São João

A arte das chinelas de couro nas festividades juninas

Da Redação*
Publicado em 30 de junho de 2024 às 14:00

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Foto: Jaine Glaser

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No sertão nordestino, onde o sol brilha intensamente e o chão é quente, as chinelas de couro são mais do que calçados: são símbolos de uma rica herança cultural, essenciais na vida cotidiana e nas celebrações populares.

Utilizando os materiais disponíveis na região, especialmente o couro, essas sandálias, também conhecidas como alpercatas, tornaram-se parte integrante da vida cotidiana e das celebrações populares, a exemplo das festividades juninas.

Elas se integraram ao forró pé de serra, proporcionando não apenas proteção contra o solo abrasador, mas também criando uma identidade sonora com o arrasto característico do couro contra o chão, levantando poeira e animando as festas. As chinelas de couro possuem uma história profunda e significativa no Nordeste.

Originalmente, esses calçados foram desenvolvidos para proteger os pés dos vaqueiros e trabalhadores do campo, que enfrentavam longas jornadas sob o sol escaldante. Feitas à mão por artesãos locais, cada par de chinelas conta uma história de tradição e habilidade passada de geração em geração. E, são uma das principais produções de artesanato procuradas pelos turistas nas exposições que são realizadas durante o Maior São João do Mundo.

Elena Silva, 47, é uma dessas artesãs que mantém viva essa tradição. Ela possui um stand na Vila do Artesão em Campina Grande, onde vende as peças de couro que fabrica com seu marido há mais de 20 anos. As chinelas de couros são conhecidas por sua durabilidade e seu conforto durante as danças de forró.

Elena explica que o processo de fabricação de peças tão duradouras começa com a escolha do couro: “Primeiro é a escolha do couro, depois vem o corte. Com o corte, a gente vai ver se o couro está bem maleável para poder fazer a montagem. Porque aí tem que ter também o couro bem molinho para não machucar os pés.”

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Foto: Jaine Glaser

As chinelas de couro representam mais do que um simples calçado, são um símbolo de resistência e identidade cultural. Além disso, a produção e venda dessas chinelas são uma importante fonte de renda para muitas famílias do Nordeste, mantendo viva uma arte que é ao mesmo tempo um modo de vida.

Nos últimos anos, a valorização do artesanato e do consumo consciente tem ampliado o mercado para as chinelas de couro, levando-as além das fronteiras do Nordeste. Turistas e apreciadores de outras regiões reconhecem a qualidade e a história que cada par carrega.

Riudete Martins, psicóloga na cidade de Natal-RN, foi encontrada comprando uma chinela de couro na Vila do Artesão. Sobre sua escolha, ela comenta:

“Chinela de couro é mais típica, dura muito mais do que qualquer calçado. E para dançar é mais confortável e cultural.” Sua resposta destaca a durabilidade e o valor cultural das chinelas de couro, atraindo não apenas os moradores locais, mas também visitantes que buscam autenticidade.

As chinelas nas danças

Nas danças tradicionais como o forró, xaxado, baião e quadrilha, as chinelas de couro desempenham um papel crucial. Elas permitem que os dançarinos deslizem pelo chão de terra batida ou de madeira com facilidade, sem perder o contato com o solo. Além disso, a durabilidade do couro é essencial para resistir às longas horas de festa.

Odailton Lemos, frequentador assíduo das festas de forró, prefere as chinelas de couro dos sapatos tradicionais. “Além de ser regional, o couro aqui da nossa terra, do nosso nordeste. A chinela de couro é o símbolo do São João, é usar a sandália de couro para ficar mais confortável e dançar forró”, explica Odailton. A escolha dele reflete uma conexão profunda com as raízes culturais e a busca pelo conforto durante as longas noites de dança.

As chinelas de couro do Nordeste são um testemunho da criatividade e resiliência do povo nordestino. Elas resistem ao tempo e às mudanças, mantendo viva a essência de uma cultura rica e vibrante. Ao calçar um par de chinelas de couro, não se trata apenas de vestir um acessório, mas de carregar consigo um pedaço da história, o gingado do forró e da alma do Nordeste.

* Pablo Élyton/Repórte Junino/Especial UFCG-UEPB

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