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Quando se fala em figurinos de São João, logo vem em mente o estereótipo que povoa o imaginário coletivo acerca do caipira: o homem vestido com aquela camisa xadrez combinando com o remendo na calça, acompanhada de uma bota e o chapéu de palha.
Já no caso das mulheres, os vestidos feitos de chita com detalhes de bico, o cabelo dividido ao meio com tranças e laços na ponta.
Com certeza você conseguiu imaginar esses personagens! Mas desde o arrasta-pé, onde ocorriam as quadrilhas matutas, esses figurinos passaram por uma grande transformação e tornaram-se a grande marca das quadrilhas estilizadas, que possuem características diferentes das tradicionais, como coreografias sincronizadas e figurinos padronizados, primordiais na contagem da história que a quadrilha irá abordar.
Alexandre Gomez, figurinista de diversas quadrilhas, incluindo a Junina Moleka 100 Vergonha, uma das mais premiadas nas competições realizadas, comenta sobre a obrigatoriedade do uso da chita como elemento junino em alguns Estados.
Ele esclarece que “não é o caso da Paraíba, procuramos fazer o figurino com uma pegada atual. Esse ano na Moleka desenvolvi uma estampa própria que combinasse com o tema proposto. Nem sempre a chita será uma opção viável para ser usada, já que a temática precisa estar explícita no figurino”.
O figurinista explica ainda que as quadrilhas recebem artigos de luxo para compor suas peças, e o que antes era apenas xadrez e chita, hoje é complementado com seda, organza, pedrarias, paetês, rendas, tules, fitas, pérolas, bordados e muito brilho.
Alexandre diz que “a evolução dos figurinos não está apenas nos tecidos e aviamentos utilizados, como também nos cortes das saias e mangas que têm mudado com o passar dos anos, e recebem cada vez mais informações da moda dia a dia”.
Dentro do aspecto econômico que as festas juninas representam, esse aumento de adereços beneficia a indústria têxtil local, estimulando a produção e a comercialização desses materiais, e também cria oportunidades de emprego para artesãos, costureiros e outros profissionais envolvidos nessa produção.
Essa evolução dos trajes de São João reflete não apenas uma mudança estética, como também na transformação cultural. As quadrilhas estilizadas incorporam elementos de luxo e buscam transmitir uma narrativa mais rica e única através de suas vestimentas sem deixar de lado a originalidade.
Cada detalhe, desde os tecidos até os bordados mais elaborados, contribui para contar a história e a identidade do grupo, agregando um novo nível de sofisticação e personalização aos festejos juninos.
Hoje em dia, as roupas das quadrilhas estilizadas são personalizadas para refletir a individualidade, trazendo consigo uma história ligada diretamente ao tema proposto pelo grupo.
E claro, o custo para a produção dessas peças aumentaram bastante justamente pela riqueza dos detalhes e a qualidade que elas possuem. Geralmente, quando a equipe não possui patrocínio, cada quadrilheiro arca com o custo de suas peças.
Movidos pela paixão intensa por esse que é um dos maiores símbolos das manifestações da festa de São João, os quadrilheiros trabalham duro para pagar todos os materiais e manutenções quando necessárias. Tudo por amor a uma tradição que vem atravessando diversas gerações.
”Eu espero o ano todo por esse período. E sempre vemos que valeu a pena todo o esforço. Não me vejo fora das quadrilhas juninas”, declarou Jeferson Alves,28 anos, ao destacar que desde os 12 anos participa dessa manifestação genuinamente junina.
A junção entre a inovação e diversidade tem contribuído para manter viva a tradição das quadrilhas juninas, não apenas preservando o passado, mas garantindo que elas continuem sendo uma parte vibrante e relevante da cultura brasileira.
*Repórter Junino
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