Paraíba

Fred Ozanan: Campina guardará fragmentos da minha alma e da minha inspiração

Da Redação*
Publicado em 7 de novembro de 2024 às 23:04

Foto: Reprodução/Paraíba Criativa

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A Fundação Pedro Américo – que devolveu na noite da última terça-feira o belo espaço do museu construído pela UEPB no bairro do Catolé, que passa a funcionar com o nome de Museu de Arte e Ciência de Campina Grande – institui merecidamente a Medalha Fred Ozanan, realçando e reconhecendo um artista que leva (e eleva) positivamente o nome da cidade Brasil e mundo afora. 

O próprio Fred (atual colaborador do ParaibaOnline) foi condecorado com a Medalha que leva o seu nome, assim como o ex-reitor da UEPB, Rangel Júnior, e o empresário Dalton Gadelha, presidente da Fundação. 

O discurso de agradecimento de Fred (membro da Academia de Letras de Campina Grande) foi belo, marcante e emocionante.

Alguns trechos é o que segue.

“Gratidão! Este é o sentimento maior que me invade neste instante. É o sentimento que me invade o corpo e me toma a alma. Gratidão a Deus que concedeu um enorme talento, inversamente proporcional à vaidade, que não tenho nenhuma!

“Gratidão ampliada à Unifacisa, na pessoa da professora Gisele Gadelha, ilustre reitora desta entidade.  Ao Dr. Dalton Gadelha, presidente da Fundação Pedro Américo, através dos quais saúdo a todos.

“Gratidão a um imenso público invisível que acompanha o meu trabalho, me estimula e me força a ser um instrumento de denúncia social através do humor gráfico, usando a charge, o cartum e a caricatura.

“O homem não é uma ilha. Ele não pode conscientemente se isolar do mundo e criar para si um universo pessoal, íntimo e intransponível.

“Eu, morador de uma cidade do interior da Paraíba, distante do eixo do humor gráfico mundial, poderia ser uma ilha. Uma ilha cercada de desmotivação, de desinteresse, de dificuldades e de indiferença. Não me acomodei! No risco, transportei a ilha para um eixo.

“Quis o destino me dar forças para sobrepor obstáculos. Quis a experiência levar meus pensamentos para outros ares até descobrir que o meu lápis e a minha forma de abordar a vida poderia ajudar muita gente.

“Ao longo da minha carreira, a arte me concedeu o poder de vislumbrar novos horizontes, de viver dezenas de vidas em uma só existência. De sentir na alma a dor do outro, o desprezo, o descaso, a humilhação e, ainda assim, ter capacidade de anestesiar sentimentos através do riso, da sagacidade, da ironia e da graça.

“Não faço humor rancoroso. Não sou favorável ao humor revanchista, covarde e ferino no ponto de vista pessoal.

“Faço humor pelo humor, com consciência de que posso errar por não observar, não ouvir, não se preocupar, nunca por omissão.

“Levo o humor a sério e, não por falsa modéstia, tenho orgulho do imenso patrimônio que Deus me deu que foi a competência, a ética e o humanismo, valores que não se compram, mas que são ensinados pela vida.

“Ao longo da minha carreira, muitas foram as cidades, mas nenhuma me traz um significado tão próximo, tão íntimo quanto esta. Campina Grande é o meu eixo, é fonte que irriga de criatividade e bom humor as minhas ideias. É o chão que amo, que abriga pessoas que amo, que amei e que por certo, ainda haverei de amar.

“É a terra que consumirá o meu corpo, mas que certamente guardará, de alguma forma, fragmentos da minha alma e da minha inspiração”.

*fonte: coluna Aparte, assinada pelo jornalista Arimatéa Souza.

 

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