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Professor Titular aposentado do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).
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Segundo o Relatório Síntese do Balanço Energético Nacional (BEN) 2025, ano base 2024, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a matriz elétrica brasileira é formada por cerca de 88,2% de fontes renováveis.
A matriz elétrica cubana, por sua vez, é caracterizada por uma baixa participação de fontes renováveis, apenas cerca de 5%. Nela, 95% da energia elétrica é obtida mediante a queima de combustíveis fósseis de baixa qualidade, poluentes e corrosivos devido ao seu alto teor de enxofre, o que acelera o desgaste dos componentes de caldeiras, turbinas e tubulações nas usinas termelétricas.
Em outubro de 2024, um desligamento inesperado da usina Antonio Guiteras ocasionou um apagão total na ilha. Em um sistema elétrico robusto, isso não deveria acontecer. No entanto, a infraestrutura da rede elétrica de Cuba é frágil, suscetível a problemas dessa natureza, assim como a falhas nas linhas de transmissão, nos sistemas de proteção e de distribuição, resultando em interrupções generalizadas.
Antes, em 2022, outras instalações foram atingidas por eventos adversos, como incêndios nas usinas termelétricas de Lidio Ramón Pérez (Felton) e Máximo Gómez (Mariel).
Em 2019, para compensar o déficit de energia elétrica, o governo cubano alugou usinas termelétricas flutuantes de propriedade de outros países. Em 2023, oito dessas embarcações estavam flutuando nas Baías de Mariel, Havana e Santiago de Cuba.
Entretanto, como o governo teve dificuldade em pagar os altos preços dos arrendamentos, os operadores das embarcações se retiraram das águas cubanas, levando consigo centenas de megawatts de potência ativa.
Durante os primeiros cinco meses de 2025, apenas 34% da capacidade de todas as usinas de energia elétrica de Cuba, tomando como base os números de 2023, estavam disponíveis, em média, diariamente.
Apagões podem acontecer em qualquer país, mas naqueles cujos sistemas são interligados e integrados, como no Brasil, por exemplo, essas intercorrências podem ser corrigidas em um curto espaço de tempo, o que não acontece em Cuba.
No sistema elétrico cubano, o que tem ocasionado apagões frequentes são três problemas sistêmicos: anos sem investimentos na modernização dos ativos, combustíveis abaixo do padrão e o adiamento nas manutenções. As usinas termelétricas cubanas são antigas, quase todas movidas a petróleo bruto ou óleo combustível importados.
Nesse cenário, o risco de falha total no sistema elétrico cubano é iminente, conforme explicitado pelo economista Ricardo Torres no artigo “Cuba’s Power Grid Nears Total Failure” (em tradução adaptada para o português: Sistema de Potência de Cuba Próximo do Colapso Total), publicado na revista IEEE Spectrum (https://spectrum.ieee.org/), em 1 de julho de 2025.
Mas, na prática, quais seriam as opções energéticas para Cuba? A primeira teria sido a construção de usinas nucleares com o apoio da antiga União Soviética. Porém isso não aconteceu. Outra pode ser a diversificação das formas de conversão na matriz elétrica, mediante a exploração de recursos renováveis, incluindo energia eólica, biomassa da cana-de-açúcar e energia solar fotovoltaica.
Entretanto, como a integração das instalações de energia renovável em larga escala requer investimentos altos para modernizar a infraestrutura e garantir a estabilidade do sistema elétrico e a economia cubana não dispõe desses recursos, o povo continua sofrendo as consequências da falta de planejamento governamental de curto, médio e longo prazo.
Atenção: Os artigos publicados no ParaibaOnline expressam essencialmente os pensamentos, valores e conceitos de seus autores, não representando, necessariamente, a linha editorial do portal, mas como estímulo ao exercício da pluralidade de opiniões.
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