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Benedito Antonio Luciano

Benedito Antonio Luciano

Professor Titular aposentado do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).

Oficina do Diabo

Por Benedito Antonio Luciano
Publicado em 12 de março de 2025 às 7:50

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Lançado em 16 de janeiro de 2025, “Oficina do Diabo” é o título do primeiro filme de ficção produzido pela plataforma de “streaming” Brasil Paralelo. Com 124 minutos de duração, o referido filme destaca-se em vários aspectos, entre eles: a competente direção de Filipe Valerim, a qualidade técnica, a atuação dos atores, o roteiro envolvente e bem desenvolvido, a boa qualidade da fotografia e a escolha acertada dos personagens.

A direção é segura e caracterizada por um ritmo cadenciado, com enquadramentos focados nas expressões dos personagens e suas mudanças de perspectiva ao longo da narrativa, introduzindo elementos de drama e terror sob três eixos: fé, tentações e redenção.

Na trama, os personagens principais são: Pedro, um jovem violonista, interpretado por Sérgio Barreto; Fausto, interpretado por Roberto Mallet, no papel de um demônio experiente cuja tarefa é orientar Natan, um demônio aprendiz, na missão de desvirtuar Pedro no mundo terreno e conduzir sua alma para o inferno; e Maria, a mãe de Pedro, uma mulher católica, interpretada de forma expressiva por Elizangela do Amaral, em sua última atuação no cinema.

É provável que o nome Fausto, atribuído a um dos personagens mais impactantes do filme, esteja relacionado ao protagonista do poema trágico “Faust, eine Tragödie” (Fausto, uma tragédia) do escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe, ou ao filme “Faust – Eine Deutsche Volkssage” (Fausto – Um conto popular alemão), dirigido pelo cineasta expressionista alemão Friedrich Wilhelm Murnau.

No filme “Oficina do Diabo”, o personagem Fausto aparece na primeira cena, induzindo um suicida a se jogar de uma ponte sobre os trilhos, momentos antes da passagem de um trem.

Daí por diante, o espectador é levado a refletir sobre as artimanhas do diabo, como ele age sorrateiramente na vida das pessoas, tentando influenciar seus destinos em meio às batalhas espirituais entre o bem e o mal.

Nesse contexto, a narrativa acompanha a trajetória do personagem Pedro que fracassa na tentativa de sucesso como músico na cidade grande ao ser desviado de sua meta pela influência de más companhias, as quais o levam a se envolver com vícios, tornando-se um alvo fácil para as investidas demoníacas, mesmo depois de regressar à casa de sua mãe na pequena cidade onde morava, no interior do Paraná, e retomar as práticas cristãs.

O processo de volta para casa nos faz lembrar a parábola do Filho Pródigo, na qual Jesus conta a história de um filho que desperdiça a herança do pai e volta para casa arrependido, conforme descrito no Evangelho de Lucas (Lc. 15, 11-32).

No filme, uma cena curiosa é aquela em que vários demônios, representados por homens vestidos com ternos pretos, permanecem no interior de uma igreja durante a realização de uma missa, até o momento da Eucaristia, que é a celebração da presença de Jesus Cristo, quando o pão e o vinho são consagrados, transformando-se no Corpo e no Sangue de Cristo. Nesse momento, todos os demônios abandonaram o recinto.

Assistido por mais de 1 milhão de pessoas, “Oficina do Diabo” é um filme denso e inquietante que merece ser visto e revisto. Mais do que entretenimento, trata-se de uma obra que leva o espectador a refletir sobre as influências do mal em nossas vidas. Pois, muitas vezes, o demônio atua de forma sutil, introduzindo pequenas distrações, ou incitando atitudes drásticas, ambas capazes de causar impactos profundos em nossas vidas, no plano material, e em nossas almas, no plano espiritual.

Diante disso, “Oficina do Diabo” pode suscitar uma reflexão importante: será que estamos atentos ao que realmente move nossas decisões, ou apenas seguimos impulsos inconscientes que podem distrair nossa mente e nos desviar do que é essencial?

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