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Enfermeira paliativista com mais de 10 anos de experiência na área da saúde. Especialista em cuidados paliativos, atua na promoção de um cuidado humanizado, integral e compassivo. É referência na Paraíba por sua atuação sensível e transformadora junto a pacientes e famílias.
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Em uma sociedade que valoriza a produtividade, o novo e o permanente movimento, o tema da finitude ainda é tratado como tabu. Evitamos pronunciar a palavra “morte” como se ela, por si só, pudesse nos trazer sofrimento. Mas a verdade é que negar a morte não nos protege dela, apenas nos afasta de viver com mais consciência e sentido.
A finitude nos lembra da fragilidade que habita cada um de nós, mas também da beleza que existe na impermanência. Quando compreendemos que a vida tem um ciclo, aprendemos a valorizar os encontros, os afetos e o tempo presente. É nesse ponto que os cuidados paliativos se tornam essenciais: eles não são uma espera pelo fim, mas um compromisso com a dignidade até o último instante.
Cuidar de quem está diante da finitude é acolher o medo, respeitar o silêncio e oferecer conforto, mesmo quando a cura já não é possível. É entender que há muito o que fazer, mesmo quando não há mais como curar. O cuidado paliativo transforma o que seria apenas dor em um espaço de escuta, amor e presença.
Encarar a morte não significa desistir da vida, significa vivê-la com mais verdade. Quando conseguimos olhar para a finitude sem medo, descobrimos que o que realmente importa não é o tempo que temos, mas a forma como escolhemos vivê-lo. A morte deixa de ser um inimigo e passa a ser um capítulo natural de uma história que merece ser escrita com leveza, cuidado e sentido.
Neste mês em que lembramos o Dia de Finados, talvez o maior gesto de amor que possamos oferecer seja aprender a cuidar de quem parte e também de quem fica. Falar sobre a morte é uma forma de celebrar a vida. É sobre dar espaço à despedida, à gratidão e à serenidade que surgem quando o cuidado ultrapassa o medo.
Porque finitude não é o fim do cuidado, é o início de uma nova forma de estar presente.
Atenção: Os artigos publicados no ParaibaOnline expressam essencialmente os pensamentos, valores e conceitos de seus autores, não representando, necessariamente, a linha editorial do portal, mas como estímulo ao exercício da pluralidade de opiniões.
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