Saúde e Bem-estar

´Raio X´ da dengue: sintomas, sinais de alerta e tratamentos disponíveis

Da Redação*
Publicado em 2 de abril de 2024 às 14:54

dengue

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

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Transmitida pela picada da fêmea do Aedes Aegypti infectada com o vírus, a dengue foi decretada como emergência em dez estados brasileiros e já acumula mais de 2,2 milhões de casos prováveis e 715 óbitos apenas no primeiro trimestre de 2024, segundo dados até o último dia 25.

No mesmo período do ano passado, foram registrados 489.854 casos prováveis de dengue.

No fim de 2023, especialistas já alertavam para alta em números de casos prevista para 2024. “Nós nunca tivemos tantos casos de dengue no período interepidêmico. O El Niño e o aumento da temperatura global vão impactar no vetor”, diz Carlos Magno Fortaleza, presidente da Sociedade Paulista de Infectologia.

Hoje, os estados com maiores números de casos da doença são, respectivamente, Distrito Federal, Minas Gerais e Espírito Santo.

No total, existem quatro sorotipos diferentes da doença: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Todos eles, no entanto, provocam sintomas semelhantes, mas em graus diferentes, e exigem tratamentos.
A seguir, veja informações sobre sintomas, sinais de alerta e tratamentos contra a dengue.

SINTOMAS
Temperatura acima dos 38 °C, dores de cabeça, dor nas articulações, dor atrás dos olhos, inflamação dos gânglios linfáticos, coceira e, até mesmo, erupções avermelhadas na pele, são alguns dos sintomas clássicos da dengue quando o quadro é considerado leve.

Algumas pessoas podem desenvolver ainda uma infecção assintomática que, como o próprio nome diz, não apresenta sintomas.

Nos casos de dengue grave, é comum que os sintomas apareçam após o desaparecimento da febre e com alguns sinais de alarme, indícios de que pacientes com quadros leves podem ter complicações pela dengue. Entre eles estão náuseas, vômitos, sangramento em mucosas, dor abdominal intensa e tontura ao levantar.

Fazem parte do grupo de risco para a doença gestantes, idosos, crianças de até dois anos, diabéticos, hipertensos, pessoas com problemas respiratórios ou cardiovasculares e pacientes em tratamento contra câncer.

TESTAGEM PARA A DOENÇA
Há três métodos para diagnósticos da dengue no mercado: o Antígeno NS1, o PCR (Reação em Cadeia da Polimerase em Tempo Real) e o IgM e IgG (imunoglobulinas M e G).

O NS1 é indicado para o início da doença e identifica a concentração de antígenos no sangue —obtido por picada no dedo ou hemograma— durante a fase aguda da dengue (até o 5º dia após a infecção).

O exame PCR também utiliza coleta de sangue do paciente sintomático (ou não), e detecta o material genético do vírus ainda em fase inicial da doença. Ele indica ainda o sorotipo causador da infecção.

Já os testes sorológicos (de anticorpos) identificam os níveis de anticorpos IgM e IgG —produzidos após o contato inicial com o vírus da dengue— e é feito por hemograma ou por uma gota de sangue do dedo.

O anticorpo IgM surge logo após a infecção, entre 5 e 7 dias, e está presente só durante a fase de infecção, enquanto o IgG fica em circulação por um período maior e pode indicar que a pessoa já foi infectada antes.

A escolha entre os pacientes que serão testados depende da avaliação médica e da quantidade de sintomas apresentados. Em casos de sinais semelhantes aos de outras doenças, como Covid, o profissional da saúde pode pedir outro tipo de exame e uma análise para conclusão do diagnóstico.

MEDICAÇÃO E TRATAMENTOS
Apesar de não existir um medicamento específico para dengue, para casos leves são normalmente indicados dipirona e paracetamol para o tratamento em casa de febre, frequente em casos de dengue. Repouso e muita hidratação com água e soros, que repõem os sais minerais do organismo, também são indicados.

Os profissionais reforçam que a automedicação é contraindicada. “Pode ser perigosa e mascarar sintomas importantes, complicando o diagnóstico e o tratamento”, explica Leonardo Weissmann, médico infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e professor da Universidade de Ribeirão Preto.

