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A organização criminosa suspeita de influenciar eleições em João Pessoa, também atuava em um esquema ilegal na marcação de exames e consultas na Secretaria Municipal de Saúde da capital, conforme apurou a Polícia Federal (PF).
Conforme a investigação da Operação Território Livre, a ex-diretora de Atenção à Saúde da cidade, Alline Grisi, exonerada na última segunda-feira (10), explica, em conversas, como o esquema funcionava, elaborado para permitir que candidatos a vereadores fizessem indicações de pessoas com exames e consultas pendentes na marcação, passando na frente de outras pessoas que estariam na fila regular de agendamentos.
“Essa espécie de regulação paralela de exames e consultas teria o intuito de ser moeda de troca para angariar votos e apoio político na campanha eleitoral dos candidatos apoiados pela gestão municipal atual”, informou a PF.
Ainda de acordo com a Polícia Federal, o esquema seria operacionalizado da seguinte forma:
– O candidato a vereador promete resolver questões relacionadas a marcação de exames durante visita na casa dos eleitores em troca de voto e apoio político;
– O candidato, ou alguém de sua confiança, levaria os pedidos em um envelope até a equipe de servidores da Prefeitura Municipal de João Pessoa destacada para atender essas demandas, que seria chefiada por Alline Grisi;
– Em seguida, esses pedidos furam a fila ordinária e são marcados de imediato.
Uma conversa de Alline Grisi com Lauremília Lucena, primeira-dama de João Pessoa, detalhada pela PF, mostra que a ex-servidora encaminha um áudio, que seria de uma de suas subordinadas, para Lauremília falando sobre um candidato a vereador.
Na conversa, Alline Grisi diz que o áudio encaminhado é de uma “menina da marcação” (pessoa responsável por receber os pedidos dos vereadores e proceder a marcação dos exames) e que um candidato a vereador estaria enviando demandas, ou seja, pedidos de marcação de exames e consultas pelo celular, alertando que este não seria o meio combinado para repassar esses pedidos.
No áudio, a subordinada de Alline Grisi questiona se o candidato mencionado iria enviar os pedidos em um envelope, deixando claro que este seria o meio acertado para o envio dessas demandas.
Em resposta sobre o assunto, a prefeitura de João Pessoa declarou que “não reconhece nem admite qualquer iniciativa que busque interferir na regulação de pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Tal conduta é incompatível com o serviço público e não será aceita ou tolerada pela atual gestão”. Na nota, “o prefeito destaca que, em 5 de junho deste ano, o secretário de saúde do município publicou uma portaria que criou a ‘COMISSÃO DE IMPLANTAÇÃO DE PROTOCOLOS DE REGULAÇÃO AMBULATORIAL EM SAÚDE’. A comissão tem, entre outras responsabilidades, a função de ‘estabelecer critérios claros e objetivos para a regulação dos serviços de saúde ambulatorial, garantindo o acesso equitativo e oportuno da população aos serviços”. Desde então, todos os procedimentos regulados passam por análise técnica de uma comissão formada por seis médicos, que tem como objetivo garantir o acesso mais rápido a urgências e a pacientes em risco iminente de morte'”.
*Com informações do G1 PB
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