Os significados dos símbolos juninos que enriquecem a festa de São João

No mês de junho, a terra do Maior São João do Mundo, Campina Grande (PB), fica ainda bela e colorida. A cidade se veste de cores vibrantes e elementos que expressam a essência da festa junina. A decoração é um dos principais atrativos do Maior São João do Mundo, mas, para além do visual encantador, esses símbolos carregam significados profundos e tradições que perpetuam o tempo. Bandeirinhas, balões, fogueiras, fuxicos e estampas de chita: cada detalhe é especial e cheio de história.

Giseli Sampaio, professora e pesquisadora, explica que os símbolos estão sempre presentes em locais onde ocorrem essas festividades juninas. “Esses símbolos, signos ou ícones juninos, são necessários para identificar que naquele lugar há celebração, há festejo, há brincância alusiva ao ciclo junino”, afirma. Além disso, ela contribui com importantes detalhes sobre os significados de cada um desses elementos.

Mais do que elementos decorativos, essas representações atuam como guardiãs de memórias, essenciais para o fortalecimento da identidade cultural do lugar, conectando raízes históricas, atravessando gerações e funcionando como uma ponte entre o passado e o presente.

As bandeirinhas
Considerada uma das principais decorações da festa junina, as bandeirinhas, por exemplo, se apresentam como um dos símbolos mais fortes do São João, muitas vezes, o primeiro elemento observado em meio à festa. Aquelas que possuem duas pontas caracterizam a festa cristã, enquanto as de uma ponta remetem às origens pagãs da celebração. Tradicionalmente, elas também estão associadas aos três santos juninos: Santo Antônio, São João e São Pedro, cujas imagens, em outros tempos, eram penduradas ao lado delas.

Foto: Iasmin Pereira/Repórter Educom

Balões juninos
Os balões partem de uma crendice, ou seja, uma crença popular que envolve superstições. Acreditava-se que o balão, ao ser produzido, deveria conter cores primárias e alegres, e ao ser lançado, levava aos céus desejos e pedidos. Hoje, por questões de segurança, os balões são apenas decorativos, mas continuam carregando essa forte simbologia.

Foto: Iasmin Pereira/Repórter Educom

Fogueira
O significado da fogueira possui uma origem religiosa. A pesquisadora Giseli conta que, segundo a história, Isabel, mãe de São João Batista, acendeu uma fogueira para anunciar a Maria, sua prima e mãe de Jesus, o nascimento do filho. A região era montanhosa e o fogo servia como meio de comunicação na época.

Foto: Karla Nóbrega/Repórter Educom

O fuxico
Presentes em várias decorações juninas, o fuxico, por sua vez, foi adaptado e inserido nas festividades juninas. A palavra é de origem africana e significa “remendo”. Historicamente, ele remete às mulheres que se reuniam para costurar, conversar e trocar confidências. O formato do artesanato, que se assemelha a uma flor fechada, simboliza os segredos compartilhados entre elas.

Foto: Karla Nóbrega/Repórter Educom

A chita
Compondo esse universo simbólico, a chita também se destaca como um traço marcante dessas manifestações culturais. O tecido foi inserido no São João tanto na decoração, como nos figurinos das festividades. Suas estampas floridas e vibrantes representam a alegria, a simplicidade e o caráter popular da celebração.

Entender aquilo que está por trás do visual pode deixar a festa ainda mais bonita e significativa. “É importante que as pessoas saibam o significado, até para que elas passem para as próximas gerações, porque se isso não for feito, ele vai virar apenas um símbolo decorativo, e tudo tem um significado”, destaca Giseli. Ela ainda ressalta a importância de que as pessoas conheçam e transmitam essas histórias para que se mantenham vivos os costumes, hábitos, crenças e tradições.

Todas essas representações estão presentes no São João de Campina Grande. Os detalhes que trazem brilho e alegria aos festejos juninos também representam memória, resistência e cultura. Despertar um olhar sensível para esses símbolos é, igualmente, contribuir para o fortalecimento e renovação dessa herança cultural.

*Repórter Educom
Reportagem: Iasmin Pereira
Fotografia: Karla Nóbrega / Iasmin Pereira