Corticoides, aspirinas (como AAS), e, principalmente, anti-inflamatórios não estereoidais, como o ibuprofeno e diclofenaco, também entram na lista de contraindicações —este último, em especial, aumenta o risco de sangramento em casos positivos para dengue.

REINFECÇÃO
Uma pessoa pode ser infectada pelo vírus da dengue, no máximo, quatro vezes, uma vez para cada sorotipo existente, explica a infectologista e professora da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Raquel Stucchi. A reinfecção, porém, só pode ocorrer após três meses do início dos sintomas.

“Como não são anticorpos específicos, eles protegem contra os outros sorotipos da dengue que a pessoa ainda não se expôs. Por isso é mais difícil casos de reinfecção nos três primeiros meses”, explica a especialista.

O risco de dengue grave é mais comum quando se trata da segunda infecção pela doença. De acordo com Stucchi, uma pessoa pode ter sido assintomática para um primeiro quadro de dengue anos atrás e, na segunda infecção, evoluir para um estágio grave.

Os sintomas da reinfecção costumam ser os mesmos da primeira infecção, mas podem ser mais intensos.

“Pode ocorrer uma evolução mais grave porque você tem um aumento de resposta inflamatória e o vírus acaba se multiplicando mais”, diz Stucchi.

Para evitar a segunda infecção, a dica é o uso do repelente, inclusive para pessoas que já estão infectadas pela dengue. (aqui fala de repelente de Stucchi)

REPELENTES
Com formulações compostas por substâncias sintéticas como a icaridina, o DEET e o IR3535, que repelem os insetos, os repelentes podem ter média ou longa durabilidade a depender do que está escrito no rótulo.

Todos podem usar repelentes, segundo especialistas. No entanto, é necessário cautela com as crianças, que costumam colocar as mãos nos olhos e na boca. “A orientação é não aplicar nas mãos dos mais novos. Um adulto deve passar o repelente nas próprias mãos e depois espalhar no corpo da criança”, explica Evaldo Stanislau de Araújo, infectologista do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Para a aplicação, a recomendação é que seja feita assim como protetor solar: por último, cerca de 15 minutos após a aplicação de produtos como filtro, hidratante e perfume.

Os especialistas ainda não indicam o uso do produto durante a noite. “Não podemos ficar todo dia, a noite inteira, em contato com esses produtos. É bom lembrarmos das outras maneiras de se proteger”, diz Gislaine Ricci Leonardi, professora doutora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unicamp.

O ativo sintético mais procurado em repelentes é o icaridina, de origem natural e com maior eficácia comprovada, chegando a dez horas de proteção. “Não só garante mais tempo de proteção, como também pode ser usado por grávidas e crianças menores de 12 anos”, diz o engenheiro químico Norberto Luiz Afonso, presidente da Henlau Química.

Há ainda o repelente para a casa, que é indicado desde que haja registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O dispositivo funciona conectado a tomada e, para saber quanto tempo pode ficar ligado, é necessário a consulta à bula.

Ainda de acordo com a Anvisa, dispositivos inseticidas como o fumacê são efetivos contra os insetos quando aplicados em períodos de nascer e pôr do sol, quando o mosquito costuma estar mais ativo.

VACINAÇÃO
A vacina Qdenga contra a dengue foi aprovada pela Anvisa no ano passado para indivíduos de 4 a 60 anos, e incorporada pelo SUS (Sistema Único de Saúde) em dezembro de 2023.

O Ministério da Saúde, no entanto, optou por disponibilizar a vacina somente para crianças de 10 a 14 anos, que possuem um risco maior de evoluir para quadro grave.

A vacinação é feita em duas doses com intervalo de três meses entre cada uma. Dentre os efeitos colaterais esperados da vacina estão dor ou vermelhidão no local da injeção, febre, dores de cabeça e musculares, mal-estar generalizado e fraqueza. A pasta da saúde registrou alguns casos de reações alérgicas à vacina, mas ela foi considerada segura por especialistas.

O imunizante não é indicado para gestantes, lactantes, pessoas alérgicas a algum componente da vacina ou que possuem algum problema imunológico, como portadores de HIV ou em tratamento que afete as células de defesa do corpo, como o quimioterápico.

A vacina, produzida pela farmacêutica Takeda, estava disponível na rede particular e custava, em média, R$ 450 a dose, contudo, a produção foi destinada exclusivamente ao SUS no início de março deste ano.

*folhapress

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