Política

Aparte: são enormes as diferenças entre Bolsonaro e bolsonarismo

Da Redação
Publicado em 2 de maio de 2024 às 21:40

2024 jair bolsonaro

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

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Não é ser agressivo, mas realista: Jair Bolsonaro é uma figura grotesca. 

Por um alinhamento histórico, personificou um sentimento disperso que estava adormecido, entranhado ou à espera de liderança pelo país. 

Outra coisa – bem diferente – é o bolsonarismo, que catalisa um rol de desapontamentos, decepções e até revoltas de uma fatia expressiva de brasileiros, adicionado ao pensamento político-ideológico de direita. 

Passados praticamente 16 meses dos deploráveis fatos ocorridos em Brasília – com tentativa de golpe de estado -, os ditos poderes constituídos parecem já ter esquecido (novamente) sucessivos avisos emitidos desde o ano de 2013 pelas ruas do país.

Em escala preocupante, as práticas corporativistas e clientelistas se sucedem, numa escalada que reverbera no governo de plantão e dissemina as bases para o enfrentamento no processo eleitoral de 2026, novamente polarizado e com um ´caldo de indignação´ que fortalece a cada dia o genericamente chamado bolsonarismo.

Não é à toa que se sucedem pelo país as movimentadas visitas do ex-presidente Jair Bolsonaro, cujas práticas temerárias, notadamente no setor da saúde pública, mereceriam, em ambiente normal, a aversão e a repulsa incondicionais. 

O que se observa, em torno do ´capitão´, são mobilizações apaixonadas e com crescente sentimento de revanche eleitoral e social, o que é péssimo para um país no qual a injustiça social de tão desmedida e evidente serve de causa para quem sempre ´lhe deu causa´. 

Com ou sem Bolsonaro nas urnas em 2026, o que se desenha é uma disputa novamente irracional, superficial, com a predominância de temas que não integram o leque de nossas prioridades e mais urgentes desafios, o que ensejará escolhas insensatas, temperamentais ou até mesmo vingativas.

O presidente Lula tem o desafio ou mesmo a possibilidade de, em pouco mais de dois anos, atuar para evitar essa escalada de radicalismos.

A ele caberia liderar essa iniciativa. Mas é forçoso reconhecer, de um lado, que a tarefa está muita acima do eventual voluntarismo de um homem só, e do outro, que remanescem dúvidas se existe a sua real intenção de conter e tentar neutralizar a atual polarização política e ideológica.

Enfim, caminhamos, como nação, para um estágio gradualmente temerário de automutilação, envolvido em disputas ´tribais´ por conta da insensibilidade e miopia de nossas atuais elites dirigentes e devido aos que se utilizam da democracia como forma de golpeá-la. 

Enquanto o mundo se espanta, mas absorve e embarca na era da inteligência artificial, nós por aqui ainda não conseguimos que nossas crianças interpretem um simples texto ou realizem as quatro operações elementares de matemática.

“À beira de um precipício só há uma maneira de andar para frente: é dar um passo atrás”, ensinou Michel de Montaigne, filósofo francês.

Deus tenha piedade deste “país tropical”, abençoado por Ele “e bonito por natureza”, como canta Jorge Ben Jor. 

*notas da coluna Aparte, assinada pelo jornalista Arimatéa Souza

Para ler a edição completa desta quinta-feira, acesse aqui: 

Aparte: As lições se esvoaçaram no Brasil (paraibaonline.com.br) 

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