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São João
Foto: Codecom/CG
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O jornal Folha de São Paulo publicou uma reportagem sobre o distrito de Galante, um dos polos do Maior São João do Mundo, em Campina Grande,
Leia a reportagem (licenciada) na íntegra.
O mercado público de Galante, no distrito de Campina Grande, interior da Paraíba, é esvaziado todo fim de semana de junho. Saem as mercadorias para se formar um salão. Aí todo tempo quanto houver é pouco para dançar, provar macaxeira com bode guisado e curtir o São João nordestino.
O público começa cedo no festejo. Os ônibus de excursão chegam às 7h30 e vão embora 18h. Adultos e famílias com crianças vêm, em sua maioria, de cidades vizinhas e até da capital, João Pessoa.
A dona de casa Eliziária Teixeira de Oliveira, 54, “a galega de Santa Rita”, como quer para se identificar, é uma das 30 pessoas que vieram no bate e volta de ônibus da vizinha Santa Rita.
Olhos azuis marcados de lápis, suada, ela se destacava no salão perto do palco que tocava o forró pé de serra. Enquanto a maioria dos casais dançava agarradinho, a galega curtia sozinha, braços abertos no ar, dominando os passos do forró.
Quando alguém se aproximava a fim de tira-la para dançar, ela recusava. “Sou casada. Meu marido gosta, sim, de dançar, apesar que ele está com um barrigão”, riu. “Marido não veio aqui dentro, porque está para lá, cuidando das bagagens”.
Fã de São João, ela não perde um arrasta-pé, em Campina ou no distrito. “Eu amo os dois, mas Galante aqui é mais perto e o transporte fica mais barato pra gente”.
Há também a opção de sair do centro de Campina, com ônibus caracterizado para o São João, com trio tocando, até o distrito.
Para economizar, no meio do salão, grupos depositavam coolers de bebidas com amendoins e petiscos, que disputam espaço com os casais dançando.
“O custo para a gente curtir aqui é mais barato. Nem todo mundo consegue pagar lá em Campina”, conta a copeira hospitalar Natalia Inacio, 37, perto de um dos coolers.
Há seis anos participa do São João de Galante, e elogia a evolução da festa. “Melhorou muito de estrutura e segurança. Tem revista para entrar, não pode estar com vidro. E eu vi fiscalização também na alimentação, nas barracas”.
No entorno dos dançarinos, os boxes do mercado público são restaurantes que servem macaxeira com bode guisado, arrumadinho (cuscuz, feijão de corda, charque e salada), feijoada, mocotó com cuscuz, pão com ovo e caldo de charque com calabresa.
De João Pessoa, a cabeleireira Mirian Alves Pessoa, 76, sabia que ia encontrar em Galante a alegria certa que buscava em um momento delicado da família. “Venho há três anos em Galante. Mais tranquilo aqui, mais organizado e também fica mais perto pra gente. Vim com minha irmã que teve AVC, pra levantar o astral dela”.
Nas vestimentas, prevalece o xadrez, em cores vermelha e amarela. O xadrez é camisa, mas também top curto, junto com jeans ou peças em couro sintético. Chapéu e bota compõem o look, mas há quem esteja à vontade, de chinelo ou até descalço.
Perto da antiga estação de trem, do lado de fora do mercado público, a prefeitura montou palcos para se dançar assim, na rua.
Caminhoneira aposentada, Albanita Souza, 79, de Cabedelo (PB), brilhava em sua roupa amarela, laço no chapéu de palha e flores nas mãos.
Viúva há 13 anos, ela já frequentava Galante antes, com o marido. Ela se põe a “forrozear”, satisfeita no remelexo com um dos rapazes moradores do distrito.
Aqui tem os matutinhos [meninos] pra dançar com a gente. Lá em Cabedelo pessoal não gosta de velho pra dançar”, ri. “Aqui eu não sobro!”.
*JULIANA COISSI/folhapress
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