São João

Ilhas de Forró: tradição, legado e resistência cultural no São João de Campina Grande

Da Redação*
Publicado em 20 de junho de 2025 às 17:28

Foto: Karla Nóbrega

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Guiadas pelo som da sanfona e pelos passos de dança marcados no chão, as Ilhas de Forró assumem, no Maior São João do Mundo, um papel de resistência e preservação desse Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil: o forró. Em Campina Grande (PB), a tradição se mantém viva nas palhoças que levam os nomes de ícones do genuíno ritmo que embala a festa junina: Zé Bezerra, Zé Lagoa, Seu Vavá e Biliu de Campina.

Entre o Parque Evaldo Cruz e o Parque do Povo, esses espaços configuram-se como pontos de encontro para forrozeiros que buscam mergulhar na experiência do tradicional forró pé de serra. Ambientes aconchegantes onde a música, a dança e a cultura se entrelaçam e fortalecem um legado ancestral.

A psicóloga Elizângela de Souza veio de Fortaleza (CE) para vivenciar, pela primeira vez, o São João de Campina Grande e conta o que lhe motivou a passar pelas palhoças. “Eu amo forró. Então, onde tem um trio, eu quero ver a personalidade daquele trio e isso me faz parar e dançar”, assim descreveu a turista encantada com o trabalho dos trios. “Eu me emociono com cada toque, com cada pessoa. Ali é uma história, eles estão transmitindo a cultura e aquilo mexe dentro de mim de uma forma diferente”, declarou.

Mas quem foram os artistas que dão nome às Ilhas de Forró do São João de Campina Grande? Para entender melhor o contexto histórico dessas homenagens, o jornalista de cultura Xico Nóbrega destacou a importância de cada um deles no cenário cultural da cidade.

Zé Lagoa

Rosil Cavalcanti, mais conhecido como Zé Lagoa, é natural de Macaparana (PE) e firmou raízes em Campina Grande como uma ilustre figura do rádio, apresentando o programa “Forró de Zé Lagoa” na Rádio Borborema. Além de radialista, Rosil foi um talentoso compositor, assinando canções de grandes artistas como Jackson do Pandeiro, Marinês e Luiz Gonzaga.

Zé Bezerra

José Bezerra foi um radialista que também atuou como humorista e ator, se consolidando como apresentador do programa “Bom Dia Nordeste”, também na Rádio Borborema, onde informava as principais notícias do dia e reproduzia músicas nordestinas.

Seu Vavá

Genival Lacerda, campinense nato, foi um cantor e compositor de forró que levou o nome da cidade por todo o Brasil. “Seu Vavá”, como era conhecido por muitos, se consagrou como uma referência no forró. O “Senador do Rojão” também foi amplamente conhecido por seu humor e sátira.

Karla Nóbrega

Biliu de Campina

Conhecido como o maior intérprete de Jackson do Pandeiro, Biliu de Campina foi um forrozeiro defensor da música nordestina que atuou na advocacia, mas deixou sua marca na música, como cantor e compositor. Nascido em Campina Grande, o artista teve a sua obra reconhecida como patrimônio cultural da Paraíba.

A voz de quem mantém a tradição

Esses personagens deixaram um legado que segue sendo sustentado através dos artistas que, na atualidade, se apresentam nesses palcos. Um exemplo é Fal Nunes, vocalista e sanfoneiro do “Trio Araras do Forró” que performou na Ilha de Forró Zé Bezerra. O músico relatou que se apresentar no Parque do Povo é uma grande satisfação para qualquer forrozeiro, sobretudo pela visibilidade que o evento proporciona. “A gente vem tocar aqui, mas são diversos turistas e culturas vendo a gente tocar, e daí já surgem shows, a partir do Parque do Povo já surgem diversos shows”, ressaltou.

O “Trio Forrozão Sem Frescura” se apresenta no São João de Campina Grande desde 2008, e a vocalista Jussara Marcelino destacou a importância desses espaços para aqueles que vivem do forró. Para ela, tocar nas palhoças é uma experiência mais aconchegante, especialmente pelo acolhimento do público que frequenta esses ambientes.

Preservar para não esquecer

As palhoças distribuídas pela área do evento não são apenas palcos para apresentações musicais, mais do que isso, são verdadeiros territórios de resistência cultural. Cada trio que executa seu show e a cada visitante que se aproxima para prestigiar e dançar forró, contribui para manter acesa a chama que arde no coração do povo nordestino.

As homenagens às personalidades que nomeiam essas áreas representam, também, um legado que deve ser valorizado e preservado. Zelar pela história daqueles que contribuíram no cenário cultural local é assegurar a continuidade de uma memória coletiva que carrega o afeto de toda uma população e garantir que essa tradição siga ecoando por muitas gerações.

* Equipe Repórter Educom

Reportagem: Iasmin Pereira
Fotografia: Karla Nóbrega
Edição: Mariana Cantalice

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