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Correios anunciam PDV para funcionários e empréstimo

Da Redação*
Publicado em 15 de outubro de 2025 às 16:57

entregas correios

Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

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O presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, confirmou nesta quarta-feira (15) a negociação de um empréstimo de R$ 20 bilhões para recuperar o caixa da companhia, como revelou a Folha de S.Paulo.

Ele também anunciou um plano de reestruturação que inclui novo PDV (programa de demissão voluntária), venda de imóveis, renegociação de contratos e busca por novas fontes de receitas. Segundo ele, as medidas de ajuste devem permitir que a empresa volte a ter lucro em 2027.

Em sua primeira entrevista coletiva desde a posse, ocorrida em 26 de setembro, Rondon afirmou que as ações adotadas pela gestão anterior foram emergenciais e que, agora, o foco é implementar medidas estruturais, para alcançar a sustentabilidade da empresa no médio e longo prazo.

“Elas serão feitas em uma magnitude maior do que foram feitas no passado recente, para cumprir a função de restauração da empresa. Mas são medidas de curto prazo, virão acompanhadas de outras medidas que a gente ainda está desenhando”, disse.

O executivo não especificou metas de redução de despesas, nem indicou quanto os Correios podem obter em novas receitas. Segundo ele, os números estão sendo debatidos dentro da companhia e também com os bancos que concederão o empréstimo, uma vez que o ajuste bem-sucedido é o que dará à empresa os recursos necessários para honrar a operação.

“Não temos detalhes para poder falar qual vai ser a composição exata do aumento de receita e da redução de despesa. Mas é dentro de um critério para a gente poder ter a operação de forma sustentável”, disse.

Segundo Rondon, o empréstimo de R$ 20 bilhões é uma “ponte para a nova situação dos Correios” no futuro, uma maneira de resolver o problema de caixa da companhia, que enfrenta dificuldades para pagar fornecedores.

O dinheiro será usado para cobrir o rombo no caixa, custear as novas medidas, como o PDV, e quitar o empréstimo de R$ 1,8 bilhões contratado no primeiro semestre deste ano e cujas parcelas vencerão entre janeiro e junho de 2026.

Como mostrou a Folha de S.Paulo, a nova operação está sendo articulada com Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e bancos privados. BTG Pactual, Citibank e ABC Brasil, que já são credores dos Correios pelo empréstimo anterior, participam das conversas.

As discussões do plano para socorrer os Correios se aceleraram após a troca de comando na empresa, agora chefiada por Emmanoel Schmidt Rondon, funcionário de carreira do Banco do Brasil. Ele é tido como alguém de perfil técnico e focado em gestão. A leitura no governo é de que, com a entrada de Rondon, houve mais espaço e estrutura técnica para levar adiante o plano de recuperação da companhia.

Em situação financeira bastante delicada, os Correios registraram um prejuízo de R$ 2,64 bilhões no segundo trimestre de 2025. O rombo é quase cinco vezes o resultado negativo verificado em igual período de 2024, quando ficou em R$ 553,2 milhões.

No primeiro semestre, o rombo alcançou R$ 4,37 bilhões, o triplo do prejuízo de R$ 1,35 bilhão observado em igual período de 2024. O valor foi antecipado pela coluna Painel, da Folha.

Sob o argumento de sigilo empresarial, o presidente não detalhou qual é o valor do buraco no caixa dos Correios atualmente, mas citou que, no balanço encerrado em junho, havia uma diferença de R$ 5,6 bilhões entre os ativos da companhia e os compromissos a serem honrados nos 12 meses seguintes.

A situação financeira da empresa é tão grave que, segundo o presidente, já começa a afetar sua operação. Com menor eficiência e atrasos no pagamento de fornecedores, os Correios acabam perdendo contratos e, consequentemente, fontes de receitas, o que retroalimenta o ciclo negativo.

Para Rondon, a injeção de recursos por meio do empréstimo ajuda a dar liquidez neste primeiro momento e interromper esse processo. A intenção da nova gestão é resolver os passivos e renegociar contratos com os maiores fornecedores, “para adotar estrutura de custo o mais enxuta possível”.

O PDV, por sua vez, não será igual ao que já foi feito neste ano e que teve adesão de 3.500 funcionários, com economia anual estimada em R$ 700 milhões. Segundo o presidente, o programa será customizado de forma a priorizar desligamentos em áreas onde já se detectou ociosidade. Se fosse uma política ampla e linear, o risco seria haver demissões em locais onde a empresa tem demanda por maior capacidade de operação.

O executivo também citou uma possível revisão em custos com o Postalis, fundo de pensão dos funcionários da estatal, mas não citou detalhes. Desde o ano passado, o pagamento de parte do acordo feito para equacionar um rombo no Postalis contribuiu para desequilibrar o caixa da empresa.

Do lado das receitas, o executivo disse que a empresa está analisando a possibilidade de parcerias com outras companhias, mas não citou detalhes. O recém-lançado marketplace será alvo de reavaliação, para verificar se é preciso fazer algum tipo de reposicionamento.

Diante do valor significativo do socorro, opositores do governo passaram a defender a retomada dos planos de privatizar a companhia, que chegou a ser incluída no PND (Programa Nacional de Desestatização) em 2021, durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL), e foi retirada sob Lula.

Questionado se a privatização está descartada, Rondon afirmou que a discussão é sobre a reestruturação da empresa. “Isso tem uma relação a ser discutida dentro do âmbito da estratégia que a gente enxerga de soberania logística, de cumprimento da potencialização e também olhando os exemplos internacionais, que, via de regra, são muito parecidos com o que a gente tem aqui no Brasil. Se a gente fizer as melhorias que a gente entabulou, a gente tem certeza que a viabilidade financeira vai ser alcançada”, disse.

Sobre o histórico de indicações políticas para os cargos nos Correios, Rondon afirmou adotar postura técnica. “Fui chamado aqui porque eu sou um técnico, não sou político. A missão aqui é a gente adotar uma gestão técnica da empresa.”

*IDIANA TOMAZELLI/folhapress

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