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Foto: Leonardo Silva/ParaibaOnline
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O bairro das Malvinas, atualmente o mais populoso de Campina Grande, com mais de 40 mil habitantes, tem sua origem marcada por uma intensa disputa por moradia no início dos anos 1980. A história foi relembrada pelos historiadores Ida Steinmuller e Vanderley de Brito no quadro “Memória” da Rede Ita, repercutido na Rádio Caturité FM.
De acordo com os historiadores, o conjunto habitacional Álvaro Gaudêncio de Queiroz começou a ser construído no início da década de 1980, através da Companhia Estadual de Habitação Popular (Cehap), com recursos do governo federal, durante a gestão do então governador Wilson Braga. O objetivo era atender à crescente demanda habitacional da cidade, erguendo 3.050 residências em uma área distante e ainda pouco habitada, anteriormente conhecida como Mata de Dona Merquinha.
No entanto, a entrega das casas foi adiada, gerando incerteza entre os cadastrados no programa. Com receio de perderem as moradias, alguns habitantes decidiram invadir as casas, mesmo sem infraestrutura básica, como água, esgoto e energia elétrica. A ocupação cresceu rapidamente, atraindo outros inscritos e até pessoas que não faziam parte do programa habitacional.
Leonardo Silva/ParaibaOnline
A resposta do governo foi a tentativa de conter as invasões com a instalação de cercas de arame farpado e o bloqueio do acesso ao conjunto. A polícia passou a impedir a entrada de parentes e visitantes que levavam água e alimentos aos ocupantes. “Foi um período de muita tensão, com as famílias sitiadas, vivendo no escuro e sem condições mínimas”, explicaram os historiadores.
A repercussão da ocupação tomou os noticiários locais e mobilizou diversas entidades, como a Igreja Católica, sociedades de amigos de bairro e políticos, incluindo o então prefeito Enivaldo Ribeiro, que desafiou o cerco policial enviando carros-pipa para abastecer os moradores. O movimento ficou conhecido como “Invasão das Malvinas”, em referência à guerra entre Reino Unido e Argentina pelo arquipélago das Ilhas Malvinas, que acontecia naquele momento.
Diante da pressão popular e do impacto político da situação, o governo estadual recuou. A polícia foi retirada, e os ocupantes foram cadastrados como proprietários legais das moradias. Com isso, o conjunto habitacional passou a ser oficialmente chamado de Bairro das Malvinas, nome que carrega até hoje a marca da luta de seus primeiros moradores.
Atualmente, Malvinas é um bairro consolidado, com ampla infraestrutura, incluindo escolas, creches, hospitais, supermercados e uma forte rede comercial, sendo um dos mais dinâmicos de Campina Grande.
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