Continuando a “série” de colunas sobre a utilização de IA (Inteligência Artificial) em diversos setores da economia e da atividade humana, chegou a vez de discorrer sobre o “uso de IA na Indústria e no setor de Serviços”. Destaco que os textos desta série não têm a preocupação de ser “tecnicamente profundos” e sim, despertar o interesse para o tema.

A IA tem desempenhado um papel fundamental na modernização da indústria e do setor de serviços, impulsionando ganhos de eficiência, facilitando a automação e a tomada de decisão dos dirigentes, com base na utilização dos grandes volumes de dados gerados/disponíveis nestes segmentos.

O uso de técnicas avançadas, como Aprendizado de Máquina, Visão Computacional (tecnologia que as “máquinas usam” para reconhecer imagens de forma automática) e PLN (Processamento de Linguagem Natural), tem permitido que empresas industriais e de serviços, aprimorem seus processos oferecendo soluções mais ágeis e precisas.

No “chão de fábrica”, a IA é amplamente utilizada para automação de processos fabris, por meio de “robôs inteligentes” equipados com sensores especializados e sistemas de controle autônomos. Algoritmos são aplicados na análise de dados de produção, visando eficiência na “manufatura”, redução de desperdícios de matéria prima e na melhoria da qualidade dos produtos. Além disso, técnicas de visão computacional permitem inspeções automatizadas, identificando defeitos com maior precisão do que métodos tradicionais.

Tudo isso tem propiciado a implantação (cada vez em maior número) de plantas industriais que trabalham no “escuro” (sem iluminação), afinal diferente dos humanos, “robôs” não precisam “ver o que estão fazendo”.

A Manutenção Preditiva (técnica que utiliza ferramentas de análise de dados para detectar anomalias no funcionamento e possíveis defeitos nos equipamentos, antes que a falha aconteça) é outra aplicação essencial da IA na indústria. Sensores baseados em IoT (Internet of Things – “Internet das Coisas”) coletam dados operacionais dos equipamentos em tempo real, e algoritmos preditivos analisam essas informações, visando identificar falhas antes que ocorram.

Isso reduz o tempo de inatividade na linha de produção, aumenta a vida útil das máquinas e diminui custos de manutenção.

No próximo tópico, vou apresentar rapidamente, dois exemplos de industrias onde a IA já é imprescindível. A Automobilística e a Aeroespacial.

Uso de IA na Indústria e no setor de Serviços (II)

Nas montadoras de automóveis, a IA é amplamente utilizada para otimizar a produção e melhorar a segurança e a qualidade dos veículos. Algumas das principais aplicações incluem: Uso de “Robôs Inteligentes” (equipados com IA) que realizam tarefas complexas na linha de montagem, como soldagem, pintura e instalação e testes, de componentes sensíveis.

Esses sistemas robóticos garantem maior precisão e reduzem o risco de erros humanos; “Visão Computacional para Inspeção de Qualidade”: Câmeras e sensores alimentados por IA detectam falhas de fabricação, como imperfeições na pintura e desalinhamento de peças, garantindo padrões elevados de qualidade; “Manutenção Preditiva”: Sensores instalados nas máquinas da linha de produção, coletam dados em tempo real, permitindo que algoritmos prevejam falhas antes que ocorram. Isso reduz o tempo de inatividade dos equipamentos (incluindo os robôs), diminuindo sensivelmente os custos das manutenções corretivas e preventivas; “Otimização da Cadeia de Suprimentos”: Algoritmos preditivos analisam a demanda de peças e materiais, ajustando automaticamente, os níveis de estoque e melhorando a logística da cadeia de suprimentos (o famoso “Just in Time” – “Bem na Hora”).

Já na Indústria Aeroespacial, especialmente na fabricação e montagem de aeronaves, a IA tem sido um diferencial para aprimorar a eficiência e a segurança dos processos.

