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Professor Titular aposentado do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).
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Em 1980, adquiri na Livro 7, em Campina Grande-PB, um exemplar do livro “Poesia angolana: antologia”, de autoria do escritor António Filipe Sampaio Neiva Soares, obra publicada em Porto Alegre-RS, em 1979, numa parceria entre o Instituto Cultural Português e a Escola Superior de Teologia São Lourenço de Brindes.
Nascido na freguesia de Mar, município de Esposende, Norte de Portugal, António Neiva cursou Filosofia e Teologia no Seminário Diocesano de Braga e diplomou-se pela Universidade de Coimbra. Viveu sete anos em Angola, África, onde continuou seus estudos nas cidades de Luanda e Sá Bandeira.
No Brasil, na PUC-RS, em Porto Alegre, fez Especialização em Psicologia Social, Especialização em Psicologia da Personalidade, Mestrado em Psicologia Educacional, Doutorado em Psicanálise Social e Doutorado em Teoria e Crítica Literária.
Em Campina Grande, ingressou na Universidade Estadual da Paraíba, em 1982, onde se aposentou como professor titular, em 2004. Durante esse período, dentre outras atividades culturais, colaborou com o Jornal da Paraíba e o Diário da Borborema; foi Editor do Jornal Mensal de Cultura PbLetras e organizador da coletânea Autores Campinenses, lançada pela Edições Caravela.
Retomando os comentários sobre o livro “Poesia angolana: antologia”, seguem algumas observações:
A capa, de autoria de Carlos Pereira, é simbólica. Nela, com predominância das cores amarela e branca, podem ser vistos, em primeiro plano, a representação de uma máscara ritualística típica angolana e, no segundo plano, uma caravela estilizada, caracterizada por uma vela aberta, soprada pelo vento, presa a um mastro sobre o qual tremula uma bandeira na parte superior. Há poesia na composição da capa do livro.
Em termos de conteúdo, a obra está dividida em duas partes: I) Estudo sobre a poesia angolana e II) Antologia. No Estudo sobre a poesia angolana, o autor, se debruçou sobre língua e literatura, buscando distinguir as formas de expressão do português colonial e a manifestação autóctone do português angolano. Na Antologia, perpassam as vozes dos cantares poéticos de vinte e quatro autores, portugueses e angolanos.
Na “Poesia angolana: antologia”, a produção poética foi dividida em dois períodos: colonial e nacional. A era colonial, ou luso-angolana, corresponde ao período de “crioulização”, compreendido entre o fim do século XV e 1850. No tocante à era nacional, é aquela iniciada por volta de 1950, se estendendo até metade do decênio de 1970, com o processo de descolonização.
Na “antologia” de António Soares, dentre os vinte e quatro autores selecionados para compor a obra, talvez o mais conhecido do leitor brasileiro seja Agostinho Neto, menos pela sua produção poética e sim pelo fato de ele ter se tornado o primeiro presidente de Angola, em 1975, governando o país até 1979, quando faleceu aos cinquenta e seis anos, vítima de câncer no pâncreas.
Depois de quarenta e quatro anos da primeira leitura do livro “Poesia angolana: antologia”, a segunda foi feita sob outro contexto. Na primeira, havia apenas a curiosidade de conhecer um pouco sobre a literatura da “África, essa mãe quase desconhecida”. Na segunda, a motivação foi compartilhar com os prezados leitores essa curiosidade que em mim continua latente, como se ecoasse no meu íntimo a voz da ancestralidade.
Atenção: Os artigos publicados no ParaibaOnline expressam essencialmente os pensamentos, valores e conceitos de seus autores, não representando, necessariamente, a linha editorial do portal, mas como estímulo ao exercício da pluralidade de opiniões.
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