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Jornalista, Pós-Graduada em Comunicação Educacional, Gerente de Negócios das marcas Natura e Avon.
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Pensando numa conversa de muitos anos atrás, que tive com o saudoso Dr. Edmir Xavier, médico ginecologista onde a relação médico/paciente transcendeu a amizade entre famílias. Nas consultas, sempre havia um tempo para um dedinho de prosa e estas eram sempre muito prazerosas. Lembro que, em uma dessas conversas, falando sobre sobrecarga de trabalho, ele contou que “nada como uma boa noite de sono, um bom banho e café da manhã para começar com a disposição de um adolescente para fazer o que tanto amava”, e que mesmo em meio a tantas responsabilidades, sempre encontrava tempo para as “pausas” com a família e isso o revigorava. Voltava zerado!
Na pandemia, passei dois anos sem sair de férias. Até esqueci que as tinha para gozar. Para quê tirar férias e ficar dentro de casa? E assim, fui acumulando-as; a empresa começou a exigir que marcasse e teve até datas que chegaram sem aviso, porque quando não escolhemos alguém o faz por nós. Nestes dias que precisei me ausentar do trabalho – férias obrigatórias – percebi o quanto delas estava sedenta.
Falando da necessidade desse autocuidado com minha amiga Lucielly, sobre a necessidade das pausas e de nossa permissão de termos momentos de remanso para fazermos absolutamente NADA, chegou esta linda sonoridade italiana.
Em meio à nossa rotina frenética, onde o tempo parece escorrer por entre os dedos, a expressão italiana “il dolce far niente” surge como um oásis de serenidade. Traduzida como “o prazer de não fazer nada” ou “a doçura de não fazer nada”, ela nos convida a desacelerar, a apreciar a beleza da inatividade e a redescobrir a alegria nos pequenos momentos.
Minha recente viagem de férias a Campos do Jordão/SP e Monte Verde/MG, com suas paisagens exuberantes e arquitetura europeia tão charmosa, serviu como um lembrete vívido da importância destas pausas revigorantes. Caminhar pelas ruas que exalam a atmosfera dos Alpes suíços, degustar a gastronomia requintada e simplesmente contemplar a natureza exuberante com suas araucárias majestosas, me permitiu vivenciar o “dolce far niente” em sua essência.
No entanto, essa busca pela tranquilidade não precisa estar confinada a viagens luxuosas para outros Países ou lugares exóticos. Podemos encontrar o “dolce far niente” em nosso dia a dia, reservando momentos para atividades que nos proporcionam prazer genuíno. Seja a leitura de um livro inspirador, um momento de ócio criativo para permitir que as ideias fluam livremente, ou simplesmente o deleite de não fazer nada. A pausa é essencial para o nosso bem-estar físico e mental.
Assim como as máquinas precisam de manutenção e descanso, nós também necessitamos de momentos de inatividade para recarregar as energias e nutrir a nossa alma. Afinal, até mesmo o Criador descansou no sétimo dia, um lembrete de que o repouso é intrínseco à nossa natureza.
O “dolce far niente” não é sinônimo de preguiça ou improdutividade. Pelo contrário, é um convite a uma vida mais equilibrada, onde o tempo é valorizado e a serenidade é cultivada.
Ao abraçar a arte de não fazer nada, abrimos espaço para a criatividade, a intuição e a conexão com o nosso eu interior. Quem sabe, as idéias que revolucionaram e mudaram o mundo não foram oriundas de um momento de “dolce far niente?” Isaac Newton que o diga!
Durante longo período de ociosidade forçada, Newton fez as descobertas mais importantes para a ciência: descobriu a lei fundamental da gravitação, imaginou as leis básicas da Mecânica e aplicou-as aos corpos celestes, inventou os métodos de cálculo diferencial e integral, além de estabelecer os alicerces de suas grandes descobertas ópticas. Precisamos de mais argumentos?
Portanto, permita-se desfrutar do “dolce far niente” sem culpa. Na hora de trabalhar, cumprir com competência e total potência, mas na hora de relaxar, se entregar ao prazer de nada fazer e se largar.
Desacelere, respire fundo e aprecie a beleza da inatividade. Você merece esse momento de paz e serenidade, afinal Deus o fez e que somos nós para não seguirmos o exemplo do nosso Criador?
Atenção: Os artigos publicados no ParaibaOnline expressam essencialmente os pensamentos, valores e conceitos de seus autores, não representando, necessariamente, a linha editorial do portal, mas como estímulo ao exercício da pluralidade de opiniões.
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