Algumas das principais aplicações (várias bem semelhantes às da Industria Automobilística) incluem: “Design e Engenharia Assistidos por IA”: Algoritmos de IA auxiliam na criação de novos projetos de aeronaves (serve também para automóveis), otimizando aerodinâmica, consumo de combustível e resistência estrutural; “Manufatura Aditiva (Impressão 3D Inteligente)”: A IA melhora os processos de impressão 3D de peças aeroespaciais, garantindo maior precisão e otimização dos materiais; “Inspeção Automatizada na Manutenção”: Sensores de “Visão Computacional” analisam componentes estruturais para identificar rachaduras, corrosão e outros defeitos antes que se tornem problemas críticos e também, sistemas de IA monitoram continuamente os motores das aeronaves, identificando padrões de desgaste e recomendando manutenções preventivas para evitar falhas catastróficas em voo.

Uso de IA na Indústria e no setor de Serviços (III)

No Setor de Serviços, a IA é aplicada em diversas frentes, desde atendimento ao cliente até gestão de processos internos. Chatbots e Assistentes Virtuais, baseados em PLN, oferecem suporte automatizado e personalizado, 24 horas por dia, respondendo perguntas frequentes, resolvendo problemas e encaminhando (por enquanto) solicitações mais complexas para atendentes humanos.

Com o avanço da tecnologia de PLN, esses sistemas conseguem interpretar e responder de maneira mais humanizada, proporcionando interações mais satisfatórias e melhorando a experiência do usuário.

Além disso, sistemas de IA analisam grandes volumes de dados para gerar insights estratégicos, permitindo a personalização de serviços e gerenciamento eficaz da alocação de recursos, com a consequente redução de custos.

E mais, a IA é capaz de analisar históricos de interações passadas, para personalizar o atendimento, antecipando as necessidades do cliente e sugerindo soluções antes mesmo que o problema seja relatado. Isso melhora significativamente a experiência do cliente e reduz a carga de trabalho das equipes de suporte.

Outro uso da IA no setor de Serviços é na “Automação de Processos Empresariais”. Essa é uma das maiores vantagens proporcionadas pela IA, pois a tecnologia de RPA (Robotic Process Automation – “Automação Robótica de Processos”) permite que tarefas repetitivas, como preenchimento de formulários, processamento de dados, emissão de faturas e gestão de documentos, sejam realizadas automaticamente.

Isso não apenas aumenta a produtividade, mas também minimiza erros operacionais, diminui custos e libera os funcionários para atividades mais estratégicas.

O setor de serviços também se beneficia da IA nas “Estratégias de Personalização e Recomendação”. Empresas de Streaming, e-Commerce (como escrevi na coluna sobre o uso de IA no Comércio Eletrônico) e Turismo, utilizam algoritmos de IA para sugerir conteúdo e novos produtos, com base nas preferências dos usuários.

Isso é possível através da análise de grandes volumes de dados, o que permite prever tendências de consumo e oferecer experiências mais alinhadas aos interesses individuais de cada cliente.

Uso de IA na Indústria e no setor de Serviços (IV)

O uso de IA é um diferencial competitivo e determinante (inclusive para a transformação digital do negócio), para as empresas que buscam estar na vanguarda da inovação e eficiência gerencial, promovendo avanços tanto na Indústria quanto no setor de Serviços.

As empresas que investem em IA estarão mais preparadas para enfrentar as demandas do mercado e oferecer soluções mais eficazes e personalizadas, aos seus clientes, fornecedores e parceiros de negócios. Entretanto, apesar das vantagens e benefícios, a adoção/uso da IA na Indústria e nos Serviços, enfrenta desafios, como a necessidade de investimentos (no presente, razoavelmente elevados) em infraestrutura computacional robusta, segurança cibernética adequada, conformidade com regulamentações de privacidade (especialmente no Brasil, em relação a LGPD – Lei Geral de Proteção de Dados) e qualificação/adaptação da força de trabalho.

Tudo isso deve ser cuidadosamente analisado e levado em consideração pelos empresários. Com a evolução das tecnologias e a ampliação do acesso a soluções baseadas em IA, espera-se que esses desafios sejam minimizados e superados, permitindo que mais empresas se beneficiem dessa revolução tecnológica.

No caso da Indústria (de uma forma geral), o presente e o futuro (bem próximo) apontam para fábricas 100% automatizadas, cada vez mais “inteligentes”, onde a integração de sensores, robôs e análise de dados em tempo real (com sistemas baseados em IA) permitirá maior personalização dos produtos, eficiência energética e sustentabilidade das plantas industriais.