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Edjamir Sousa Silva

Edjamir Sousa Silva

Padre e psicólogo.

Cuidar bem dos outros é sacramento de salvação

Por Edjamir Sousa Silva
Publicado em 28 de setembro de 2025 às 16:30

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Última semana do mês de setembro e este é o Domingo da Bíblia. Domingo passado ouvíamos o apelo da Palavra de Deus à espiritualidade do amor social.

A liturgia da Palavra deste domingo continua a nos provocar insistentemente por esse amor à justiça social e o cuidado com os mais frágeis, por exemplo, o salmo de hoje (145(146) 9abc) nos dá exemplos clássico de categorias frágeis: o estrangeiro, o órfão e a viúva e o evangelho (Lc 16, 19-31) nos fala do pobre Lázaro, uma história contada por Jesus.

Na 1ª Leitura continuamos a ouvir as palavras do Profeta Amós (6, 1a.4-7) que denuncia VIOLENTAMENTE UMA CLASSE OSCIOSA E indiferenTE que vive “acomodada no luxo”, “só gozando da boa vida”, “às custas dos pobres”, sem se preocupar com a ruina de José (referência a Tribo de José, mas também a fragilidade de José do Egito) e desprezando os que passam por grandes necessidades. Deus jurou “nunca esquecer isso” (cf. Am 8, 7).

A “idolatria das riquezas” e a “indiferença” são formas de viver que não tem nada a ver com o projeto da justiça do Reino de Deus.

O salmo (145(146), 7. 8-9a.9bc-10) canta a bondade de Deus que se importa com todos. Cuidar bem dos outros é sacramento de salvação.

Na 2ª leitura (1Tm 6,11-16), Paulo exorta a Timóteo a fugir das coisas deste mundo. No texto anterior ele diz quais são as coisas deste mundo e denuncia “o amor ao dinheiro” com um dos pecados mundanos. O apóstolo Paulo educa Timóteo na fé dizendo que ele “procure a justiça, a piedade, a fé, a caridade, constância e a mansidão. Combate o bom combate de fé ao qual fostes chamados. Essa é a tua bela profissão de fé”. Fé e coerência constitui o bom combate.

No Evangelho de hoje (Lc 16,19-31) Jesus inicia dizendo: “havia um homem rico” (v. 19). É o mesmo início do evangelho de domingo passado na Parábola do Administrador Infiel (cf. Lc 16, 1-13). Lucas denuncia que os ricos vivem em estado terminal de fé por causa de sua idolatria e indiferença. A mesma acusação faz o evangelista Mateus: “É mais fácil um camelo passar por um buraco de agulha do que um rico entrar no Reino de Deus” (Mt 19,23-24).

Diferente das outras parábolas este personagem protagonista tem um nome: Lázaro. Este nome Lázaro, em hebraico, significa: “Deus socorreu”. E é o que Jesus faz ao seu amigo.

O rico é apresentado com uma boa descrição de pessoa bem sucedida na vida: títulos, vestes luxuosas e banquetes suntuosos, mas não tem nome. Aos olhos de Deus os pobres é que tem os primeiros lugares.

O pobre Lázaro desejava comer aquilo que caia da mesa do rico e até mesmo os cães, talvez seus companheiros mais próximos, vinham lamber suas chagas. Essa cena parece muito com a Parábola do Filho Pródigo, pois o Filho mais novo lamenta não poder comer o resto de comida dado aos porcos.

Na parábola do Filho Pródigo temos alguém na solidão que é vítima de pecado por suas escolhas. Na Parábola de Lázaro, é vítima do pecado dos ricos. Ninguém lhe dá atenção, só os cães vêm lamber as chagas dos pobres.

O texto de hoje é uma usa uma lupa na descrição bem realista das nossas relações muitas vezes anônimas e indiferentes. Mesmo com os mais próximos a nós esquecemos em dar um bom dia e estarmos atentos ao que fazem. Jesus recorda que para e seu Pai, cada ser humano é único e ninguém é descartado, assim afirmava diariamente o papa Francisco.

O evangelho ainda apresenta fragmento de escatologia para nos fazer pensar como tem sido nossas escolhas e atitudes. Como filhos e filhas do mesmo Pai do céu, aprendemos a ter o mesmo olhar de Deus para com a realidade? Ou estamos indiferentes em nosso egoísmo? Contribuímos para diminuir os enormes abismos entre nós (espiritual/material/cultural)?

A narrativa faz um percurso existencial: da “casa de um rico indiferente” ao “Sheol”, isto é, mansão dos mortos. É o encontro da nossa consciência (nossos valores, no jeito de ser e estar no mundo) frente ao juízo final de toda a nossa existência.

Vivemos tempos de migrações forçadas, xenofobias, deportações desumanas, mortes de inocentes por guerras incentivadas e toleradas por razões econômicas, degradação da casa comum por interesses comerciais e egoístas, impérios e ditaduras globalizando a miséria e o sofrimento.

Enfrentamos a manipulação da religião e da fé, no campo mercado, alienando consciências; vemos o combate e a perseguição aos profetas que ousam levantar a voz, perseguições feitas também pelos falsos profetas e fariseus modernos.

O tempo da história é o momento de qualificar nossa existência para o alto e Jesus Cristo e o modelo deste caminho, a verdade e vida. Paulo, disse, certa vez: “é necessário que todos nos compareçamos perante o tribunal de Cristo, a fim de que cada um receba o que mereceu por tudo aquilo que fez durante a vida, quer de bem, quer de mal” (2Cor 5, 10).

Concluo com um trecho de uma bonita canção, cantada por uma grande artista, que diz: “não quero luxo nem lixo. Meu sonho é ser imortal, meu amor. Não quero luxo nem lixo quero saúde para gozar no final” (Rita Lee Jones de Carvalho e Roberto Z. Affonso de Carvalho).

Boa semana!

 

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