O mês de setembro é o mês da Palavra de Deus. Evidenciamos, portanto, o maravilhoso dom que é o encontro que fazemos com a Pessoa de Cristo por meio de Sua Palavra. A Igreja tem a missão de semear nos corações humanos o grande tesouro que é o Deus revelado na história do antigo e novo povo de Israel. Celebrar o mês da Bíblia significa trazer à tona a mensagem do amor de Deus para todos os homens e mulheres.

O mundo tem fome e sede da Palavra de Deus, ainda que Deus seja rejeitado em alguns ambientes, dado o secularismo que compromete muitas camadas sociais.

“Num mundo que frequentemente sente Deus como supérfluo ou alheio, confessamos como Pedro que só Ele tem ‘palavras de vida eterna’ (Jo 6,68)” (Papa Bento XVI).

Para nós, cristãos, a Bíblia não é somente um livro sagrado e nem um livro propagandista de uma religião que prega uma palavra escrita e muda. Não! A Sagrada Escritura é o próprio Senhor Vivo e Ressuscitado, e deve ser proclamada, escutada, lida, acolhida e vivida como Palavra de Deus, sob a guarda da Tradição da Igreja, como pede o Concílio Vaticano II.

Estamos na eminência de um Ano Santo que nos traz o convite do aprofundamento da esperança. A Palavra de Deus é o lugar da esperança mais alta que podemos recorrer. O que fazer para crescer na relação frutuosa com a Palavra de Deus? Um dos segredos é silenciar mais quando ela é meditada, pessoalmente ou comunitariamente.

Devemos treinar mais nossa escuta exterior e interior; é claro que o desafio barulhento da vida moderna dificulta bastante, mas quando realmente abrimos o coração, o Espírito Santo toca nossos sentidos e nos dá a graça da verdadeira escuta de Deus. Sem esta disposição interior, não colheremos os frutos na vida, e iremos cada vez mais para a margem que coloca Deus como supérfluo e alheio.

A dimensão comunitária da escuta da Palavra de Deus é um dos grandes presentes que recebemos do Senhor como Igreja. Todo fiel é convidado a entrar na relação vital existente entre Cristo, Palavra do Pai, e a Igreja. Sem a clareza desta relação íntima o nosso ser católico fica ofuscado. A Igreja é a “casa da Palavra de Deus”.

E esta casa não é pequena, ela se estende às pequenas comunidades de nossas paróquias: “é bom que, na atividade pastoral, se favoreça também a difusão de ‘pequenas comunidades’, formadas por famílias ou radicadas nas paróquias ou ainda ligadas aos diversos movimentos eclesiais e novas comunidades, nas quais se promova a formação, a oração e o conhecimento da Bíblia segundo a fé da Igreja” (Verbum Domini, n. 73).

Tomemos no coração as palavras do Papa Francisco que nos encoraja à uma relação viva e testemunhal com a Palavra de Deus: “A Palavra de Deus é viva: não morre nem envelhece, permanece para sempre. Ela permanece jovem diante de tudo que acontece e conserva do envelhecimento interior aqueles que a colocam em prática. Está viva e dá vida”.

O encontro vivo com o Senhor Morto e Ressuscitado através da Palavra de Deus aquece a esperança em nossos corações. A Palavra de Deus tem o amoroso poder de nos transformar de dentro para fora. E transforma por meio do silêncio e discrição.

Em tempos tão barulhentos no campo das ideologias e partidarismos, deixemos-nos envolver por esse silêncio de amor que só pode vir da Palavra de Deus. Só o amor que vem de Deus pode mudar o mundo e os corações distante da graça de Cristo. Não há outro caminho!

Que o nosso testemunho de cristãos possa ser essa bandeira que proclama que a Palavra de Deus conta a história de amor mais transformadora que este mundo viu: a história do amor de Deus com os homens e mulheres de todos os tempos e lugares.

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