São João

Descubra a alma vibrante do triângulo e sua conexão com a cultura nordestina

Da Redação*
Publicado em 30 de junho de 2024 às 8:21

triangueiro nas festas juninas

Foto: Otavio Moreira

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As tradicionais festividades juninas realizadas em todo o nordeste neste período do ano são embaladas por três instrumentos consagrados que carregam consigo uma grande simbologia da cultura nordestina: a sanfona, a zabumba e o triângulo. Instrumentos que se tornaram indispensáveis para a sonoridade única no forró.

Essa reportagem convida o leitor a mergulhar no universo encantador desse último, de destaque na história e a práticas musicais locais, e em outras manifestações culturais, além de representar um símbolo de identidade e devoção religiosa. 

O triângulo é um instrumento de percussão de origem antiga, presente em diversas culturas ao redor do mundo. No contexto nordestino do Brasil, chegou durante o período colonial, possivelmente influenciado por tradições europeias. Seja em grandes bandas de forró, ou em pequenos trios pé de serra, o instrumento se tornou essencial nas festividades juninas e em outras manifestações culturais, representando não apenas um elemento musical, mas também um símbolo de identidade e devoção religiosa.

Com seu som inconfundível e ligeiramente familiar, o triângulo vai muito além do que ditar o ritmo das canções. Zé Soares, músico local que se apresenta ao lado de seus filhos nas palhoças do Maior São João do Mundo em Campina Grande – PB, enfatiza: “Sem o triângulo na festa, não tem graça. O triângulo é o ritmo do forró. Não tendo o triângulo, não tem graça”. Destacando a importância, onde o instrumento não apenas complementa, mas define o ritmo, criando uma harmonia essencial com a sanfona e a zabumba.

A importância do triângulo vai além da música. Existe uma conexão simbólica entre o triângulo e a Santíssima Trindade, uma das crenças centrais do cristianismo. Essa associação reforça a ideia de que o triângulo não é apenas um instrumento musical, mas também um símbolo espiritual.

Regiane Maria, líder do trio “Campinense” compartilha uma perspectiva interessante sobre essa ligação: “O triângulo, quando começou a surgir, era o que fazia o som pra tudo. Para o tocar do sino, por exemplo, escolhia-se o triângulo”. Porém, a relação do instrumento com a religiosidade não para por aí, assim como os três pontos do triângulo se unem em perfeita harmonia, a tradição do instrumento evoca a união divina, em cada ponta ressoa de maneira simbólica com a Santíssima Trindade — Pai, Filho e Espírito Santo.

O triângulo também é uma herança passada de geração em geração. Damião Soares, um dos filhos de Zé Soares, destaca a importância do instrumento na composição dos trios: “Triângulo é importante, pois faz o conjunto dos trios (triângulo, zabumba e sanfona)”. 

Sendo assim, o triângulo não é apenas um instrumento, mas um guardião das raízes culturais e espirituais que permeiam o Nordeste brasileiro. Sua presença nas palhoças e nos trios de forró não apenas anima, mas também celebra a essência festiva e devocional que define o São João.

* Por Pablo Élyton 

* Produtor: Jaine Glaser 

* Adrian Miguel

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