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Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
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*Vídeo: ParaibaOnline
Durante o evento promovido pelo Procon Campina Grande sobre apostas esportivas, o professor Felipe Comarella Milanez, da Universidade Federal de Ouro Preto (MG), fez uma análise crítica sobre os desafios da regulação das chamadas bets no Brasil. O jurista apontou falhas na forma como as empresas informam os consumidores e alertou sobre os riscos ocultos por trás das plataformas de apostas.
Segundo Milanez, apenas fornecer informações técnicas sobre as apostas não é suficiente para garantir o pleno entendimento por parte do consumidor.
“Muitos usuários não sabem, por exemplo, o que significam as odds. Eles acham que é apenas um número que vai multiplicar o dinheiro investido, quando, na verdade, aquilo representa uma chance — muitas vezes pequena — de determinado resultado acontecer. Ou seja, o risco real está sendo omitido”, alertou.
O professor também abordou o estímulo neurológico que os jogos proporcionam, destacando o papel da dopamina na indução de comportamentos repetitivos.
“Esses jogos exploram um sistema de recompensa que vicia, da mesma forma como ocorre em outras formas de dependência”, explicou.
Ele apontou que, apesar da existência de legislações que poderiam ser aplicadas ao setor, falta articulação entre os poderes e conhecimento técnico para uma atuação mais eficaz.
Milanez defendeu que o enfrentamento do problema precisa ser multidisciplinar, envolvendo áreas como neurociência, estatística, publicidade e direito.
“Saber a lei não basta. É preciso compreender o impacto do ambiente digital, da propaganda e dos estímulos comportamentais sobre os consumidores para que possamos usar os instrumentos jurídicos de forma adequada”, afirmou.
Outro ponto levantado foi o uso de influenciadores e ídolos esportivos para promover as bets. Para ele, esse tipo de publicidade deve ser banido.
“Quando você vê um ídolo recomendando algo, você tende a confiar. Mas essa influência pode levar jovens e adultos a se exporem a riscos sérios sem perceberem”, disse.
Ao final, o professor fez um apelo para que os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário se atentem com mais responsabilidade ao tema.
“Não basta termos leis. Precisamos de boas leis, aplicadas com sensibilidade e compreensão do cenário real. E para isso, os especialistas precisam ser ouvidos”.
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