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Jurani Clementino

Jurani Clementino

Jornalista, professor universitário, escritor e membro da Academia de Letras de Campina Grande.

Meu vizinho Babinski

Por Jurani Clementino
Publicado em 18 de julho de 2025 às 10:56

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O que faz um biógrafo? Entre as muitas atribuições está o desafio de escrever uma vida. Mas seria ele capaz de dar conta de toda a existência de uma pessoa? Claro que não. Essa ilusão já foi superada nesse esforço cotidiano do narrador da vida alheia. Mas será que ao falar sobre o biografado, o biógrafo não estaria contando também a sua própria vida? Naturalmente que sim. Às vezes, ao falar sobre o outro estamos dizendo muito sobre nós mesmos. As escolhas, os recortes, as abordagens tem muito a ver com o itinerário de quem está escrevendo. Mas como fugir de tudo isso? Confesso que não saberia responder. Mas acredito que o caminho é o método. “Meu vizinho Babinski”, minha nova publicação literária procura narrar a história de vida de um polonês que fugiu da Segunda Guerra mundial, morou no Canadá, mudou-se para o Rio de Janeiro, passou por Brasília, São Paulo, Minas Gerais e, desde a década de 1990, habita o interior cearense. Maciej Antônio Babinski, hoje aos 94 anos, reside com a esposa, Lídia, no Sítio Exu zona rural de Várzea alegre Ceará.

Foram longos meses de dedicação diária, diversas visitas e entrevistas feitas na casa do polonês, consulta a livros, artigos, documentos, recortes de jornais, cadernos especiais sobre o artista plástico, entrevistas com amigos, ex-colegas de trabalho, vizinhos, filhos, críticos de arte… tudo com o objetivo de traçar o percurso da Polônia até o Ceará. O resultado são mais de 300 páginas com um vasto material iconográfico: telas, fotos, documentos, arquivos pessoais… Para a realização da pesquisa, contei com o apoio da Editora da Universidade Estadual da Paraíba – Eduepb, através do professor Cidoval Morais que acreditou no projeto: “Babinski tem uma história muito bonita com o semiárido nordestino. E Jurani tem uma escrita leve e envolvente. Com uma riqueza de detalhes que impressiona e nos faz viajar imaginando o que ainda não foi dito”.

Durante o período de pesquisa e a fase da escrita, contei ainda com o apoio doas professoras Michele Wadja, UFSB e Marilda Menezes, UFABC que leram os primeiros rascunhos e fizeram observações importantes para o trabalho; e do biógrafo e jornalista Lira Neto que sugeriu leituras e indicou reportagens feitas por ele com o Babinski ainda nos anos de 1990. A revisão textual ficou por conta da jornalista e acadêmica do curso de Direito Fabrínia Almeida. Toda o trabalho de pesquisa contou com a parceria indispensável da esposa de Maciej Babinski, Lídia Babinski, sem ela nada disso existiria.

Entre as pessoas entrevistadas para esse livro estão, além de Lídia e Babinski: a ex-aluna, artista plástica e amiga, Gisel Carriconde; a colega de departamento na época da UNB, Cintia Falkembach; os filhos Aniel Babinski e Daniel Babinski; a curadora de arte Dodora Guimarães; o médico e amigo, Drauzio Varela; a empresária e amiga Eugênia Maia, entre outros.

O Doutor em História Social pela Universidade de São Paulo – USP, professor e membro da Academia de Letras de Campina Grande, Bruno Gaudencio, prefaciou a obra. “Este livro não se propõe a ser apenas mais uma biografia. Pelo seu caráter diríamos íntimo aproxima-se daquilo que Sérgio Vilas Boas, chama de metabiografia, quando o biógrafo se coloca na narrativa. E com essa missão “Meu Vizinho Babinski” acaba por mergulhar na alma de um artista que, como um pássaro errante, voou por diferentes céus, provou diversos sabores e encontrou, no coração do Ceará, o porto seguro para sua arte e para seu espírito. E é através da pena habilidosa de Jurani Clementino, um escritor que conhece como poucos os segredos e os encantos do sertão, que essa história ganha vida e nos transporta para um universo de cores, sons e emoções”.

O escritor Thélio Farias, presidente da Academia de Letras de Campina Grande e biógrafo de Pedro Américo, comentou o seguinte sobre o meu novo livro “Clementino escreve também suas recordações pessoais e a relação com Babinski. É uma memória de sua própria vida e um registro do Ceará-natal do autor e do Ceará adotivo do artista, do seu tempo e de sua época, numa prosa leve ao estilo da francesa Annie Ernaux, prêmio Nobel de Literatura 2022, mesclado com evocações dos “galos, noites e quintais”, das conversas, vivências, tradições e experiências do interior nordestino, que Jurani tão bem desenha em suas linhas da sensibilidade e sapiência”.

“Meu vizinho Babinski” é um projeto que carregava comigo há muitos anos, desde quando o polonês decidiu abandonar os grandes centros e se isolar na zona rural do município de Várzea Alegre. Estou feliz que tenha conseguido e espero que esse meu olhar sobre a trajetória dessa figura importante das artes plásticas do Brasil e do mundo, agrade aos leitores. O objetivo do trabalho é entender os motivos, as razões que levaram o polonês a se mudar para o Cariri cearense e de que forma aquele espaço influenciou na sua produção artística.”

O livro já se encontra disponível, em sua versão digital, e-book, no site da editora da Universidade Estadual da Paraíba. A expectativa é que no final de agosto o livro físico seja lançado no Barracão Cultural em Várzea Alegre – CE.

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