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Foto: Allison Sales/Folhapress
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Um estudo publicado em janeiro deste ano observou que o consumo excessivo de carne vermelha pode levar a um maior risco de perda da capacidade cognitiva e desenvolvimento de demência. Mesmo que seja preliminar e com limitações, o estudo ratifica que substituir o consumo desse alimento por outras fontes de proteínas pode ser benéfico para a saúde humana.
Publicado no periódico científico Neurology, o estudo se junta a diversas outras evidências que atestam diferentes malefícios da carne vermelha em excesso, como complicações cardiovasculares e desenvolvimento de diabetes tipo 2.
Os autores do estudo, no entanto, observaram que, até então, outras pesquisas não tinham encontrado conclusões concretas para uma possível relação entre a carne vermelha e os distúrbios cognitivos.
“Estudos anteriores sobre as associações entre ingestão de carne vermelha e demência e função cognitiva são limitados e têm produzido resultados inconsistentes”, escrevem os autores no estudo.
O objetivo da pesquisa, dizem, é trazer dados consolidados para esse ponto ainda em aberto no meio científico. Para isso, os autores consideraram informações de dois bancos de dados nacionais com informações de profissionais de saúde dos Estados Unidos: o NHS (Estudos de Saúde de Enfermeiros, em tradução livre) e HPFS (Estudo de Acompanhamento de Profissionais de Saúde, também em livre tradução).
Cerca de 133 mil participantes foram incluídos na análise, todos eles sem diagnósticos de demência no início da pesquisa.
Esses participantes respondiam a questionários relacionados a seus hábitos alimentares. As informações de saúde deles também foram compiladas durante a pesquisa de forma a entender quais indivíduos haviam recebido diagnóstico de demência ou de outras perdas cognitivas e comparar isso com o consumo de carne vermelha.
No final, os pesquisadores observaram uma associação entre esse comportamento alimentar e os problemas cognitivos. Os piores resultados foram relacionados ao consumo de carnes vermelhas processadas, como salsicha, bacon e salame. As carnes não processadas, que são aquelas que não passam por alterações industriais, como um filé de carne de vaca, também apresentaram fatores de risco para o aparecimento de distúrbios como demência, mas em menor grau.
A quantidade do consumo de carne vermelha também influenciava os riscos para a saúde cognitiva. Por exemplo, participantes que reportaram uma maior ingestão diária de carne vermelha processada apresentaram um risco 13% maior de desenvolver demência, na comparação com os indivíduos com baixo índice de consumo desse alimento.
MAIS EVIDÊNCIAS SÃO NECESSÁRIAS
Embora conte com grande quantidade de dados de participantes, a conclusão do estudo não é final. Diversas limitações, como se basear fortemente nos relatos pessoais dos participantes e estar restrito a profissionais de saúde, são indicativos de que pesquisas que adotem outras metodologias são necessárias para prover evidências mais robustas.
Mesmo assim, os cientistas responsáveis pelo estudo indicam que suas descobertas são fortes, o que resulta em algumas recomendações sobre o consumo de carnes vermelhas. Uma delas é substituir a versão processada por outras fontes de proteínas, como peixes, ovos e legumes.
Mas carnes vermelhas não processadas também podem ser trocadas, tendo em vista que, mesmo em menor grau, elas aparentam afetar a saúde cognitiva ao longo do tempo. “Substituir carne vermelha por fontes de proteína alternativas e mais saudáveis, como opções à base de plantas, pode ajudar a reduzir o declínio cognitivo e o risco de demência”, escreveram os autores.
*SAMUEL FERNANDES/folhapress
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