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Benedito Antonio Luciano

Benedito Antonio Luciano

Professor Titular aposentado do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).

Poesia angolana

Por Benedito Antonio Luciano
Publicado em 22 de maio de 2024 às 7:44

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Em 1980, adquiri na Livro 7, em Campina Grande-PB, um exemplar do livro “Poesia angolana: antologia”, de autoria do escritor António Filipe Sampaio Neiva Soares, obra publicada em Porto Alegre-RS, em 1979, numa parceria entre o Instituto Cultural Português e a Escola Superior de Teologia São Lourenço de Brindes.

Nascido na freguesia de Mar, município de Esposende, Norte de Portugal, António Neiva cursou Filosofia e Teologia no Seminário Diocesano de Braga e diplomou-se pela Universidade de Coimbra. Viveu sete anos em Angola, África, onde continuou seus estudos nas cidades de Luanda e Sá Bandeira.

No Brasil, na PUC-RS, em Porto Alegre, fez Especialização em Psicologia Social, Especialização em Psicologia da Personalidade, Mestrado em Psicologia Educacional, Doutorado em Psicanálise Social e Doutorado em Teoria e Crítica Literária.

Em Campina Grande, ingressou na Universidade Estadual da Paraíba, em 1982, onde se aposentou como professor titular, em 2004. Durante esse período, dentre outras atividades culturais, colaborou com o Jornal da Paraíba e o Diário da Borborema; foi Editor do Jornal Mensal de Cultura PbLetras e organizador da coletânea Autores Campinenses, lançada pela Edições Caravela.

Retomando os comentários sobre o livro “Poesia angolana: antologia”, seguem algumas observações:

A capa, de autoria de Carlos Pereira, é simbólica. Nela, com predominância das cores amarela e branca, podem ser vistos, em primeiro plano, a representação de uma máscara ritualística típica angolana e, no segundo plano, uma caravela estilizada, caracterizada por uma vela aberta, soprada pelo vento, presa a um mastro sobre o qual tremula uma bandeira na parte superior. Há poesia na composição da capa do livro.

Em termos de conteúdo, a obra está dividida em duas partes: I) Estudo sobre a poesia angolana e II) Antologia. No Estudo sobre a poesia angolana, o autor, se debruçou sobre língua e literatura, buscando distinguir as formas de expressão do português colonial e a manifestação autóctone do português angolano. Na Antologia, perpassam as vozes dos cantares poéticos de vinte e quatro autores, portugueses e angolanos.

Na “Poesia angolana: antologia”, a produção poética foi dividida em dois períodos: colonial e nacional. A era colonial, ou luso-angolana, corresponde ao período de “crioulização”, compreendido entre o fim do século XV e 1850. No tocante à era nacional, é aquela iniciada por volta de 1950, se estendendo até metade do decênio de 1970, com o processo de descolonização.

Na “antologia” de António Soares, dentre os vinte e quatro autores selecionados para compor a obra, talvez o mais conhecido do leitor brasileiro seja Agostinho Neto, menos pela sua produção poética e sim pelo fato de ele ter se tornado o primeiro presidente de Angola, em 1975, governando o país até 1979, quando faleceu aos cinquenta e seis anos, vítima de câncer no pâncreas.

Depois de quarenta e quatro anos da primeira leitura do livro “Poesia angolana: antologia”, a segunda foi feita sob outro contexto. Na primeira, havia apenas a curiosidade de conhecer um pouco sobre a literatura da “África, essa mãe quase desconhecida”. Na segunda, a motivação foi compartilhar com os prezados leitores essa curiosidade que em mim continua latente, como se ecoasse no meu íntimo a voz da ancestralidade.

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