Saúde e Bem-estar

Especial: estudos apontam que café pode reduzir risco de desenvolver diabetes

Da Redação*
Publicado em 9 de março de 2024 às 8:30

Imagem ilustrativa café

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

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Embora o consumo excessivo de café seja visto com maus olhos, diversos estudos têm demonstrado que há uma correlação benéfica entre a ingestão da bebida e a redução de risco de diabetes tipo 2.

De acordo com uma das pesquisas mais recentes, feita pelo periódico BMJ, ingerir um alto índice de cafeína que equivale de três a cinco xícaras diárias sem açúcar pode reduzir o nível de gordura, além de prevenir a diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares.

Os pesquisadores chegaram a essa conclusão após analisarem duas variantes genéticas comuns dos genes CYP1A2 e AHR (associados à velocidade do metabolismo da cafeína no corpo) em quase 10 mil pessoas que participaram de seis estudos de longo prazo.

Já um estudo publicado em 2021 afirma que pessoas que tomam de três a quatro xícaras de café por dia têm um risco 25% menor de desenvolver a doença em comparação às pessoas que tomam pouco ou nenhum café. A probabilidade de desenvolver diabetes diminui em cerca de 6% para cada xícara de café consumida diariamente, mas somente até cerca de seis xícaras.

Além disso, uma pesquisa feita nos Estados Unidos também identificou que a mudança na ingestão diária de café seguia o padrão. Ao consumir uma ou duas xícaras extras por dia, os participantes tiveram uma redução no risco de desenvolver diabetes de 11%. O mesmo não aconteceu com o consumo de chá, por exemplo.

Embora não haja uma relação de causa e efeito direta entre beber café e ter menos probabilidade de desenvolver diabetes tipo 2, diz Clariana Colaço, nutricionista especializada em transtornos alimentares pelo IPq/HCFMUSP (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), as pesquisas sugerem que isso pode estar relacionado aos antioxidantes e compostos bioativos encontrados no café.

Por ser uma bebida complexa, o café contém centenas de compostos diferentes, além da cafeína, que podem ter vários efeitos no metabolismo e na saúde. Alguns exemplos citados pela nutricionista são o ácido clorogênico, que pode ter efeitos benéficos na saúde, incluindo a redução da pressão arterial e a melhora da sensibilidade à insulina; minerais, como potássio, magnésio e niacina, que desempenham papéis importantes no metabolismo; e polifenóis. O café contém uma variedade de polifenóis, incluindo flavonóides e lignanas, que têm sido associados a efeitos antioxidantes.

DEVO COMEÇAR A TOMAR CAFÉ?

De acordo com especialistas, os efeitos benéficos do café não são suficientes para sugerir que todos os adultos devem começar a tomar ou aumentar o número de xícaras que consomem diariamente.

“A cafeína irá reagir de um jeito para cada pessoa”, explica a Paula Pires, médica especializada em Endocrinologia e Metabologia pela USP. “Isso depende de como a pessoa metaboliza a substância. Os estudos não recomendam que se beba mais café por conta disso ou que a ingestão vai evitar a doença, isso ainda é muito individual, não é possível fazer uma recomendação para a população”.

Colaço concorda e afirma que é sempre recomendável consultar um profissional de saúde para obter orientações personalizadas sobre dieta e estilo de vida, além de levar todos os favores em consideração.

Em outras palavras, é importante reconhecer que o café, embora possa ter potencialmente benefícios para a saúde, não deve ser considerado uma solução única para a prevenção da diabetes tipo 2. Existem muitos outros fatores que desempenham papéis importantes na prevenção dessa condição e na promoção da saúde geral, como listam as especialistas:

Prática de exercícios de forma regular;
Alimentação saudável e balanceada;
Controle do peso e da gordura abdominal;
Evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool;
Gerenciamento do estresse;
Consultas médicas regulares.

Embora o consumo de café possa ser parte de um estilo de vida saudável e estar associado a um menor risco de desenvolver diabetes tipo 2, é crucial não considerá-lo como uma solução isolada.

“Escolher uma substância apenas e usá-la como prevenção de uma doença tão complexa é uma visão muito simplista”, elucida Pires.

Por fim, é importante relembrar que o café certamente tem suas desvantagens. Dependendo da quantidade consumida, ele pode perturbar o sono, agravar a ansiedade e provocar dores de cabeça. As pessoas sensíveis à cafeína, podem ter sintomas como ansiedade, insônia e abstinência.

O café também pode aumentar a produção de ácido no estômago e causar irritação gástrica em algumas pessoas. Isso pode levar a sintomas como azia, refluxo ácido, dor de estômago e desconforto gastrointestinal.

“A cafeína pode interagir com alguns medicamentos, diminuindo sua eficácia ou aumentando o risco de efeitos colaterais. Pessoas que tomam medicamentos regularmente devem verificar com seu médico se há interações potenciais com cafeína e seu medicamento”, diz Clariana Colaço.

*Thais Porsch/folhapress

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