a crise socioambiental e apontar as causas da grave crise climática global, ressaltando a necessidade de mudanças profundas nos modos de vida e a rejeição das falsas soluções para a transição energética, como assim fala Dom João Santos Cardoso, Arcebispo de Natal, no Rio Grande do Norte.

A Campanha está baseada na Encíclica Laudato Si, do Papa Francisco, que apresenta um conceito de Ecologia Integral pelo qual na vida tudo está interligado, ou seja, o ser humano é parte de uma rede interconectada com o meio ambiente e que as ações em qualquer âmbito têm impacto sobre todos os outros. O desequilíbrio entre a humanidade e a natureza gera um pecado, que denomina de pecado ecológico, e que se refere à violação do equilíbrio da criação pelo uso predatório dos recursos naturais e pela poluição ou pela indiferença às mudanças climáticas.

O mundo inteiro está aí sofrendo as calamidades das consequências da crise climática, estando vários países preocupados com a questão ecológica, dentre eles o Brasil, que sediará este ano em Belém do Pará a COP 30, uma reunião dos países signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima. Dentre os temas que serão discutidos na COP 30 um deles é a transição energética ventilada desde a COP 28, abordando primordialmente a substituição do petróleo por energias limpas. Neste particular aspecto, já se posicionam na contramão os Estados Unidos e o Brasil, ante as declarações favoráveis dos presidentes desses países, pela maior concentração na exploração do petróleo, do que por exemplo, pelas energias elétrica, solar e eólica.

Enquanto as indústrias conscientes dessa urgente necessidade já começam a adotar soluções que substituem o uso dos derivados do petróleo por energia elétrica, a exemplo da indústria automobilística, o governo americano retirando-se do Acordo de Paris assinado na COP 21, se posiciona pelo aumento de perfuração de poços de petróleo e o governo brasileiro se inclina na mesma direção, pela prospecção de poços em áreas inexploradas, como na margem equatorial da bacia amazônica. Puro contrassenso, em especial deste último, que sedia a Conferência que tratará da transição energética e tecnológica de energia renovável, mantendo o intuito do aumento da exploração de energia não renovável.

O Texto Base da Campanha da Fraternidade 2025 reforça a necessidade de mudança de mentalidade e estilo de vida que englobe renovação espiritual e ética, compelindo as pessoas e especialmente os governantes a adotarem ações sinceras e concretas em defesa do meio ambiente e da Humanidade. Esse paradigma interliga as dimensões da vida humana com o cuidado da criação, buscando justiça social, preservação ambiental e um futuro sustentável para as próximas gerações. Além de pecado ecológico, a intransigência na exploração de recursos não renováveis reflete a falta de cuidado com a casa que habita e descompromisso com a própria vida.