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Edjamir Sousa Silva

Edjamir Sousa Silva

Padre e psicólogo.

Discernir à luz do Espírito

Por Edjamir Sousa Silva
Publicado em 5 de maio de 2024 às 16:00

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O Tempo Litúrgico da Páscoa caminha para sua conclusão e, com isso, a Liturgia da Palavra nos faz ouvir as catequeses onde Jesus busca formar os discípulos na espiritualidade da unidade que servirá como testemunho.

Na primeira leitura (Atos 10, 25-26. 34-35. 44-48) escutamos que Pedro, imbuído pelo Espirito Santo, faz um bom discernimento cristão: “estou compreendendo que Deus não faz distinção de pessoas”. Essa percepção do apostolo Pedro nasce de discernimento no Espirito e faz parte de uma condição decisiva e determinante para acolher e pertencer ao Reino de Deus, ao mesmo tempo pertencer a Igreja de Jesus Cristo: não categorizar e não fazer exclusão de pessoas foi a maneira de amar de Jesus e deve ser de quem quer segui-Lo.

Pedro compreende que toda pessoa deve ser compreendida em seus anseios, suas condições de vida, seu caminho…Essa é uma resposta concreta do discípulo que segue os ensinamentos do Senhor: “não oprimas, não maltrates, não faça mal algum (…) não sejas injusto” (Ex. 22, 20).

Na segunda leitura (1 Jo 4, 7-10) contemplamos uma profunda definição sobre Deus: “Deus é amor”. Para João “ser filho de Deus” e “conhecer a Deus” são frutos de uma mesma via de acesso a Deus para aqueles que a quem faz o este discernimento: “quem ama conheceu a Deus”. O FILHO CONHECE O PAI E PROCURA DAR O MESMO FRUTO QUE ELE…

As duas leituras nos levam à dinâmica do fruto da videira (Jo 15,9-17) que é próprio de quem está unido a Jesus.

As inúmeras controvérsias enfrentadas tanto por Jesus como pelas primeiras comunidades cristãs, frente à hostilidade do Sinédrio (imagem de um mundo fechado), se acentuaram na medida em que as pessoas eram convocadas a um novo discernimento.

Em 2Cor 3,6 Paulo diz que a Lei de Moisés já não mais comunicava vida e, portanto, era preciso considerar a ação operante do Espirito que sempre faz nova todas as coisas (cf. Ap 21, 5).

Este Espirito age como seiva em cada discípulo e na comunidade que, deixando-se podar pela Palavra de Jesus, faz dar os frutos concretos para que a justiça do Reino de Deus aconteça (cf Atos 10, 35). A abertura ao evangelho faz o discípulo receber o Espirito: “Pedro ainda estava falando quando o Espirito Santo desceu sobre todos que o ouviam” (v. 44). ESCUTEMOS PEDRO EM NOSSOS DIAS…

O fruto do “permanecer” em Jesus é o amor que contagia e circula entre as pessoas: o Pai ama Jesus, que por sua vez ama seus seguidores e os convida a permanecer no seu amor (cf. Jo 14, 9). Além disso, Jesus convida os seus a se amarem uns aos outros da mesma forma que Ele amou (v. 12). A maior prova de amor que podemos demonstrar é dedicar a vida para o bem e a felicidade dos outros a exemplo de Jesus (v. 13).

Quando as pessoas amam surgem comunidades, sociedades igualitárias e solidárias, onde seus membros não são senhores, donos ou subalternos e serviçais, mas amigos. Ai haverá uma comunhão plena entre iguais e escolhidos por Jesus. Todos se respeitam mutuamente e sentem como irmãos.

“Não fostes vós que me escolhestes, eu vos escolhi” (v. 16). A vocação do discípulo vem de uma decisão de Jesus: “eu vos escolhi”. Não é uma honraria, mas uma dignidade que compromete a todos para dar frutos a partir Daquele chamou.  Os discípulos são responsáveis por construir o Reino de Deus dando continuidade ao trabalho do Mestre. QUAIS DISCERNIMENTOS TEMOS FEITO NAS NOSSAS COMUNIDADES (IGREJA)? O DISCERNIMENTO DE PEDRO TEM SIDO O NOSSO?

A Igreja Católica vive um momento de discernimento e faz isso com orações, mas também escutando o que o Espirito Santo está nos dizendo nestes nossos tempos. Sábia e desafiadora a decisão do papa Francisco em realizar um sínodo para ter uma percepção mais ampla da vida eclesial, seus desafios e suas propostas. FAZER NOVOS DISCERNIMENTOS SEMPRE SERÁ NECESSÁRIO PARA O ANÚNCIO DO EVANGELHO.

Também nós precisamos discernir à luz do Espirito Santo (Pela Palavra, pela vida sacramental, pela vida de oração) caminhos que nos reconfigurem a Jesus: “Cristo vive em mim” (Gl 2, 20).

Rezemos pela unidade da Igreja e pela unidade dos povos. Tenhamos a santa consciência de que uma sociedade renovada passa, necessariamente, pelo principio da justiça no respeito pela diversidade e unidade.

Não há nada mais aberrante do que instrumentalizar a igreja e as instituições que sustentam a vida em sociedade com ideologias que anulam, excluem e matam as pessoas.

Trabalhemos com empenho (junto de quem luta por um mundo mais humano) para que nossa sociedade seja promotora de uma geração capaz do “amar o próximo”. FOI PARA ISSO QUE O SENHOR NOS ESCOLHEU.

Boa semana!

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