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Professor Titular aposentado do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).
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Em 29 de abril de 2021, despedi-me oficialmente das funções institucionais como professor titular e pesquisador vinculado à Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), onde atuei nos cursos de graduação e pós-graduação em Engenharia Elétrica.
A aposentadoria chegou de forma planejada, como um rito natural, após quase quarenta e quatro anos de dedicação ao ensino, à pesquisa e à formação de gerações de estudantes que, assim como eu, se tornaram engenheiros eletricistas.
No entanto, o afastamento das atividades acadêmicas presenciais não significou o desinteresse pela ciência e pela tecnologia — muito pelo contrário, abriu espaço para uma nova forma de olhar para essa trajetória e para os caminhos que ainda desejo trilhar.
Depois da aposentadoria, percebo que a docência continua viva em mim. Volta e meia, pego-me lembrando de algo ocorrido em sala de aula ou em laboratórios, das dúvidas instigantes dos alunos, das madrugadas revisando artigos, dissertações e teses, ou preparando material didático. Lembro também das atividades em equipes de pesquisa e desenvolvimento, das consultorias realizadas e das participações em eventos nacionais e internacionais.
Iniciei minha carreira docente no segundo semestre letivo de 1977, aos 22 anos de idade, lecionando Física Teórica e Física Experimental no Departamento de Ciências Básicas. Por muito tempo, a universidade foi muito mais do que apenas um local de trabalho: foi quase meu segundo lar. Nela, tanto aprendi quanto ensinei, vivenciando bons e maus momentos. A vida é assim! Tudo serve como aprendizado, pois o tempo é o nosso grande mestre.
A experiência da aposentadoria também tem sido parte desse aprendizado. Livre das desgastantes e penosas obrigações burocráticas, retomei o prazer das leituras sem pressa, a prática do jornalismo científico e da produção literária, das conversas informais e do compartilhamento de reflexões com ex-alunos que hoje são colegas e amigos.
Muitos desses laços, cultivados ao longo da carreira, permanecem vivos e ativos, o que me faz acreditar que o papel do professor transcende o tempo e o espaço institucional. No ambiente extra-acadêmico, tenho conhecido e convivido socialmente com pessoas de diferentes formações, ampliando minha rede de contatos.
Para mim, olhar para o passado é um exercício de gratidão. Sou grato aos professores com quem interagi ao longo de minha formação acadêmica, em particular aos orientadores do mestrado e do doutorado; aos alunos, pela curiosidade e pelo desafio constante de ser um professor melhor; aos colegas, pelo companheirismo e pelas trocas de informações; e, sobretudo, a Deus, por ter me permitido viver com intensidade a profissão que escolhi.
A gratidão, nesse contexto, não é apenas um sentimento pessoal, mas uma postura ética diante da vida e do exercício profissional. Essa valorização do passado serve como fundamento para a continuidade de um legado que se manifesta no desejo de seguir contribuindo.
Assim, sigo aposentado, mas não inativo. Idoso, mas com a mente inquieta, cheia de ideias e disposto a contribuir com o debate público e com a produção de conhecimento, o que me mantém tão motivado quanto antes.
Afinal, ser professor, por vocação e amor, é algo que nunca se aposenta completamente.
Atenção: Os artigos publicados no ParaibaOnline expressam essencialmente os pensamentos, valores e conceitos de seus autores, não representando, necessariamente, a linha editorial do portal, mas como estímulo ao exercício da pluralidade de opiniões.
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