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Foto: Pixabay
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O alerta foi emitido pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e pelo Departamento de Cardiologia da Mulher da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Na nota, os especialistas desmentem mitos e apresentam evidências científicas sobre o hormônio no organismo feminino.
O diretor da SBEM, Clayton Macedo, explica que a nota foi criada em razão da crescente prescrição de testosterona para mulheres. O hormônio tem sido erroneamente indicado para causas como emagrecimento, ganho de massa muscular, rejuvenescimento e alívio dos sintomas da menopausa. O aumento da libido, sem necessidade clínica, também é uma das indicações. Nenhuma dessas indicações, porém, tem respaldo científico.
Testosterona baixa não existe – nem mesmo na menopausa
De acordo com as entidades, a ideia de que a menopausa causa uma queda brusca nos níveis de testosterona é equivocada. O hormônio começa a diminuir gradualmente a partir dos 30 anos, de forma independente da menopausa. Por isso, para mulheres nessa fase, “o tratamento hormonal indicado continua sendo com estrogênio e progesterona”, diz a nota.
Além disso, o próprio conceito de “baixa testosterona” não existe, como destacou a ginecologista Maria Celeste Wender, presidente da Febrasgo, em entrevista ao Estadão. Nesse sentido, fazer exames para checar os níveis do hormônio também não é recomendável.
“Os exames são usados só para identificar níveis altos, o que pode indicar hiperandrogenismo, geralmente associado a condições como tumores ovarianos, problemas nas glândulas suprarrenais ou síndrome dos ovários policísticos. Fora isso, não há justificativa para a realização do exame. Se alguém afirmar o contrário, pode desconfiar”, esclareceu Maria Celeste.
Sem aprovação da Anvisa
Atualmente, não existe no Brasil nenhuma formulação de testosterona aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso em mulheres.
“A única testosterona comercialmente aprovada é para uso masculino, em uma concentração cinco vezes maior do que a que a mulher poderia usar. Como existe uma exceção de indicação para terapia do desejo sexual hipoativo, então usamos uma manipulação customizada em farmácia”, explica Machado.
Implantes hormonais
De acordo com a nota, o uso de implantes subcutâneos, os chamados “pellets”, e de fórmulas manipuladas, muitas vezes vendidas com apelos como “bioidênticas” ou “naturais”, também é desaconselhado.
Esses produtos, dizem as entidades, “têm farmacocinética imprevisível, ausência de controle de qualidade e risco aumentado de efeitos colaterais”.
O único tipo de implante hormonal que é considerado seguro e liberado no Brasil é o de levonorgestrel, aprovado como anticoncepcional.
Uso para fins estéticos ou antienvelhecimento
As entidades reforçam que não existe respaldo científico para uso de testosterona com fins estéticos, para aumento de massa magra, emagrecimento, melhora de disposição ou efeitos antienvelhecimento.
Relação entre testosterona e o desejo sexual hipoativo
A TDSH é a única recomendação existente para o uso de testosterona. Mas a indicação do hormônio não é tão simples. Antes de qualquer intervenção, é necessário avaliar uma série de fatores que também podem influenciar o desejo sexual.
“A paciente pode estar passando por um luto, dificuldades financeiras, problemas relacionais ou questões de saúde mental. Também é importante considerar um histórico de violência sexual”, exemplificou a mastologista Rosemar Macedo, presidente da Comissão Nacional Especializada em Mastologia da Febrasgo.
Além disso, o uso só deve ser considerado se a paciente já estiver fazendo reposição com progesterona e estrogênio (ou apenas estrogênio, no caso das mulheres sem útero), uma vez que esses hormônios também desempenham papel importante na regulação da libido. Na maioria das vezes, usá-los já resolve o problema. A testosterona deve ser a última opção, segundo Rosemar.
Quais os riscos?
Não há discordância entre os especialistas de que a testosterona pode proporcionar uma sensação de bem-estar, mesmo quando não é usada da melhor forma. Os músculos crescem, a libido aumenta – nada disso é questionável. Mas a conta chega – e muitas vezes, de forma silenciosa.
Os riscos incluem o comprometimento do fígado, aumento do colesterol e da pressão arterial, além de possíveis eventos trombóticos e cardiovasculares sérios, como arritmias, infartos e AVCs.
“Por isso as sociedades médicas reforçam que não há respaldo para usar testosterona com essas finalidades estéticas ou de performance”, ressalta Macedo.
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