São João

Parque do Povo: cidade cenográfica resgata a Memória de Campina Grande

Da Redação*
Publicado em 22 de junho de 2024 às 21:17

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Foto: Emily Piano/Repórter

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Durante o tradicional “Maior São João do Mundo”, em Campina Grande, um dos aspectos fascinantes e nostálgicos é a cidade cenográfica na parte superior do Parque do Povo. Além de proporcionar um ambiente autêntico e festivo para os visitantes, esse espaço também preserva memórias importantes de ruas que não existem mais na realidade, mas que são fundamentais para a História da cidade.

A festa se modernizou significativamente ao longo dos anos. A cada edição, novos layouts são implementados para melhorar a movimentação e a experiência dos forrozeiros. Entretanto, um elemento constante que mantém a conexão com o passado do município, são as ruas recriadas na cidade cenográfica. Essas ruas, como a Beco da Pororoca, o Beco 31, a Rua Quebra Quilos e o Lago do Capitólio, são homenagens a lugares que foram essenciais à História de Campina Grande, mas que mudaram de nome ou simplesmente não existem mais.

Enquanto os visitantes dançam o arrasta-pé ou procuram se deliciar com as comidas típicas, muitas vezes não percebem os nomes dos lugares pelos quais passam.

Mas qual a importância dessas ruas?

Beco da Pororoca

O Beco da Pororoca é mais um lugar que teve o nome modificado ao longo dos anos. Foto: Emily Piano/Repórter Junino
Hoje com o nome de Travessa Almirante Alexandrino, o Beco da Pororoca, formado entre 1930 e 1950, era uma vila habitada principalmente por operários do ciclo do algodão. Sua relevância histórica é acentuada pelo fato de Campina Grande ter se desenvolvido em torno da Vila da Pororoca, da estação ferroviária Great Western, do Açude Velho e da Catedral. Nos anos 1990, o local tornou-se um ponto de encontro popular entre os jovens, ganhando destaque no “folclore boêmio” da cidade. Maria Garrafada, figura icônica associada ao Beco da Pororoca, foi eternizada por artistas renomados como o cordelista Manoel Monteiro e o cantor Jackson do Pandeiro.

Beco 31

Atualmente chamada de Rua Monsenhor Sales, o Beco 31 teve seu nome originado na década de 1920, quando abrigava o Clube Renascença 31 e uma sociedade dançante. O local também foi sede do antigo jornal “Correio de Campina” e da antiga “Livraria Pedrosa”. Conhecido também por ser ponto de encontro de boêmios, o Beco 31 destacou-se durante o auge da cultura algodoeira na cidade.

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Foto: Paulo Matheus/Repórter Junino

Rua do Quebra Quilos

O nome da rua faz lembrar uma revolta do ano de 1874, que teve início na feira livre de Campina Grande. Um movimento popular contra a adoção do novo sistema métrico decimal francês, que introduzia medidas como quilo, metro e litro, substituindo métodos tradicionais baseados em palmos, jardas e libras. Comerciantes resistiram às novas ferramentas métricas, resultando em uma revolta conhecida como Quebra Quilos. Revoltados, eles destruíram os novos equipamentos métricos. Esse movimento se espalhou por municípios vizinhos como Cabaceiras, Pilar, Areia, Alagoa Grande, Alagoa Nova, Bananeiras, Guarabira, São João do Cariri, gerando pânico e desordem nas feiras locais.

Largo do Capitólio

O Cineteatro Capitólio, inaugurado em 1934 e que funcionou até a década de 90, foi construído no terreno localizado atrás da antiga Igreja de Nossa Senhora do Rosário, que já não existe mais. Reconhecido como o maior e mais moderno do estado da Paraíba, o cinema destacava-se por sua impressionante estrutura em estilo Art Déco. Além de ser palco de grandes eventos teatrais, o Capitólio sediava importantes festas sociais, políticas e culturais da época. O Largo do Capitólio é outra recriação significativa na cidade cenográfica do Parque do Povo. Homenageando um dos pontos mais emblemáticos da cidade, representando não apenas um espaço físico, mas também uma parte da memória afetiva dos campinenses. Evocando lembranças de encontros e momentos marcantes na vida social da cidade em sua mais célebre sala de cineteatro.

Além das ruas, a cidade cenográfica do Parque do Povo incorpora outros elementos históricos que reforçam a conexão com o passado de Campina Grande. Entre esses elementos estão: A Catedral, o Telégrafo, o Casino Eldorado e a Vila Nova da Rainha.

A manutenção dessas ruas e elementos históricos na cidade cenográfica é uma forma de preservar a Memória de Campina Grande em meio à modernização do Maior São João do Mundo e do próprio município. Ao caminhar por essas vias recriadas e observar esses elementos, os visitantes têm a oportunidade de se reconectar com a História, mesmo que por um breve momento. É um lembrete de que, apesar das mudanças e inovações, a essência e as raízes culturais da Rainha da Borborema permanecem vivas.

*Repórter Junino – Reportagem: Diney de Melo/ Fotografia: Emily Piano e Paulo Matheus/ Edição: Gabryele Martins

 

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