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Benedito Antonio Luciano

Benedito Antonio Luciano

Professor Titular aposentado do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).

A lembrança e o esquecimento II

Por Benedito Antonio Luciano
Publicado em 2 de julho de 2025 às 8:07

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“Lembrar é lutar contra o esquecimento”. Li essa frase em algum lugar, só não lembro onde, nem tampouco quem é o autor. Assim, nesta luta contra o esquecimento, perdi no primeiro embate.

Certamente, o ato de lembrar está associado à evocação daquilo que está guardado na memória, seja ela de curta ou de longa duração.

Na linguagem da informática, “memória” é um termo genérico usado para designar componentes de um sistema capazes de armazenar dados e programas, de forma temporária ou permanente.

Como ocorre com o disco rígido de um computador, o que fica armazenado em nossa memória são os arquivos e pastas dos fatos por nós vivenciados ou por outras pessoas, assim como copiamos informações ou aplicativos provenientes de outras fontes, de forma deliberada ou não (como ocorre com os vírus).

Uma imagem que me ocorre como metáfora da memória é uma fogueira. Para se fazer uma fogueira, é preciso submeter a lenha a um processo de combustão. Nesse processo, a presença do oxigênio é fundamental para que a chama se propague. A presença do oxigênio acelera o processo de oxidação. Paradoxalmente, o mesmo oxigênio que permite a combustão é também o responsável por reduzir a fogueira a cinzas.

Em comparação com a fogueira, as lembranças, que fazem parte da memória, são as labaredas. As cinzas, que apagam as chamas, são o esquecimento e o oxigênio é o tempo.

Conosco, seres humanos, ocorre algo semelhante ao que ocorre com a fogueira. Quando crianças, somos como uma fogueira que começa a ser acesa. As informações começam a ser armazenadas em nossas memórias. Os fatos e os acontecimentos vão se sucedendo e as chamas de nossas memórias vão se mantendo acesas.

Assim, com o passar do tempo, à medida que vamos ficando mais velhos, as cinzas começam a se depositar sobre as brasas de nossas memórias, sendo necessário um sopro para acender o que resta de fogo sob as cinzas. O sopro reacende, pelo menos momentaneamente, a chama que estava apagada, relegada ao esquecimento.

Diante dessa luta da memória contra o esquecimento é que se coloca o registro como forma de perpetuar a memória. O registro é o aliado da memória. O registro é o cronista do tempo.

Inconformado com a finitude da vida, desde os tempos pré-históricos, o homem já se preocupava em preservar suas lembranças, representando-as por meio das pinturas rupestres e dos monumentos megalíticos.

Por outro lado, a própria natureza também parece se encarregar de cuidar de sua memória, o que a torna objeto de estudo da paleontologia e da cosmologia.

Como “lembrar é lutar contra o esquecimento”, perdi o segundo embate, pois nem lembro mais por que iniciei este assunto. E se não tivesse salvo a versão original deste texto na memória do computador, não saberia mais que ela foi publicada no blog Suas Notícias, em Porto Velho-RO, em 18 de abril de 2015.

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