Economia

Tarifaço de Trump: produtores de carne dizem que tarifa inviabiliza exportação

Da Redação*
Publicado em 9 de julho de 2025 às 23:05

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Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil

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 “O clima é de caos”. É dessa forma que um representante dos produtores brasileiros de carne resumiu a situação atual, diante do anúncio feito pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% aos produtos brasileiros.

Os Estados Unidos são o segundo maior comprador de carne bovina do Brasil, só atrás da China.

No primeiro semestre deste ano, as vendas para os EUA tiveram um aumento relevante, com a receita e o volume exportado mais que dobrando em relação ao mesmo período de 2024.
O volume total exportado até junho foi de 181.477 toneladas, uma alta de 112% sobre o resultado verificado no primeiro semestre do ano passado e que corresponde a cerca de um terço de todo o volume exportado pelo Brasil em 2024 para o mundo.
A receita total de exportações de carne bovina do Brasil para os EUA no período foi de US$ 1,04 bilhão, 102% acima do alcançado entre janeiro e junho de 2024., conforme dados oficiais do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.
O preço médio praticado neste de US$ 5.732 por tonelada. Uma tarifa adicional implicaria um custo extra de cerca de US$ 2.866 por tonelada, o que levaria o custo total para algo próximo de US$ 8.600 toneladas, um nível praticamente inviável frente à concorrência, segundo representantes do setor.
Questionada sobre o assunto, a Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), entidade que representa as principais empresas exportadoras de carne bovina do Brasil, declarou que qualquer aumento de tarifa sobre produtos brasileiros representa um entrave ao comércio internacional e impacta negativamente o setor produtivo da carne bovina.
“A Abiec reforça a importância de que questões geopolíticas não se transformem em barreiras ao abastecimento global e à garantia da segurança alimentar, especialmente em um cenário que exige cooperação e estabilidade entre os países”, declarou.
A associação afirmou que segue atenta e à disposição para contribuir com o diálogo, “de modo que medidas dessa natureza não gerem impactos para os setores produtivos brasileiros nem para os consumidores americanos, que recebem nossos produtos com qualidade, regularidade e preços acessíveis”.
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) convocou uma reunião de última hora nesta quarta-feira (9) com ministros para discutir a decisão do presidente dos Estados Unidos.
Estão presentes os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), além do vice-presidente Geraldo Alckmin.
Trump concretizou sua ameaça e anunciou nesta quarta o aumento das tarifas a produtos importados do Brasil para 50%. O país, até então, tinha ficado com a sobretaxa mais baixa, de 10%, nas chamadas tarifas recíprocas, anunciadas pelo republicano em 2 de abril.
Caso não haja uma revisão do cenário, exportadores brasileiros tendem a redirecionar parte do volume para outros mercados, como China, Hong Kong, Egito e Emirados Árabes.
O represamento de carne que deixaria de ser exportada também pode gerar um excedente no mercado interno, barateando os preços no Brasil.
A FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária) também reagiu com preocupação sobre o assunto. Por meio de nota, afirmou que a medida “representa um alerta ao equilíbrio das relações comerciais e políticas entre os dois países”.
“A nova alíquota produz reflexos diretos e atinge o agronegócio nacional, com impactos no câmbio, no consequente aumento do custo de insumos importados e na competitividade das exportações brasileiras”, declarou a frente da bancada ruralista.
Diante desse cenário, a FPA defende uma resposta firme e estratégica: é momento de cautela, diplomacia afiada e presença ativa do Brasil na mesa de negociações. A FPA reitera a importância de fortalecer as tratativas bilaterais, sem isolar o Brasil perante as negociações.
A diplomacia é o caminho mais estratégico para a retomada das tratativas”, afirmou a frente.

*ANDRÉ BORGES/folhapress

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