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Saúde e Bem-estar
Foto: Pixabay
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O conselheiro federal de medicina e professor universitário, Dr. Antônio Henriques, fez um alerta, durante sua coluna semanal “Consultório JM”, na Rádio Caturité, sobre a qualidade da formação médica no Brasil.
Em entrevista, ele destacou os riscos do aumento desordenado de cursos de medicina e as consequências para a saúde pública e para a formação de novos profissionais.
Segundo Henriques, que destacou um artigo do médico Drauzio Varela, nos últimos 20 anos o número de faculdades de medicina no país triplicou, passando de 143 para 448 instituições. O Brasil ocupa hoje a segunda posição no ranking mundial, atrás apenas da Índia, que possui 605 cursos para uma população de 1,4 bilhão de habitantes. “Superamos até os Estados Unidos, com 195 escolas, e a China, com 129 — países muito mais populosos que o nosso”, ressaltou.
O médico apontou ainda que o Brasil conta atualmente com cerca de 600 mil médicos em atividade, número que pode ultrapassar 1 milhão em dez anos. Porém, ele alertou que imaginar que esses profissionais estarão bem distribuídos pelo território nacional é “acreditar em milagre”.
Estrutura insuficiente
Henriques destacou que as faculdades brasileiras oferecem cerca de 48 mil vagas por ano, 90% delas em instituições particulares. O problema, segundo ele, é que não há professores qualificados em número suficiente, nem hospitais preparados para garantir estágios e residências médicas de qualidade.
“Mais de 50% dos recém-formados já ficam sem acesso à residência. Nos próximos anos, essa situação tende a se agravar”, afirmou. Ele defendeu a implementação de exames de avaliação durante o curso, para impedir que profissionais mal formados ingressem no mercado.
Interesses financeiros
O conselheiro também questionou os interesses por trás da proliferação de faculdades de medicina. De acordo com ele, a abertura de cursos tem forte motivação econômica. Uma universidade pode ser valorizada em até R$ 200 milhões em caso de venda. Além disso, cada aluno paga em média R$ 10 mil por mês, o que transforma turmas de 100 estudantes em uma receita mensal de R$ 1 milhão para as instituições privadas.
Foto: ParaibaOnline
Concentração nos grandes centros
Outro desafio apontado é a fixação desses profissionais. A maioria dos recém-formados prefere atuar em capitais e grandes cidades, o que acentua a desigualdade na oferta de médicos pelo país. Enquanto no interior do Amazonas há apenas 0,2 médico para cada mil habitantes, em Vitória (ES) a proporção chega a 18,5 por mil.
“É uma realidade preocupante. Formar médicos sem oferecer condições adequadas de ensino e de prática clínica não resolve o problema da saúde. Pelo contrário, pode agravá-lo”, concluiu Henriques.
* Vídeo ParaibaOnline
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