São João

Imprensa nacional destaca disputa entre Campina e Caruaru pelo maior São João do país

Da Redação*
Publicado em 19 de junho de 2025 às 11:46

abertura maior soão joão

Foto: Foto: Codecom/CG

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Quem ganha a disputa pelo maior São João do mundo? A resposta é óbvia: o brasileiro. Quem tem o privilégio de conhecer as duas festas que resumem o orgulho de ser nordestino se encanta pela grandiosidade de palcos, infinidade de quitutes, riqueza de detalhes nos vestidos das quadrilhas e beleza dos casais dançando o forró pé de serra.

Juntas, as duas cidades irmãs-rivais pretendem reunir um público de 7,3 milhões em cerca de dois meses de festa -maior do que a população da cidade do Rio de Janeiro (6,7 milhões de habitantes estimados). As festas são todas gratuitas.

Apenas 161 km que separam uma da outra, tão pertinho que vale conhecer as duas. Para turistas de outros estados, os aeroportos mais próximos estão no Recife e em João Pessoa, ou mesmo em Campina Grande.

Cada cidade tenta puxar para si o protagonismo. “Campina faz um grande São João, não tenha dúvida, mas a gente consegue ter um São João maior”, diz Hérlon Cavalcanti, poeta, escritor e jornalista, presidente da Fundação de Cultura de Caruaru.

“Tanto Caruaru como Campina fazem o maior São João do mundo, com o diferencial de que, além de fazer o maior, Campina faz o melhor”, rebate André Gomes, secretário de Cultura da cidade paraibana.

Nesta peleja, ganha o turista e também a economia da região, com patrocínios como o da Petrobras e de outras empresas. A festa deve movimentar R$ 740 milhões em Campina Grande, com 5.000 empregos diretos e indiretos.

Em Caruaru, a expectativa é de alcançar R$ 730 milhões, com 20 mil empregos diretos.

Pagode chinês

O chinês Xinjie Fu, 36, funcionário de banco, mora no Rio de Janeiro há quatro anos. Há um ano tem feito aulas de forró em terras cariocas para botar em prática neste São João. Começou por Caruaru, e ainda passaria por Campina e Recife. “Era o que eu imaginava”, disse, suado, na pausa do forró pé de serra em um dos polos de Caruaru, na sexta-feira (13).

Atrás dele, dançavam o casal Ygor de Brito, 32, publicitário de Caruaru e Lucas Lopes, 31, advogado do Recife. Além do passo agarradinho, abraços e beijos de casais LGBTQIA+ eram comuns de serem vistos nas duas cidades.

“Hoje é mais tranquilo. Anos atrás tinha mais olhares, porque querendo ou não é uma cidade pequena”, diz Brito.

Em Caruaru, o São João começa em abril, com 13 polos montados na zona rural. A partir de 28 de maio, ganha a área urbana. Até o fim de junho, serão 1.400 shows em um total de 27 polos.

O palco principal fica na praça sob as bênçãos da estátua de Luiz Gonzaga, o rei do baião. O som que passa por lá é variado: Ivete Sangalo, Leo Santana, Orquestra de Pífanos de Caruaru, Elba Ramalho, Aldemário Coelho, João Gomes e Bruno & Marrone.

“Tradição tem, mas os originais às vezes ficam esquecidos”, diz o motorista Marajá Ferreira, 27. “Esses artistas como Léo talvez não viriam em show fechado, pago, então é oportunidade de a gente assistir de graça”

Para chegar até o pátio de Gonzagão, o turista começa seu trajeto no centro, passando por um coreto e então pela antiga estação de trem. Onde eram os trilhos, se vê um mar de gente.

Polos de dança se multiplicam não mais que as barracas com comidas que incluem espetinho de bode. Em outro polo, no Alto do Moura, pode se degustar tanajura (a formiga) com farofa.

Nos fins de semana, nos bairros, há os festivais de comida gigante, nos bairros -destaque para o maior bolo de pé de moleque.

RÉVEILLON NORDESTINO

Em Campina Grande, ao contrário do resto do mundo, a noite da virada com fogos de artifício acontece em Campina Grande nos últimos minutos de 23 de junho.

Do palco principal no Parque do Povo, a cantora Elba Ramalho, olhando para o alto, se põe a cantar “Olha pro céu meu amor, veja como ele está lindo”. Pronto. Começa oficialmente o dia de são João, 24 de junho.

Como a vizinha pernambucana, ali também há a diversidade de estilos, com shows do DJ Alok, de Joelma e de Bell Marques e o forró de Cavalo de Pau e Mastruz com Leite.

Ao lado do palco principal está o coração da festa de Campina: a pirâmide. Ela é a grande catedral do forró, que recebe as quadrilhas. Impossível não se impressionar com as bandeirinhas que forram o teto com balão gigante e os estandartes de são Pedro e santo Antônio.

Mas é só o começo do brilho. Em seguida, lá vêm pedrarias, filós e organzas dos vestidos na dança das quadrilhas. Cerca de 200 grupos da Paraíba e outros estados se inscreveram para a festa.

Da cidade, são 14 quadrilhas, como a “Junina Rojão do forró”. Pérola, 27, que já foi rainha da diversidade da festa de Campina, brilha dourada com a fantasia “O sol de cada cabeça”.

“É uma magia, uma alegria, e cansativo também. Mas cura a alma”, conta o costureiro João Glaucio Nunes, que encarna Pérola. São 12 horas diárias em cima da máquina, na reta final para deixar pronto o figurino, que leva 10 mil pedras e 35 metros de filó.

A roupa custa R$ 3.000. Verba? Dá-lhe rifas e bingos. Assim como faz a cozinheira Yohanna Mikelly, 23, rainha do grupo Expressão Junina, para pagar seu vestido. O figurino de fogueira, com 25 m de filó da saia, lhe custou R$ 2.300.

A alegria por dançar quadrilha une as pontas, como o mascote João Miguel, 6, e Maria da Luz de Lima Santos, 79, que toca pandeiro. “Já tenho filhos criados. Nessa idade o bom é dançar”, diz a avó “de mais de 50 netos”, de Santa Rita (PB).

No 12 de junho, dia dos namorados, a pirâmide do Parque do Povo ainda celebra o amor com o casamento de cem casais, inscritos na prefeitura, e que ganham vestido de noiva e as custas de cartório.

Entre tantas cores, sons e inúmeras marcas patrocinadoras, ao fim o destaque da festa é o povo, de onde emana o grande brilho da festa. Em pátios lotados, no resfolego da sanfona, dançam casais combinando a cor da camisa xadrez, com remelexo e passinho ritmados. É noite de São João.

*A reportagem viajou a convite da Petrobras, patrocinadora do São João de Caruaru e de Campina Grande

* JULIANA COISSI (FOLHAPRESS)

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