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Foto: Eduardo Knapp/Folhapress
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O tema da regulamentação de dispositivos eletrônicos para fumar, como cigarros eletrônicos e produtos de tabaco aquecido é, para Branko Sevarlic, CEO da Philip Morris Brasil, uma questão de saúde pública, como forma de redução de danos.
O executivo foi entrevistado pela agência de notícias Folhapress sobre esse e outros temas.
Confira trechos dessa conversa.
A Philip Morris adotou uma estratégia para eliminar gradualmente a venda de cigarros convencionais. Isso é, de certa forma, curioso, pois a empresa tem a Marlboro, que é uma marca líder do mercado. A Philip Morris também afirma que está promovendo ativamente um futuro sem fumaça. Por que tomar tal decisão?
Porque agora podemos. Porque a ciência hoje mostra que produtos de nicotina sem combustão são uma alternativa muito melhor do que cigarros, tanto em termos de produção quanto de operação.
Agora você pode fabricar esses produtos em escala, e, agora, bem, não exatamente agora, talvez há 10 anos quando começamos, foi possível desenvolver esses produtos que os consumidores adotarão na forma como vemos, de redução de danos do tabaco.
Esses produtos precisam ser adotados por fumantes adultos, e essas pessoas precisam migrar para eles a fim de criar a equação de redução de danos do tabaco. Então, agora temos a ciência, temos o produto, temos a vontade.
A Philip Morris considera abandonar a marca Marlboro?
Marlboro sempre fará parte da PMI. Da história, e do presente da PMI, e o futuro dirá como isso vai evoluir.
No Brasil, no entanto, entre todos os produtos de tabaco disponíveis, cigarros tradicionais ainda dominam o mercado. Qual é a estratégia da empresa para o país?
Você está absolutamente certa. Infelizmente, no Brasil, o único produto de nicotina que você pode vender legalmente é o produto mais prejudicial, que são os cigarros, os cigarros combustíveis. Nosso objetivo não é diferente do nosso objetivo global, que é um mundo sem cigarros.
Mas, no Brasil, estamos na etapa em que queremos fornecer informações suficientes para órgãos reguladores e legislativos sobre as alternativas ao fumo de cigarros e sobre as melhores práticas internacionais que temos em todo o mundo.
O sr. se refere ao Zyn? A FDA autorizou a comercialização do Zyn no início deste ano nos EUA. Foi permitido devido ao seu nível substancialmente menor de substâncias nocivas em comparação com cigarros tradicionais, segundo a agência.
Estamos muito orgulhosos da autorização do FDA para o Zyn, que claramente, textualmente, como você disse, afirma que esses produtos demonstraram ter substancialmente menos carcinógenos potencialmente prejudiciais em comparação com o fumo contínuo de cigarros. E não é apenas esse produto que oferece isso. O Iqos passou por uma pesquisa semelhante e rigorosa pelo FDA, e obteve aprovação em 2020 [como um produto de risco modificado].
Então, a empresa pretende buscar uma aprovação regulatória do produto no Brasil também?
Estamos ansiosos para fornecer informações suficientes aos órgãos reguladores e órgãos legislativos, como o Congresso Nacional, para entender todas as informações sobre redução de danos do tabaco, sobre produtos sem fumaça, as diferentes categorias, porque são melhores do que o uso contínuo de cigarros, e por que provaram ser bem-sucedidos em muitas jurisdições ao redor do mundo. Então, esperamos que eles tomem a decisão de aprovar todas essas categorias no Brasil.
O tabaco aquecido é uma das principais apostas da Philip Morris, e um produto que a empresa quer trazer para o Brasil. Temos, porém, uma questão regulatória. Assim como vapes, esses produtos não estão autorizados para venda. Como o sr. avalia a decisão mais recente da Anvisa de manter a proibição para esta categoria no país?
