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Educação e Ciência
Foto: Felipe Iruatã/Folhapress
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A ascensão da inteligência artificial e o impacto da era digital no trabalho e na educação colocam o eixo “tecnologia, inteligência artificial e era digital” entre os mais cotados para a redação do Enem deste ano.
Professores ouvidos pela Folha de S.Paulo afirmam que o exame tende a explorar as implicações éticas e sociais da tecnologia, estimulando o estudante a refletir sobre o papel da inovação no futuro do país. O tema reúne atualidade, complexidade e alcance coletivo —características centrais das propostas do Enem.
Embora a tecnologia já tenha aparecido de forma indireta em outras provas, a popularização das ferramentas de IA e o debate sobre regulação e autoria digital tornam 2025 um marco. “A inteligência artificial é o fenômeno mais disruptivo do nosso tempo, capaz de transformar o mercado de trabalho e a forma de aprender”, afirma Rafael Galvão, diretor pedagógico da Rede Alfa CEM.
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POR QUE O EIXO É IMPORTANTE
A expansão da IA e das plataformas digitais mudou a forma de aprender, trabalhar e se comunicar. Para os professores, trata-se de um dos dilemas centrais da sociedade contemporânea: como conciliar inovação, ética e equidade?
“Pode-se dizer que este tema é um hit do momento. A popularização da IA tem gerado debates sobre desemprego, qualificação profissional e ética no uso da tecnologia”, afirma André Barbosa, professor de redação do Colégio Oficina do Estudante.
O exame pode explorar as dualidades do avanço tecnológico: benefícios científicos e educacionais versus dilemas éticos, precarização do trabalho, desinformação e necessidade de requalificação.
A relação entre IA e educação também deve aparecer. O uso crescente de ferramentas digitais em sala de aula exige atualização docente e revisão curricular para desenvolver pensamento crítico, criatividade e responsabilidade no uso da tecnologia.
Para Galvão, o tema pode levar o aluno a refletir sobre o modelo de ensino. “A proposta pode questionar o foco conteudista e valorizar habilidades socioemocionais e criativas”, diz.
Outra vertente é o debate sobre autoria, diante de casos recentes de uso indevido de IA em trabalhos e concursos. O eixo também envolve inclusão digital: o acesso desigual a dispositivos e à internet ainda exclui milhões de brasileiros, sobretudo idosos e pessoas de baixa renda.
COMO O TEMA PODE APARECER NA REDAÇÃO
O Enem costuma priorizar temas com impacto social direto. No caso da tecnologia e da IA, o recorte deve envolver cidadania, educação ou ética digital. Abaixo, possíveis abordagens indicadas por professores:
Tema da Redação – Escola
Desafios para garantir a autoria e a ética na produção de textos em tempos de IA – Farias Brito
Desafios para o uso ético da inteligência artificial na educação brasileira – Farias Brito
Implicações sociais e educacionais da inteligência artificial no Brasil – Poliedro
Os desafios para a preparação da sociedade brasileira frente à nova revolução industrial da IA – Alfa CEM
Os desafios para o uso da inteligência artificial no ambiente escolar brasileiro – Bernoulli
Os limites da liberdade de expressão em ambientes digitais – Oficina do Estudante
Os limites da regulamentação das novas tecnologias: privacidade e segurança – Anglo
A responsabilidade social diante dos discursos de ódio nas plataformas digitais – Poliedro
COMO ESTUDAR O TEMA
Entender o eixo tecnológico exige mais do que conhecer termos técnicos. É preciso compreender os impactos sociais, econômicos e culturais da era digital. Ler jornais, acompanhar debates públicos e discutir ética, trabalho e cidadania ajuda a construir repertório crítico.
Filmes, séries e livros que tratam de tecnologia também ampliam a visão sobre o tema. Autores como Yuval Noah Harari e Pierre Lévy ajudam a entender as transformações da inteligência artificial e suas implicações éticas e políticas.
O estudante deve ainda relacionar a IA a problemas concretos do país, como desigualdade de acesso, desinformação e desemprego tecnológico. Enxergar a tecnologia dentro das questões sociais brasileiras é o que diferencia uma redação comum de uma excelente.
Conceitos-chave
– Revolução da Inteligência Artificial – Transformação comparável às revoluções industriais anteriores, marcada pela automação de tarefas cognitivas.
– Ética Digital – Conjunto de princípios que orienta o uso responsável da tecnologia, com foco em privacidade, transparência e não discriminação.
– Soberania Digital – Capacidade de um país de definir suas próprias regras e políticas sobre dados, regulação e tecnologia.
– Inclusão Digital – Acesso equitativo a dispositivos, internet e letramento digital; essencial para reduzir desigualdades sociais.
– Autoria e Integridade Acadêmica – Discussão sobre o uso de IA em produções escolares e científicas, e o limite entre apoio e fraude.
Dicas de reportagens da Folha de S.Paulo para estudar
– Inteligência artificial é mais persuasiva que humanos em debate, diz estudo
– Inteligência artificial e o desafio regulatório brasileiro
– Empresas de IA usaram cópias piratas de livros de Paulo Coelho, Clarice e Chico
– Como serão os livros do futuro com o avanço da inteligência artificial?
– Uso de IA por estudantes desafia a escola a ir além do ensino instrumental acerca das tecnologias
– Política de data centers prevê isenção de impostos federais para big techs por um ano
Referências culturais e intelectuais sugeridas
– Yuval Noah Harari – Historiador e autor de 21 Lições para o Século 21, obra que discute os riscos da automação e o impacto da IA nas democracias.
– Pierre Lévy – Filósofo francês e referência nos estudos sobre inteligência coletiva e cibercultura.
– Edgar Morin – Sociólogo e pensador da complexidade; defende a educação voltada ao pensamento crítico e criativo.
– Marco Civil da Internet (2014) – Define princípios para o uso da rede no Brasil, como neutralidade, privacidade e liberdade de expressão.
O QUE EVITAR
Evite simplificações e opiniões genéricas. Dizer apenas que a tecnologia “traz benefícios e riscos” empobrece o texto. O Enem valoriza redações que reconhecem nuances e propõem caminhos viáveis para o uso ético e inclusivo da tecnologia.
Também é importante não tratar a IA como ameaça absoluta nem solução mágica. O equilíbrio e o embasamento em dados e exemplos concretos são diferenciais.
Este é o segundo de uma série de textos que abordam as principais apostas para o tema da redação do Enem 2025. Elas foram reunidas em oito eixos temáticos, serão detalhados com dicas de educadores sobre o motivo da escolha, como se preparar, possíveis abordagens e erros a evitar durante o estudo e a realização da redação.
*GUSTAVO GONÇALVES/folhapress
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