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São João
Foto: Alberto Rocha/Folhapress
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Nem só de maçã do amor e pamonha é feita uma festa junina.
Há muita cultura envolvida nesta celebração, a começar justamente pelo cardápio de gostosuras servidas nas barracas, que foi criado para homenagear a culinária caipira com derivados do milho. A música escolhida para animar as festividades também tem a mesma origem na tradição dos caipiras vindos de lugares como o interior de São Paulo e de Minas Gerais
Além de tudo isso, você sabia que as festas juninas –que chegaram ao Brasil trazidas pelos costumes dos portugueses– têm uma relação profunda com a Igreja Católica?
Por isso elas também são chamadas de “festas de São João”, já que a data em que costumam acontecer é sempre próxima do Dia de São João (24 de junho), comemorado pelo catolicismo.
São João é tido como um dos padroeiros das festas juninas brasileiras, junto de santo Antônio e são Pedro. Padroeiros são santos escolhidos como protetores de um lugar, de uma profissão ou até mesmo de um país inteiro. Para saber mais sobre a história destes três santos católicos, a Folhinha conversou com padre Rodrigo Pires Vilela da Silva, doutor em teologia e professor da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo.
“A festa junina é uma riqueza do nosso patrimônio cultural, uma festa que reflete não só a vida de três grandes homens, mas também a capacidade do nosso povo de ler a realidade com muita sensibilidade”, afirma. Para ele, comemorar as festas juninas é uma forma de preservar a memória cultural brasileira.
Leia a seguir o que ele diz a respeito de são João, santo Antônio e são Pedro.
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São João
No Brasil, principalmente na época dos nossos antepassados de 200 ou 300 anos atrás, os primeiros grupos que que tentaram se estabelecer como comunidades viam em são João uma figura que carregava muitos símbolos que faziam sentido naquela época. O homem e a mulher de 300 anos atrás tinham como orientador da vida o ritmo do céu. Eles conheciam praticamente todas as estrelas e planetas numa noite escura.
A noite era vista de forma diferente. Os antigos sabiam, inclusive, que os dias e noites tinham tamanhos diferentes ao longo do ano. No Brasil a noite mais escura do ano era a de 24 de junho, Dia de São João. No imaginário daquelas pessoas, são João era tão poderoso que evitava que a escuridão que crescia até aquele dia passasse a dominar o mundo.
Devido ao fato de são João estar associado ao fortalecimento da presença da luz no mundo escuro, é muito comum e fácil de entender por que ele é o único santo de quem a chegada é celebrada com a formação de uma fogueira à noite.
Santo Antônio
Havia um costume muito comum na Idade Média, que era de retratar muitos santos com Jesus Cristo pequeno no colo. Isso simboliza que eles levam Jesus para as pessoas. São Cristóvão é outro exemplo.
Santo Antônio também acabou levando a fama de casamenteiro. Isso acontece porque, em seu contexto, ele ajudou a acabar com a regra de que uma pessoa só poderia se casar se pudesse pagar pelo consentimento de outra –é o que geralmente se entende pela regra do “dote”.
O fato de santo Antônio lutar contra essas regras, que amarravam casamento a dinheiro, passou a mostrar para as pessoas que casamento é mais do que um contrato, é um vínculo de amor e compromisso.
Santo Antônio também era conhecido pela sua capacidade de encantar as pessoas pela fala. A sua pregação atraía multidões. O milagre mais simbólico na vida do santo é a lenda na qual ele fala aos peixes: quando as pessoas de um determinado lugar passaram a recusar a sua pregação, ele foi até o lago e pregou aos peixes. Simbolicamente, isso significa que a força de sua fala estava ligada ao evangelho, e não ao valor da sua audiência.
São Pedro
São Pedro, que foi anunciado por Jesus Cristo como o líder dos apóstolos após a sua partida, recebeu do próprio Cristo as “chaves do reino dos céus”. Essa passagem bíblica inspirou a mentalidade popular de que são Pedro teria a chave do céu, e por isso seria não só uma espécie de “porteiro celeste”, recebendo as pessoas depois que elas morrem, mas, por tabela, ele teria o controle dos eventos climáticos como um dos seus ofícios.
Após a ressurreição de Cristo, ele teria recebido a responsabilidade de liderar a Igreja, o que passou a ser tarefa de todos aqueles que ocuparam o mesmo papel que ele diante da comunidade cristã.
O fato mais marcante na vida de Pedro é a tentativa dele de andar sobre as águas, pedindo a Jesus que isso também lhe fosse possível. Ele teve medo quando um vento bateu, e então afundou como uma pedra. Mas esse fato não termina em tragédia, porque Jesus socorre Pedro.
A beleza é o pedido de socorro atendido prontamente por Cristo, que não abandonou Pedro à própria sorte e com medo.
*MARCELLA FRANCO/Folhapress
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