Alerta: superproteção na infância e excesso de telas agravam saúde mental de jovens

A psicóloga Josiplessis Marques fez um alerta importante ao comentar os estudos de Jonathan Haidt sobre a crise de saúde mental entre adolescentes e jovens. Segundo ela, o autor aponta três pilares principais que ajudam a entender esse cenário: a superproteção na infância e o declínio do brincar livre, o uso excessivo de smartphones e redes sociais, e o aumento do tribalismo político e da polarização.

“O brincar livre, sem estrutura, é essencial para o desenvolvimento cognitivo, criativo e emocional das crianças. A falta dessa autonomia no brincar pode estar relacionada ao aumento da ansiedade e até da depressão”, destacou Josiplessis.

A especialista também ressaltou que o uso abusivo de tecnologias vem afetando o bem-estar dos jovens.

“Eles não estão preparados para lidar com a exposição, a idealização da vida nas redes, o sentimento de inadequação e até o vício causado pela liberação rápida de dopamina, seguida de tédio e insatisfação.”

Outro ponto crítico abordado é o impacto da polarização social.

“A politização exagerada da vida e o surgimento de ‘tribos digitais’ têm gerado intolerância e uma dificuldade crescente em lidar com críticas ou divergências. Isso fragiliza emocionalmente os jovens e limita sua capacidade de escuta e empatia.”

Josiplessis lembra que o livro citado por ela é baseado em dados de saúde pública de diversos países, que mostram uma escalada nos diagnósticos de ansiedade, depressão e burnout a partir de 2010, coincidentemente o período em que os smartphones e redes sociais se popularizaram entre os adolescentes.

A psicóloga conclui com um apelo à sociedade para repensar o modo como tem permitido que crianças e jovens cresçam.

“É preciso reconhecer a complexidade desse cenário e agir com responsabilidade, promovendo mais tempo livre, limites ao uso de telas e espaços de diálogo saudável e respeitoso.”