São João

São João: Fé, tradição e cultura dos festejos juninos

Da Redação*
Publicado em 24 de junho de 2024 às 20:36

imagem de são joão

Foto: Foto: Luiza Dotta/Repórter Junino

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Celebrado em 24 de junho, São João é o principal santo dos festejos juninos. De tal forma que é comum falar-se de forma generalizada das festas de São João. Um passeio pelo interior do Nordeste durante a realização da grande festa junina, o que mais se vê é o nome e a imagem do santo por toda a parte. Mas quem foi São João ?

Conhecido também como João Batista, é o precursor de Jesus Cristo. Filho de Isabel, prima de Maria, João Batista é parente de Jesus, e foi o único que conseguiu ver e ter momentos com o Cristo. A representação mais famosa do Santo é a de uma criança segurando com um pequeno cordeiro, fazendo com que ele seja chamado também de São João do Carneirinho.

O padre Carlos Antônio de Araújo explica: “Ele é do Carneirinho, a gente diz do Carneirinho porque nas imagens que se faz, a iconografia, tem um carneirinho, lembrando o Cordeiro de Deus. Foi ele que apontou, depois do batismo, que Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”.

No Nordeste, o mês de junho é sinônimo de festejo da cultura e da fé popular e que cativa desde crianças até idosos. “A gente celebra o aniversário de João Batista não só com oração, mas com festa, com dança, com música. Coincidentemente, é o período em que, se plantando em março o milho, no fim de junho já se pode comer. É a celebração da colheita, da fartura”, pontuou padre Carlos Antônio.

Acender fogueiras é uma das tradições mais lembradas dos festejos do mês de junho. Essa tradição remonta à própria história de São João. Quando ele nasceu, uma fogueira foi acendida para sinalizar a Maria sobre o nascimento do filho da sua prima.

O rito das fogueiras juninas

Por esse motivo, é de costume que essas sejam acesas nas vésperas dos santos, nos dias 12, 23 e 28 e foi introduzido no Brasil pelos jesuítas. Os historiadores indicam que a presença da fogueira nas Festas Juninas pode estar relacionada à cristianização de celebrações pagãs europeias que ocorriam no solstício de verão, em junho, que acendiam fogueiras para honrar e agradecer às divindades.

Ademais, as fogueiras de São João também desempenham um papel de fortalecimento de laços e fé por meio do batismo de fogueira, embora não seja reconhecido pela Igreja Católica. Esse batismo só pode ser feito na noite do dia 24 de junho, pois é o nascimento de João Batista e por ter sido quem batizou Jesus Cristo no Rio Jordão. Nesse batismo, é escolhido mais um padrinho ou madrinha para a criança e em torno da fogueira é dito uma prece três vezes de mãos dadas, que pode variar de acordo com a região, e a fogueira é pulada por fim.

Outro aspecto da crença popular a se destacar sobre esse Santo é que assim como no dia de Santo Antônio, durante os dias 23 e 24 podem ser feitas simpatias para São João. A maioria delas são relacionadas a relacionamentos e casamento, e envolvem fogueiras, refeições, espelhos e nomes.

Maria Socorro de Souza Farias, 75 anos, quando fez a simpatia da refeição, tinha cerca de 20 anos. “Foram as amigas que fizeram e indicaram para mim. Meus pais não deixavam eu sair de casa. Eu fiz e deu certo, no primeiro sonho apareceu o noivo”, relembrou.

De acordo com Maria Socorro, a simpatia para conhecer o noivo é a seguinte: “Na noite de São João não saia de casa, e não é para ver ninguém, é para fazer o jejum. Em uma mesa forrada de branco, coloque um pouco do que comeu no almoço e na janta. Coloca na mesa também um prato, uma faca, um garfo e uma colher. Não sai de dentro do quarto. Vá dormir e quando dormir sonha com o rapaz que vai casar”.

No Nordeste, os festejos não apenas honram a figura do precursor de Jesus Cristo, mas também celebram a rica intersecção entre fé, tradição e cultura popular. Desde as ancestrais fogueiras que iluminam a noite até as simpatias que perpetuam a esperança e o amor, o São João se mantém vivo no coração dos brasileiros, representando não só um momento de festa, mas também de renovada espiritualidade e gratidão pela colheita da vida.

*Repórter Junino – Reportagem: Ernandes Silva/Fotografia: Luiza Dotta/ Edição: Luiza Dotta/ Produção: Carol Bezerra/ Especial: UFCG-UEPB

 

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