Obviamente nós, como empresa, temos total respeito por bases regulatórias como a Anvisa. Mas acho que essa decisão não levou em conta o conjunto completo de informações científicas sobre produtos sem fumaça, não levou em conta as melhores práticas alcançadas em diferentes mercados ao redor do mundo, e não levou em conta a contribuição do povo brasileiro também.
Acho que 60% de todas as pessoas que participaram da audiência pública sobre este tema foram a favor da regulamentação desses produtos. Então, acho que essa decisão não aproximou o Brasil de parar de ter cigarros. Na verdade, recuou um pouco.
Em 2015, o Japão foi um dos primeiros países a regulamentar os produtos de tabaco aquecido, e foi lá que lançamos nossa marca Iqos, e adotamos os produtos sem fumaça. Assim, em 2022, em comparação com 2015, o país registrou uma redução de 46% na prevalência do tabagismo. Em sete anos, o Japão praticamente reduziu pela metade a quantidade de fumantes.
Defensores da autorização desses produtos no Brasil frequentemente citam o CDC [Centros de controle e prevenção de doenças dos EUA], que afirma que os aerossóis produzidos por produtos de tabaco aquecido geralmente contêm níveis mais baixos de ingredientes nocivos e o NHS, que recomenda o vape como uma ferramenta para parar de fumar. Nesse sentido, o sr. acredita que a Anvisa está falhando em reconhecer o crescente número de evidências a favor deste produto?
Acho que o crescente número de evidências está, dia a dia, apenas aumentando. E acredito que, mais cedo ou mais tarde, a Anvisa reconhecerá esses benefícios e regulamentará esses produtos para o benefício de mais de 20 milhões de fumantes adultos no Brasil e suas famílias.
Então, por enquanto, está basicamente falhando?
Bem, acho que eu não classificaria ou qualificaria desta forma, mas os fumantes adultos no Brasil estariam em uma posição muito melhor se tivessem acesso a produtos sem fumaça, e, mais importante, controlados e regulamentados.
Se por meio da Anvisa por enquanto não foi possível ter autorização da venda de tabaco aquecido, talvez por meio do Congresso?
Eu acho que tanto os órgãos reguladores quanto legislativos, como o Congresso Nacional, têm um papel a desempenhar. E quero acreditar que eventualmente haverá decisões conjuntas entre eles ou um consenso sobre a necessidade de regulamentar esses produtos. Mas, seja um, seja outro, isso criará um impacto positivo significativo para a saúde pública, para a economia, e também para a segurança pública.
São estimados cerca de quatro milhões de usuários de vape no Brasil. Estes usuários estão usando produtos ilegais. Esses produtos não são controlados, não têm controle sanitário, não têm controle de qualidade, não têm controle comercial. Então, ninguém sabe o que está dentro.
As pessoas que os estão usando, estão potencialmente se colocando em perigo. E há apenas um grupo no Brasil que se beneficia disso, que é o crime organizado. A cada ano, dezenas de bilhões de reais vão para os seus bolsos e prejudicam ainda mais a segurança pública, que acredito ser um tema muito importante para o Congresso Nacional.
Então, o sr. acredita que a aprovação de cigarros eletrônicos é um assunto básico de saúde pública?
Entre outros. Mais importante, obviamente, acho que é o aspecto de saúde pública. Vamos dar o exemplo da Suécia. Na Suécia, a população adulta total que usa cigarros é de 5%. E em grande parte é porque eles têm uma longa história de produtos sem fumaça.
No caso da Suécia, são os sachês de tabaco chamados Snus, ou sachês de nicotina. Eles trabalharam sistematicamente para mover fumantes desses produtos com fumaça, fumantes de cigarros que não querem parar, para um produto sem fumaça. E, como resultado, eles têm 41% menos incidência de câncer do que a média da Europa. Então, acho que esse exemplo é muito claro de que isso é absolutamente uma questão de saúde pública.
*Victoria Damasceno/Folhapress
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