Saúde e Bem-estar

Veja os cosméticos que crianças e adolescentes podem usar

Da Redação*
Publicado em 1 de setembro de 2024 às 16:00

cosméticos

Foto: Rubens Cavallari/Folhapress

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Vídeos de crianças e adolescentes usando maquiagens e cremes para adultos viraram tendência nas redes sociais. O fenômeno até ganhou um termo próprio: “Sephora kids”, em alusão à famosa loja de cosméticos.

A dermatologista Elisete Crocco, coordenadora do departamento de cosmiatria da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia), afirma que crianças não devem fazer skincare e que, na adolescência, não faz sentido usar produtos para rejuvenescimento da pele.

“Essa tendência tem acontecido por causa das redes sociais e é um perigo. Recebo pacientes com quadro de eczemas, irritações e sensibilizações pelo uso de inúmeros cremes que são prescritos por esteticistas, balconistas ou auto prescritos”, diz.

A médica reforça que o uso de cosméticos para peles adultas em jovens e crianças, diferentemente dos cosméticos testados e liberados para esse público, costuma resultar no oposto do esperado.
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QUANDO UMA CRIANÇA PODE USAR COSMÉTICOS?

A indicação de cosméticos para peles jovens começa na faixa dos 11 ou 12 anos, quando ocorrem as primeiras alterações das glândulas sebáceas e o tecido começa a ficar mais oleoso, ressecado ou sensível.

“Esses pré-adolescentes podem começar a receber prescrições de cuidados para o equilíbrio dessa pele”, diz a dermatologista Elisete Crocco.

Os produtos também podem ser indicados para o tratamento de doenças específicas que demandem hidratação celular, clareamento ou controle de oleosidade.

“Algumas vezes, adolescentes ou pré-adolescentes podem receber uma prescrição que contém ácido hialurônico pelo potencial hidratante que ele tem, não para renovação celular”, esclarece Crocco.

O QUE USAR OU NÃO ABAIXO DOS 10 ANOS

A recomendação de cosméticos seguros precisa sempre vir de um médico especializado e ser focada na necessidade do paciente, até para evitar danos à maturação de peles ainda sem glândulas sebáceas, como a de crianças.

“A questão é o que não se deve colocar. Crianças, que não têm a produção de sebo de um adolescente ou de um adulto, não podem usar ácido com o objetivo de rejuvenescimento ou hidratantes que tenham potenciais muito grandes de irritabilidade ou com fragrâncias com perfumes que podem sensibilizar”, indica Crocco.

O recomendado para evitar lesões na faixa etária até 10 anos é apenas lavar o rosto com sabonete neutro e usar protetor solar quando for se expor ao sol. Se o pequeno ou pequena tiver alguma alteração cutânea de dermatite atópica ou uma pele sensível, talvez precise também o uso de um hidratante neutro.

A médica Maria Fernanda Camargo, responsável pelo ambulatório de dermatologia pediátrica do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (Iamspe) e atuante com dermatologia pediátrica no Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), diz que faltam testes de segurança que libere aplicação da maioria dos cosméticos em pessoas com menos de 12 anos.

“Ressalva para os protetores solares, que podem ser usados a partir dos seis meses, quando o produto tem indicação para essa faixa etária”, diz Camargo.

Não há riscos ainda em esmaltes infantis, que podem ser aplicados a partir de cinco anos. “Contudo, eles devem facilmente removíveis e livres de solventes”, reforça.

Crianças também não devem ser incentivadas a usar maquiagem e outros cosméticos, pois pode existir a presença de substâncias alergênicas, bem como de metais pesados como chumbo, cromo, alumínio, entre outros. “Inclusive naqueles destinados ao próprio público infantil”, afirma Camargo.

DA PUBERDADE AOS 15 ANOS

O médico Ivan Rollemberg, membro da Academia Sul-Americana de Cirurgia Estética e da SBD, especializado em dermatologia e cosmiatria, diz que seguir tratamentos oferecidos em redes sociais não é uma boa escolha.

“A compra de produtos para pele sem a indicação de um profissional pode ser prejudicial por muitos fatores, especialmente para adolescentes e pré-adolescentes. No geral, falamos em dermocosméticos a partir dos 12 anos e não existe rotina de skincare padrão, é preciso avaliar cada caso isoladamente”, diz Rollemberg.

A partir dessa idade, a única recomendação comum a todos é o uso de filtro solar.

Na faixa dos 12 aos 15 anos, quando é comum o aparecimento de acne, surgem também manchas e cicatrizes, muitas delas, segundo o médico, por má orientação de como lidar com o problema.

“Niacinamida [também chamada de vitamina B3], que é uma febre em redes sociais, isoladamente, não costuma ser suficiente para controlar a acne. Tem ação antioxidante e despigmentante, mas, para acne, o ácido salicílico é uma opção mais efetiva para jovens que desejam reduzir as espinhas e controlar a oleosidade”, exemplifica Rollemberg.

O especialista destaca que ácidos são, por definição, moléculas que liberam íons de hidrogênio e não são sinônimo de abrasão ou corrosão, como muitos pensam.

Entre as possibilidades existentes de tratamento para adolescentes, ele cita o ácido glicólico para melhora da textura da pele e redução da oleosidade ou o ácido retinóico, usado em peles danificadas pelo sol, conforme o caso.

A médica Maria Fernanda Camargo frisa que o ácido glicólico —derivado da cana de açúcar— pode ser utilizado nesse grupo, mas a aplicação de hidratantes e esfoliantes com esse químico está condicionada à concentração dessa substância nos produtos.

“Também pode ser utilizado ácido retinóico, pois a substância é derivada da vitamina A e auxilia no tratamento da acne e do envelhecimento como conduta preventiva. Porém, o uso exige cuidado, pois quando exposto ao sol, pode causar irritação e fotossensibilidade”, diz.

Sendo a adolescência um período fértil da vida do ser humano, Camargo lembra ainda que produtos com ácido retinóico são contraindicados às gestantes, pois podem ter efeito teratogênico e causar alterações no feto.

“Já o ácido hialurônico é produzido pelo corpo humano naturalmente. Os produtos com essa substância podem ajudar na hidratação e na estimulação do colágeno. O uso pode ser feito combinando com cremes ricos em outras propriedades. Já a vitamina C, outro cosmético popular, tem poucos estudos com a população mais jovem”, diz Camargo.

A médica do HSPE diz que só devem ser usados produtos testados e aprovados pelos órgãos reguladores e destaca que a beleza da pele depende de diversos fatores além de cosméticos, como hábitos saudáveis e predisposição genética. “É importante evitar o tabagismo e se expor ao sol sem proteção”, pontua Camargo.

*DANIELLE CASTRO/folhapress

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