Paraíba

No Sertão: nova espécie de cupim é descoberta e homenageia Catolé do Rocha

Da Redação com Secom/PB
Publicado em 16 de outubro de 2025 às 15:18

novo cupim

Foto: Secom/PB

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Uma pesquisa financiada pelo Governo da Paraíba, por meio da Fundação de Apoio à Pesquisa da Paraíba (Fapesq), e o Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) identificou uma nova espécie de cupim em Catolé do Rocha, Sertão do estado.

Os cupins desempenham um papel ecológico crucial (a grande maioria de suas espécies), atuando como decompositores de matéria orgânica, majoritariamente vegetal, participando ativamente da ciclagem de nutrientes no solo, importante para a fertilidade e crescimento das plantas.

O Triclavitermes catoleensis, que recebeu esse nome em homenagem ao município, é uma das espécies da Caatinga que faz esse trabalho essencial. A pesquisa foi desenvolvida por pesquisadores do Laboratório de Termitologia (LabTermes) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Segundo o coordenador da pesquisa, Prof. Dr Alexandre Vasconcellos, a descrição de uma nova espécie é importante ao preencher lacunas no conhecimento sobre a diversidade e distribuição da fauna de cupins no Brasil, nesse caso em especial, no Semiárido nordestino.

Assim, torna-se possível aumentar o número de espécies conhecidas e mapeadas no Brasil, que apresenta uma das maiores biodiversidades do mundo, mas ainda insuficientemente estudada.

“Ao divulgar essa descoberta, destacamos a riqueza e a singularidade da biodiversidade da Caatinga e reforçamos a necessidade urgente de conservar os ecossistemas únicos nela existentes”, observou.

A principal diferença desse cupim para os cupins “domésticos” é o hábito de vida. Enquanto os cupins que causam prejuízos em áreas urbanas são, em geral, espécies que se alimentam de material celulósico utilizado nas cidades (madeira de construção, móveis, papel, etc.), o Triclavitermes catoleensis é uma espécie tipicamente silvestre e nativa da Caatinga, e não possui potencial de praga urbana.

Ele tem um importante papel ecológico no bioma, visto que se alimenta de detritos vegetais em decomposição, sobretudo húmus, melhorando a fertilidade do solo em seu ambiente natural, o que o torna um importante personagem da fauna da Caatinga.

O gênero recebe esse nome em referência a ornamentação da armadura de sua válvula entérica, estrutura intestinal do cupim fundamental para a sua identificação, e que lembra clavas de armas medievais.

Até o momento, o Triclavitermes catoleensis foi identificado e descrito com base em coleta realizada ao longo de várias expedições de campo em diferentes localidades da Paraíba e de outros estados do Brasil, em 15 municípios de vários estados do Nordeste brasileiro (Paraíba, Pernambuco, Piauí, Ceará e Bahia).

O município de Catolé do Rocha, foi o escolhido para ser a localidade-tipo da espécie, ou seja, o local geográfico específico onde o exemplar que serviu de base para a descrição da nova espécie foi coletado.

Em Catolé do Rocha, as coletas foram realizadas no Monte Tabor (ponto turístico do município), pequeno fragmento de mata relativamente conservado que fica situado dentro da cidade. Essa descoberta evidencia o quanto esses fragmentos de mata ainda têm o potencial para novas descobertas científicas e reforça sua importância para a manutenção da diversidade.

Todo esse material está depositado na Coleção de Térmitas da UFPB, que reúne resultados de estudos realizados por alunos e pesquisadores há mais de 30 anos. Nesses estudos, o método utilizado para a coleta dos indivíduos foi principalmente manual, onde os pesquisadores inspecionaram áreas de solo, troncos caídos, galhos, folhas secas e cupinzeiros em parcelas definidas em cada uma das localidades.

Após serem encontrados, os cupins foram coletados e preservados em álcool etílico (etanol) 85%, para manter a integridade das estruturas morfológicas, cruciais para a descrição de suas características.

Após a coleta, as atividades passaram a ser desenvolvidas em laboratório, onde foram analisadas características morfológicas detalhadas dos indivíduos, utilizando microscopia e realizando comparações entre as estruturas de várias espécies, inclusive já conhecidas.

Dentre essas estruturas, foram avaliadas características da cabeça, pernas e, principalmente, do intestino. Após todo esse processo, os pesquisadores concluíram que se tratava de um novo gênero e espécie de cupim, nunca antes descrito.

“Todo esse estudo só se torna possível dada a existência de uma coleção científica, que permite que os indivíduos permaneçam preservados por anos até serem estudados mais minuciosamente, e resultarem em artigos científicos”, frisou Alexandre Vasconcellos.

A primeira amostra de Triclavitermes catoleensis foi coletada no ano 2000, no distrito de São José da Mata, em Campina Grande, e, somente após 25 anos, foi utilizada na descrição da espécie. “Isso mostra a importância das coleções científicas para o conhecimento do patrimônio biológico existente no planeta”, disse ele.

“A Caatinga, com sua flora e fauna únicas, merece mais atenção e proteção. A descoberta desta nova espécie de cupim nos mostra que a biodiversidade da Caatinga é muito mais rica e complexa do que imaginamos”, observou Alexandre. Além dele, participaram da pesquisa Renan Rodrigues Ferreira, Antônio Carvalho, Emanuelly Félix de Lucena e Rozzanna Esther Cavalcanti Reis de Figueiredo.

 

 

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