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Professor Titular aposentado do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).
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Lançado em 16 de janeiro de 2025, “Oficina do Diabo” é o título do primeiro filme de ficção produzido pela plataforma de “streaming” Brasil Paralelo. Com 124 minutos de duração, o referido filme destaca-se em vários aspectos, entre eles: a competente direção de Filipe Valerim, a qualidade técnica, a atuação dos atores, o roteiro envolvente e bem desenvolvido, a boa qualidade da fotografia e a escolha acertada dos personagens.
A direção é segura e caracterizada por um ritmo cadenciado, com enquadramentos focados nas expressões dos personagens e suas mudanças de perspectiva ao longo da narrativa, introduzindo elementos de drama e terror sob três eixos: fé, tentações e redenção.
Na trama, os personagens principais são: Pedro, um jovem violonista, interpretado por Sérgio Barreto; Fausto, interpretado por Roberto Mallet, no papel de um demônio experiente cuja tarefa é orientar Natan, um demônio aprendiz, na missão de desvirtuar Pedro no mundo terreno e conduzir sua alma para o inferno; e Maria, a mãe de Pedro, uma mulher católica, interpretada de forma expressiva por Elizangela do Amaral, em sua última atuação no cinema.
É provável que o nome Fausto, atribuído a um dos personagens mais impactantes do filme, esteja relacionado ao protagonista do poema trágico “Faust, eine Tragödie” (Fausto, uma tragédia) do escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe, ou ao filme “Faust – Eine Deutsche Volkssage” (Fausto – Um conto popular alemão), dirigido pelo cineasta expressionista alemão Friedrich Wilhelm Murnau.
No filme “Oficina do Diabo”, o personagem Fausto aparece na primeira cena, induzindo um suicida a se jogar de uma ponte sobre os trilhos, momentos antes da passagem de um trem.
Daí por diante, o espectador é levado a refletir sobre as artimanhas do diabo, como ele age sorrateiramente na vida das pessoas, tentando influenciar seus destinos em meio às batalhas espirituais entre o bem e o mal.
Nesse contexto, a narrativa acompanha a trajetória do personagem Pedro que fracassa na tentativa de sucesso como músico na cidade grande ao ser desviado de sua meta pela influência de más companhias, as quais o levam a se envolver com vícios, tornando-se um alvo fácil para as investidas demoníacas, mesmo depois de regressar à casa de sua mãe na pequena cidade onde morava, no interior do Paraná, e retomar as práticas cristãs.
O processo de volta para casa nos faz lembrar a parábola do Filho Pródigo, na qual Jesus conta a história de um filho que desperdiça a herança do pai e volta para casa arrependido, conforme descrito no Evangelho de Lucas (Lc. 15, 11-32).
No filme, uma cena curiosa é aquela em que vários demônios, representados por homens vestidos com ternos pretos, permanecem no interior de uma igreja durante a realização de uma missa, até o momento da Eucaristia, que é a celebração da presença de Jesus Cristo, quando o pão e o vinho são consagrados, transformando-se no Corpo e no Sangue de Cristo. Nesse momento, todos os demônios abandonaram o recinto.
Assistido por mais de 1 milhão de pessoas, “Oficina do Diabo” é um filme denso e inquietante que merece ser visto e revisto. Mais do que entretenimento, trata-se de uma obra que leva o espectador a refletir sobre as influências do mal em nossas vidas. Pois, muitas vezes, o demônio atua de forma sutil, introduzindo pequenas distrações, ou incitando atitudes drásticas, ambas capazes de causar impactos profundos em nossas vidas, no plano material, e em nossas almas, no plano espiritual.
Diante disso, “Oficina do Diabo” pode suscitar uma reflexão importante: será que estamos atentos ao que realmente move nossas decisões, ou apenas seguimos impulsos inconscientes que podem distrair nossa mente e nos desviar do que é essencial?
Atenção: Os artigos publicados no ParaibaOnline expressam essencialmente os pensamentos, valores e conceitos de seus autores, não representando, necessariamente, a linha editorial do portal, mas como estímulo ao exercício da pluralidade de opiniões.
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