São João

Tropeiros da Borborema: a manifestação viva do folclore e raízes nordestinas

Da Redação*
Publicado em 30 de junho de 2024 às 13:30

tropeiros grupo

Foto: Ernandes Silva

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Presentes em muitos dos principais e mais importantes eventos culturais nordestinos realizados pelo país e mundo afora, o Grupo de Cultura Nativa Tropeiros da Borborema foi uma das grandes atrações da 41ª edição d´O Maior São João do Mundo.

Pioneiro e fonte de inspiração para criação de vários outros grupos de dança regionais, o prestigiado grupo desenvolve, ao longo dos 42 anos de existência, um valioso trabalho de manifestação e preservação da cultura popular por meio das apresentações que misturam história com música e dança.

“Eu sempre digo para os meninos que devemos levar para os quatro cantos desse país para que as pessoas entendam que o Nordeste não é só seca, mas o Nordeste também é festa, é folclore, é alegria, é prazer de você estar na praça ou no Parque do Povo dançando quadrilha, forró, xaxado, baião”, pontuou o professor Gerson Brito, que ao lado de sua companheira e também professora, Josefa de Lourdes Oliveira Brito, e Evandro do Carmo Souza, fundaram um legado de expressão artística e folclórica que atravessa quatro décadas de história.

Ao fazer uma avaliação do tempo de existência de O Tropeiros da Borborema, Gerson Brito declarou que o grupo vem evoluindo muito mais que na época em que fazia parte de forma direta. “Na minha época eu não tinha tantos recursos que eles têm, por exemplo, a tecnologia que eles utilizaram nesse espetáculo. Eles inovaram dentro de todo um pré-requisito que a cultura requer”.

O Tropeiros da Borborema carrega um legado incalculável, que vai do folclore popular e passa pelas vidas dos artistas que contribuíram para que a cultura popular seja como é atualmente. É a manifestação, preservação e celebração da cultura do Brasil.

Orinundo da década de 1980, o grupo começou com sete participantes e logo ganhou o mundo, saindo para se apresentar em vários países da Europa e outros continentes, a exemplo da Coreia do Sul, França, Espanha, Portugal. O Grupo de Cultura Nativa está indo para sua quarta geração de dançarinos que levam o legado adiante com a mesma maestria e paixão que marcou o seu surgimento.

Na avaliação de João Dantas, idealizador da Vila Sítio São João e folclorista que já co-dirigiu a companhia de danças, esta tem uma importância significativa para o cenário cultural de Campina Grande e região.

“O grupo é uma escola. Ele formou gerações de dançarinos, de brincantes, de coreógrafos e de músicos. Muitos grupos foram criados, em Campina Grande, inspirados no grupo Tropeiros da Borborema. A cidade tem mais de dez grupos folclóricos, todos eles reconhecidos nacionalmente, mas o Grupo Cultural Nativo Tropeiros da Borborema é o primeiro. É uma escola, é um efeito multiplicado” afirmou João João Dantas, ao transparecer todo o orgulho e admiração que sente pelo grupo.

Pela companhia de dança folclórica passaram diversas pessoas que mais tarde se destacariam no cenário da arte da cultura popular nordestina. Dentre eles estão o cantor Amazan, que foi o primeiro sanfoneiro do grupo, e a jornalista e ex-secretária de Cultura Municipal de Campina Grande, Giseli Sampaio.

“Quando fomos participar de um evento no Sesc de João Pessoa e um espectador que estava assistindo o espetáculo aproximou-se da gente e disse da seguinte forma: ‘vocês se assemelham aos velhos tropeiros que transportavam para Campina Grande farinha, rapadura e algodão. Agora, vocês são os tropeiros que transportam cultura, arte, dança e música’ e devido a essa fala que o nome do grupo é Tropeiros da Borborema”, contou Giseli Sampaio, a ex-dançarina do grupo que carrega consigo o orgulho de haver sido parte integrante do elenco fundador, por onde permaneceu ao longo de 21 anos.

tropeiros da borborema

Foto: Arquivo Pessoal de Giseli Sampaio

Em mais de 40 anos de história, o Tropeiros teve vários momentos marcantes e o que mais é destacado é o do Internacional de Folclore de 1986, em Confolens, na França.

“Nesse festival, fomos considerados, pela imprensa francesa especializada, como o grupo mais autêntico do mundo, entre 32 países e continentes que representavam naquela ocasião. Então, isso foi um marco para a nossa história, um dos momentos mais lindos que eu vivenciei “, recordou a ex integrante que até hoje acompanha o trabalho dos atuais participantes, ao chamar a atenção para o reconhecimento internacional que o Tropeiros da Borborema conquistou. A companhia de dança recebeu a indicação, em 1996, para o Prêmio Mambembe, equivalente do Oscar para dança e que é concedido pelo Ministério da Cultura por meio da Funarte.

Em sua mais recente apresentação dentro da programação de O Maior São João do Mundo, a qual foi aplaudida de pé por mais de cinco minutos pela plateia que lotou as instalações do Teatro Municipal para assistir ao espetáculo: ”Lampião na Terra São João”, o grupo deu mais uma demonstração da magia com que trabalha com os mais diversos temas coreografados. Esse foi um dos vários.

No “Dançando o Brasil”, por exemplo, o Tropeiros da Borborema performa ritmos de todo o país. O passeio foi do carimbó, que é do Pará, o moçambiqueiro de Minas Gerais, maracatu e o frevo pernambucano, os sambas de roda da Bahia e do Rio de Janeiro, ao forró paraibano. No espetáculo

As danças de colheita, que são do Nordeste, e as danças gaúchas como a chula, o pezinho e a chimarrita também foram performadas. Ademais, o xote, o baião, xaxado e forró são recorrentes nas coreografias. A escolha dos temas são discutidos coletivamente e é feita uma pesquisa extensa e até mesmo etnográfica, para transformar a música e a dança em grandes espetáculos de expressão da arte popular.

* Repórter Junino/ Ernandes Silva/Especial: UFCG-UEPB

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