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Nariz escorrendo, espirros frequentes e tosse são sintomas comuns durante o outono, mas nem sempre indicam a mesma coisa. Com a chegada da estação, as doenças respiratórias tornam-se mais frequentes e cresce a confusão entre os quadros de origem alérgica e aqueles causados por infecções, como gripes e resfriados.
“O outono é uma estação marcada por grandes oscilações de temperatura. Para quem já tem inflamações nas vias aéreas, isso representa uma ameaça porque pode favorecer tanto quadros alérgicos quanto infecciosos”, afirma Fátima Rodrigues Fernandes, presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai).
Durante esta época do ano, o ar também fica mais seco, o que dificulta a dispersão de poeira, poluentes e microrganismos. Com mais partículas depositadas na atmosfera, aumenta a possibilidade desses materiais serem inalados.
Para completar, com temperaturas mais baixas, os indivíduos tendem a ficar em ambientes fechados e mais próximos uns dos outros. “(Isso) favorece a propagação de vírus e bactérias que causam essas doenças, desde vírus comuns até SARS-CoV-2 ou influenza”, diz Sandra Guimarães, pneumologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Doenças alérgicas
Indivíduos com asma, rinite, sinusite ou outras doenças respiratórias alérgicas costumam ter manifestações com maior frequência durante o outono. Isso acontece tanto pela menor dispersão de partículas quanto pelas condições climáticas.
A maior secura do ar, por exemplo, pode levar ao ressecamento das mucosas, o que gera quadros de desconforto, obstrução nasal e, em casos mais graves, sangramentos.
Sandra explica que, quando o ambiente está seco, poluído ou cheio de partículas irritantes, como poeira ou alérgenos, o sistema respiratório ativa mecanismos de defesa naturais para proteger as vias aéreas: aumenta a produção de muco (o que deixa o nariz escorrendo) e envia mais células inflamatórias para pontos vulneráveis, como o nariz e os seios da face.
Elas ajudam a combater agentes agressores, mas também podem causar sintomas típicos de rinite.
Rinite
Segundo a Asbai, a rinite alérgica é mais comum após os 2 anos de idade e atinge cerca de 26% das crianças brasileiras. Em adolescentes, esse percentual chega a 30%. Os sintomas incluem coceira frequente no nariz e/ou nos olhos, espirros seguidos, principalmente pela manhã e à noite, coriza frequente e obstrução nasal.
Asma
A asma acomete cerca de 10% da população brasileira, de acordo com a Asbai. Os sintomas incluem falta de ar, chiado no peito, tosse, sensação de aperto no peito e, dependendo da gravidade da doença, limitação para atividades diárias.
Sinusite
A sinusite é a inflamação dos seios da face, também chamados de seios paranasais, um conjunto de cavidades ósseas localizadas na face que se comunicam com o nariz. Os sintomas mais comuns são congestão nasal; secreção nasal amarelada; sensação de peso ou de dor na face; tosse noturna; dor de cabeça; sensação de secreção que escorre por trás do nariz (gotejamento pós nasal); diminuição do olfato e sensação de ouvido “tampado”.
Grupos mais vulneráveis
“Quanto mais inóspito o meio ambiente, mais sintomáticos ficamos Nesse contexto, pessoas que tendem a ser mais sensíveis, como os asmáticos, ficam mais sintomáticas nesta época, e o número de infecções das vias aéreas superiores cresce exponencialmente”, afirma a pneumologista.
Tabagistas também costumam ser afetados nesse cenário. “Quem fuma tem uma inflamação contínua. Não só das vias aéreas, mas da mucosa oral e nasal. Quando você soma isso a uma alteração climática e à secura do ar, leva ao desencadeamento de crises de bronquite, asma e rinite”, explica Sandra.
Crianças, idosos e pessoas que já sofrem com doenças pulmonares são os mais vulneráveis, ressalta Maria Vera Cruz, pneumologista do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE). Isso se aplica tanto às doenças alérgicas quanto às infecciosas. “Quando esses pacientes são infectados por algum vírus, a chance de complicação ou de um quadro mais prolongado é muito maior.”
Doenças infecciosas
Os sintomas de doenças infecciosas comuns nesta época do ano podem ser parecidos com os de doenças alérgicas, mas há algumas diferenças sutis. “Quando você tem um quadro alérgico, ele não causa muitos sintomas físicos: mal-estar, falta de apetite, fraqueza. No caso das doenças alérgicas, o indivíduo vai apresentar mais fluido nasal, espirros, chiado”, observa Maria.
O diagnóstico, porém, sempre demanda uma avaliação especializada “Cada pessoa tem sua própria capacidade de defesa e uma maneira particular de interagir com esses patógenos. Alguns são menos agressivos, enquanto outros desencadeiam reações imunitárias mais intensas”, destaca Sandra.
“Os exemplos mais comuns são o SARS-CoV-2 e a influenza A, que, além de muito contagiosos, podem causar reações de defesa no parênquima pulmonar, formando processos inflamatórios ou pneumonias, o que representa risco à vida dos pacientes”, continua.
O início das infecções é bastante semelhante ao que ocorre com outros vírus, como adenovírus, rinovírus e parainfluenza. A principal diferença é que os sintomas desencadeados por estes patógenos são autolimitados, duram de 2 a 3 dias e o quadro é chamado de resfriado.
“Já a influenza, por ser mais agressiva, pode durar de 5 a 7 dias e provocar mais inflamação e sintomas, sendo, por isso, chamada de gripe. Febre alta, tosse persistente e falta de ar são sinais de alerta que indicam a necessidade de avaliação médica presencial e intervenções precoces”, explica Sandra.
O recomendado é observar o grau dos sintomas. “Se, ao invés de melhorar, eles começam a se agravar, é preciso procurar assistência médica para o diagnóstico correto”, orienta Fátima.
Orientações
Sandra destaca que estar com a carteira vacinal atualizada e manter cuidados básicos de higiene pessoal são fundamentais para atravessar o outono e o inverno sem grandes problemas respiratórios.
Evitar ambientes mal ventilados e/ou com muitas pessoas e o contato com indivíduos sintomáticos são outras medidas ressaltadas pelas especialistas. “Orientamos bastante as mães. Se a criança tiver algum sintoma – febre, coriza, tosse – não deve ir para a escola até se recuperar. Isso, quando possível, também vale para os adultos”, frisa Fátima.
“Outro ponto é o repouso. O organismo está sendo invadido por algum patógeno externo. Ele precisa guardar força para se defender através dos anticorpos”, ensina.
Reforçar a hidratação, principalmente de crianças e idosos, também é importante, assim como manter uma dieta equilibrada e variada. “Quanto mais hidratada a mucosa, melhor funciona o seu aparelho respiratório.”
* Por Gabriel Damasceno (agestado conteúdo)
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