Saúde e Bem-estar

Insulina: Brasil volta a produzir depois de 20 anos; entidades falam em apagões

Da Redação*
Publicado em 28 de novembro de 2025 às 9:38

ciência e saúde

Foto: Pixabay/ilustrativa

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Após entidades apontarem desabastecimento de insulina nos últimos anos, o Brasil voltou a produzir o medicamento usado no tratamento da diabetes, encerrando um intervalo de 20 anos de interrupção e dependência do mercado externo.

A retomada se deve a acordos de transferência de tecnologia firmados entre o Ministério da Saúde e os laboratórios Wockhardt e Gan&Lee, da Índia e da China. A partir deles, os laboratórios públicos Funed (Fundação Ezequiel Dias), em Nova Lima (MG), e Bio-Manguinhos, no Ceará —unidade da Fiocruz— passam a produzir o fármaco.

Há pelo menos dois anos, entidades médicas alertam para dificuldades de abastecimento. No início do ano passado, uma nota conjunta da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e da Sociedade Brasileira de Diabetes já previa problemas no segundo semestre. No fim de 2024, o Conselho Federal de Medicina classificou a situação como “grave” e cobrou ação imediata. Em janeiro, a Folha noticiou falta do medicamento em farmácias da capital paulista.

O Ministério da Saúde, porém, nega desabastecimento no SUS e afirma que nenhum usuário ficou sem acesso ao medicamento. A interrupção do tratamento pode causar hiperglicemia —excesso de açúcar no sangue— e levar a complicações graves, como infartos, AVC, cegueira e doenças renais. O Brasil tem hoje mais de 16 milhões de diabéticos.

A primeira frente de produção, na Funed, foca as insulinas regular e NPH. A fabricação começou em julho e já entregou mais de 1 milhão de unidades, segundo o ministério. A expectativa é alcançar 8 milhões de doses até o fim de 2026.

A segunda frente, em Bio-Manguinhos, produzirá insulina glargina. Ainda não há previsão para o início da fabricação, mas o processo de transferência tecnológica está em andamento. Isso inclui a compra de 2,1 milhões de unidades —já entregues— e outras 4,7 milhões previstas até o fim do ano. Após a conclusão do processo, a pasta afirma que a produção nacional será capaz de suprir toda a demanda do SUS.

Para o vice-corregedor do CFM (Conselho Federal de Medicina), Francisco Cardoso, a estimativa da pasta é ambiciosa e dificilmente será capaz de resolver, no curto prazo, os desabastecimentos. “O país vive apagões constantes de insulina de uns três anos para cá, e essas transferências de tecnologia podem ser o começo da solução, mas não só”, declara.

Carolina Sibila, 39, usa há dez anos insulinas regular e de longa duração. Gasta, em média, R$ 300 por mês com os medicamentos. Ela conta que, desde o ano passado, tem dificuldade crescente para encontrar as ampolas do laboratório de sua preferência.

“Às vezes, preciso ir a quatro ou cinco farmácias para achar as canetas”, diz Carolina, destacando que o problema se intensificou desde outubro de 2024.

Ela relaciona a escassez ao boom das canetas emagrecedoras, como Ozempic e Mounjaro. Em agosto, o Ministério da Saúde confirmou que há desabastecimento influenciado pela alta procura por esses produtos, que oferecem maior rentabilidade à indústria farmacêutica.

“A descontinuação das canetas de insulina era algo previsto pela indústria. Quando aconteceu, pegou os usuários de surpresa, porque não havia um plano do Estado para absorver esse impacto”, explica Wellington Santana Júnior, endocrinologista e diretor do departamento de diabetes da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.

Doutora em endocrinologia pela USP e membro da Sociedade Brasileira de Diabates, a médica Karla Melo avalia que a oferta dessas nova insulinas ao mercado brasileiro pode sanar o desabastecimento, que afirma ser recorrente.

“Essas insulinas, chamadas de análogas, são eficazes para o tratamento dos dois tipos de diabetes. Elas estão em processo de amplicação do uso para o tipo 2, após análise da Conitec (sigla da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde). Como esse volume maior e a ampliação do uso, é um grande avanço para o abastecimento no país”, afirma Melo. Ela também cita um desinteresse na continuidade da fabricação do medicamento pela indústria.

O projeto Saúde Pública tem apoio da Umane, associação civil que tem como objetivo auxiliar iniciativas voltadas à promoção da saúde.

*LUIS EDUARDO DE SOUSA/Folhapress

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