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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil/Arquivo
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A depender do ânimo do passageiro, viajar em um carro autônomo na cidade de Austin, no Texas, é questão de sorte ou azar. Basta pedir um carro pelo aplicativo da Uber a partir da categoria Comfort e torcer para ser atendido por um dos robotáxis da empresa.
São automóveis elétricos dotados de sensores, câmeras, navegação por GPS e radares com funções redundantes. As traquitanas instaladas em todos os cantos do automóvel garantem camadas de segurança e reconhecem pedestres, carros, motos, caminhões, obstáculos etc. São olhos que tudo veem, mesmo sob chuva ou neblina.
Debaixo dos equipamentos, há um Jaguar I-Pace. Ao ser transformado em carro autônomo, o modelo atingiu a fama que jamais teve enquanto foi comercializado pela marca inglesa, entre 2018 e 2024. Seu fracasso global foi um dos motivos para a montadora paralisar suas operações temporariamente.
Sachin Kansal, vice-presidente de produto da Uber, garantiu que o fato de o automóvel ter saído de linha não é um problema, já que existe um grande estoque de peças.
O executivo explicou os princípios básicos da tecnologia, que foi desenvolvida pela Waymo, do grupo Alphabet.
Dados mais profundos foram evitados, bem como menções ao valor dos equipamentos, estimado em US$ 500 mil (R$ 2,85 milhões) por carro.
“As diferenças [para um Uber comum] começam quando o carro chega até o passageiro porque, lembre-se, não há um motorista ali”, diz Kansal, que acompanhou o teste feito pela reportagem.
Quando o robotáxi estacionou, foi necessário acionar a abertura por meio do aplicativo da Uber, o que só pode ser feito a partir do smartphone do solicitante.
Ao embarcar, vê-se uma tela sensível ao toque instalada em frente ao assento traseiro. Bastou pressionar o comando de partida para que a viagem começasse.
O Jaguar partiu suavemente e logo ganhou velocidade. Em um trajeto mais longo, com trecho rodoviário, chegou ao limite de 55 milhas por hora da via, equivalente a 88 km/h. Estar a bordo de um carro luxuoso e sem motorista a um ritmo razoável é a parte encantadora da história. Mas não é tudo.
Ao entrar em uma rua movimentada rumo à área central de Austin, o I-Pace freou bruscamente e fez um desvio para a esquerda. O motivo da manobra foi uma picape que reduziu a velocidade para virar à direita. Os sensores do robotáxi calcularam o risco e decidiram o que fazer, embora a reação tenha parecido exagerada.
O carro foi esperto em outras situações, como ao detectar lentidão à frente e trocar de pista para fazer ultrapassagens seguras. São movimentos bem coordenados, mas que causaram calafrios ao lembrar que não havia ninguém ao volante.
Ao chegar ao destino, bastou abrir a porta e desembarcar. Seria possível mudar o destino ou pedir para descer antes, da mesma forma que ocorreria com um humano no controle. Kansal explicou que há uma central de atendimento disponível 24h, podendo ser acionada tanto pelo veículo como pelo aplicativo.
O dia de trabalho do robô sobre rodas termina quando a carga está perto do fim. O veículo se dirige à base operacional, que possui oficina e pontos de recarga. São operadores que conectam o carro à tomada.
“A maioria dos passageiros diz ‘sim’ quando são perguntados se gostariam de estar em um veículo autônomo, e a maior parte das viagens recebem cinco estrelas”, afirmou o executivo.
Durante os testes promovidos em Austin para a imprensa, o serviço só falhou uma vez. Um jornalista solicitou um veículo, que parou do outro lado da rua e em um local de difícil acesso. Aparentemente, o sistema se confundiu com a localização. A corrida foi cancelada automaticamente, com reembolso.
Como a eficiência prevaleceu, surgiu a dúvida: seria esse o início do fim dos motoristas de aplicativo? Kansal acha que não.
“Pensamos que a nossa rede híbrida de motoristas humanos e automóveis autônomos é a melhor abordagem, porque há muitos tipos de viagens. Carros sem motorista não podem acessar algumas ruas, e há geografias limitadas”, disse o vice-presidente de produto da Uber.
Já Therence, motorista de um Kia a gasolina que atendeu a um chamado pelo aplicativo da Uber em Austin, foi pragmático. “Ainda acho estranho, mas é a tecnologia evoluindo, o que deve aumentar a segurança. Por exemplo, se você estivesse em um robotáxi, não seriam duas vidas no carro, mas apenas uma.”
*EDUARDO SODRÉ/Folhapress
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