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Saúde e Bem-estar
Foto: Mateus Bonomi/Folhapress
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Um dos atos que solidificam uma relação é o casamento. É um momento único em que as duas partes sobem no altar, seja de vestido branco ou terno, para ler seus votos e celebrar ao lado de familiares e amigos. Muitos casais, inclusive, optam por realizar essa cerimônia mais de uma vez, e com a mesma pessoa.
Seja ela mais íntima, intencional e significativa, ou uma grande festa, a renovação de votos seria, de forma piegas, como “colocar mais combustível na fogueira do amor”. É o que diz a terapeuta familiar Aline Cantarelli.
“Renovar votos é dizer sim de novo, aceitar a nova versão do outro e celebrar o que já venceram juntos”, afirma.
A renovação é, inclusive, uma recomendação terapêutica. Cantarelli, especializada em relacionamentos conjugais, comunicação afetiva e reconstrução de vínculos, sugere o ato como parte do tratamento de casais em crise justamente porque, segundo ela, o ritual tem forte impacto simbólico e psicológico.
A empresária Day Mendes, 34, não estava em uma crise conjugal, mas ela e o marido sentiram a necessidade de complementar e ressignificar o casamento com uma festa para renovar os votos. Os dois se casaram ainda jovens, com 20 anos, em 2010.
Na época, Day conta, não houve pedido formal de noivado e metade do custo da festa foi paga pelos pais, já que o casal ainda estava em início de carreira. Além da limitação financeira, o vestido da noiva gerou frustrações em Day, uma vez que não teve provas prévias. Desde aquela época o casal falava em renovar os votos no aniversário de dez anos.
O sonho foi realizado em 2023, com estabilidade financeira e duas filhas. Diferentemente da primeira festa, a segunda aconteceu de forma mais intimista, mais cara e mais intencional. “Na renovação, nós sabíamos o que estávamos fazendo. Foi como se fosse um novo casamento”, diz. As filhas entraram antes do casal, teve a bênção da família, sem participação de madrinhas e padrinhos.
Além de ter escolhido o seu vestido dos sonhos, Day pôde realizar alguns outros: se casar no campo e fazer fotos com cavalo. Para o casal, ela diz que representou um ato de fé e um marco de maturidade no relacionamento.
“Depois de tantos anos juntos, é um outro sentimento, um amor muito maior”.
Giovanna, 28, e Rafael Mariotti, 30, também sentiram que sua celebração de casamento não foi vivida plenamente. Juntos há 13 anos, o casal noivou em 2018, se casou em 2020 e fez a festa em 2021, mas com fortes restrições, adiamentos e incertezas devido à pandemia da Covid-19. Tudo foi preparado às pressas. Assim, o casal queria realizar uma outra festa, sem delimitações, ao ar livre e com todos os detalhes que não puderam ter no primeiro.
Inclusive, o casal criou uma lista de presentes que se converte em dinheiro. Day, por outro lado, optou por não fazer isso. Claudia Matarazzo, especialista em etiqueta e comportamento, é contra listas de presentes em renovação de votos. Para ela, presentes fazem sentido no início de vida a dois; na renovação, no máximo, pode haver um mimo espontâneo ou doações para uma causa. “Renovar votos não é para ganhar presente. Já ganhou no casamento”, diz.
A cerimônia dos Mariottis vai acontecer em setembro. “Foi tão caótico e teve tanta restrição e marca-desmarca que a gente não aproveitou aquele casamento. Agora a gente está mais ansioso, porque realmente está aproveitando cada processo. É como se fosse a primeira vez”, diz Giovanna.
Para eles, parece um casamento 2.0, com novas emoções e mais maturidade. A cerimônia os faz refletir sobre a relação e relembrar a trajetória juntos. “Quando a gente fala de renovação, a gente já começa a pensar em vários momentos. Então, os votos é o mais importante”, diz Rafael.
O casal não achava que iria ter a chance de renovar os votos tão cedo, já com cinco anos juntos, mas descobriu que existe a boda de madeira e viu uma oportunidade. A renovação não depende de “datas redondas”, segundo Cantarelli, a terapeuta familiar. Pode acontecer a qualquer momento em que o casal tenha vivido algo significativo, seja superar uma doença, atravessar uma crise, celebrar conquistas ou simplesmente sentir vontade. “O importante é que seja significativo”, diz.
A cerimônia de Giovanna e Rafael será mais íntima: apenas os dois, com os cães levando as alianças, sem padrinhos ou madrinhas. Giovanna também optou por um vestido tradicional de noiva, assim como Day, que encontrou seu vestido perfeito.
Para a stylist Manu Carvalho, no entanto, no segundo casamento é quando as regras podem ser afrouxadas e a criatividade vir solta. “No primeiro casamento, a gente tem algumas direções, tipo o branco, longo ou curto desde os anos 2000, passeio completo. O segundo casamento é mais leve, menos rígido”, diz.
Assim, a noiva pode optar por usar um vestido mini, macacão, entrar em uma estética rock n’ roll ou boho —com elementos hippies e folk. “É muito circunstancial. A pessoa que já realizou seu sonho de noiva, no segundo quer progredir e fazer outra coisa.”
A atriz e modelo Giovanna Ewbank, que renovou seus votos com o ator Bruno Gagliasso no início do mês, optou por exemplo por um vestido ousado e que combinava com a estética de campo, já que a festa aconteceu em um rancho. O vestido era em um tom bege, com recortes e texturas diferentes. A própria modelo disse à Vogue que não queria um vestido tradicional.
Aconteceu o contrário com Ana Paula Siebert, que renovou os votos de dez anos com Roberto Justus em abril. Siebert usou um vestido branco, com bordados e uma capa que se assemelhava a um véu.
Esses famosos esbanjam festas de casamento nas redes sociais, mas não é todo mundo que consegue arcar com as despesas de uma cerimônia de casamento. Aline ressalta que a celebração pode ser uma festa grande ou apenas um momento íntimo a dois, O essencial é que faça sentido para o casal e não vire fonte de conflito ou endividamento.
“A verdadeira renovação acontece no coração e na cabeça do casal. Festa ou recepção são desdobramentos”, diz ela, que já renovou os votos duas vezes, com direito a cerimônia, filhos participando e festa, e destaca como isso criou lembranças afetivas fortes, inclusive para parentes já falecidos. “É uma experiência única: é dizer de novo um sim, agora com maturidade e história”, diz.
*VITÓRIA MACEDO/folhapress
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