Fechar
O que você procura?
Continua depois da publicidade
Continue lendo
O I Festival de Quadrilhas Juninas Escolares da Rede Municipal de Campina Grande, que é realizado pela Prefeitura Municipal em parceria com a Associação de Quadrilhas Juninas de Campina Grande (Asquaju), começou na última segunda-feira (3) e segue até esta quarta-feira (5), com apresentações na Pirâmide do Parque do Povo e Quadrilhódromo do Parque Evaldo Cruz (Açude Novo).
Raymundo Asfora Neto, atual secretário de Educação da cidade, abriu o primeiro dia de evento pontuando a importância desse projeto:
“Um festival que vem para deixar o que já é O Maior São João do Mundo, ainda maior, ainda mais belo. Um São João que não está crescendo apenas no aspecto físico/estrutural, mas essencialmente na valorização da nossa cultura, das nossas raízes, da nossa identidade […] Campina, mais uma vez, larga na frente e faz história através do seu povo”, comentou.
No primeiro dia, cinco escolas se apresentaram e deram um verdadeiro show na Pirâmide do Parque do Povo. Nomes como Marinês e Ariano Suassuna foram homenageados pelos estudantes. Tatiana Nunes Ribeiro, diretora da Escola Padre Antonino, falou sobre o envolvimento da sua escola:
“Nosso tema é a Dança de Colheita. Trabalhamos o tema e a história com eles. A cultura da gente é tão forte: o forró, o São João… Então eles aprenderam tudo de forma muito dinâmica e lúdica nesses últimos 60 dias ensaiando. Os alunos iam aos sábados para ensaiar; no último feriado eles também foram ensaiar, as famílias foram atrás dos vestidos, maquiagem… A nossa escola é muito ativa e a comunidade também é muito ativa”, disse ela.
Crianças e adolescentes de várias idades marcaram presença no espetáculo e na plateia, como foi o caso de Edriel Félix, 14, aluno que veio dançar com os seus amigos: “Eu sempre participei da festa, eu amo o São João, amo as quadrilhas e as comidas típicas. Me dá um frio na barriga, mesmo já tendo dançado ano passado”, disse ele.
Lara Vitória, 13, falou da ansiedade de participar de um evento tão grande: “Nem consegui dormir direito pra estar aqui. Minha mãe e minha tia me ajudaram a me arrumar, comecei de 10h e terminei de 13h. Minha tia viu uma maquiagem no TikTok e a gente fez”, comentou ela.
Apesar do grande envolvimento das escolas, alguns gestores contaram sobre a dificuldade de trabalhar a tradição junina em meio às tantas novidades do mundo digital.
Thiago Galdino, marcador da quadrilha da Escola Anis Timani, falou um pouco sobre isso: “Foi muito trabalho e muito suor. Foi um pouco difícil, porque a gente corre muito atrás dos alunos e a maioria não quer participar. Muitos preferem ficar no celular a dançar quadrilha, mas a gente tá tentando resgatar isso nos alunos [cultura popular], pra depois eles dançarem nas grandes quadrilhas de Campina Grande”, disse ele.
A quadrilha junina escolar, além de uma opção lúdica para trabalhar temas em sala de aula, é uma forma de fortalecer a cultura popular nordestina e dar continuidade à escrita da História de um povo, como comentou João Marcos Tomaz, gestor e puxador da quadrilha do CEAI Dr. João Pereira de Assis:
“Serve justamente para alimentar a cultura, proporcionar momentos culturais e o principal: trazer a tradição das quadrilhas de escola, que é a origem das quadrilhas estilizadas. Dancei durante 6 anos, participei tanto de quadrilhas matutas, quanto de quadrilhas estilizadas. Os dançarinos/brincantes, na sua infância, saem daqui e eu, como brincante, não poderia ser diferente: já participei de quadrilha estilizada e hoje voltei para as minhas origens, para as minhas raízes, que é a quadrilha tradicional. Esse momento é extremamente importante!”, pontuou ele.
Romero Alves, representante do grupo Tropeiros da Borborema e jurado do evento, falou da importância de apresentar a cultura de quadrilha para crianças e adolescentes: “A gente sabe que dentro do meio cultural existe uma dificuldade para termos esses eventos, principalmente dentro dos âmbitos escolares. A gente sabe que os adolescentes/a juventude de hoje em dia não fazem essa busca em enriquecer a cultura”, comentou.
Ele também disse que um evento como esse é um importante fomento para cativar essa geração: “Existem as grandes juninas daqui da cidade e a gente sabe da falta de componentes para elas. A gente fazendo com que nas escolas tenha esse incentivo, futuramente esses alunos podem se estimular a fazer parte das grandes juninas e dar continuidade à história cultural da cidade”, finalizou.
Com os festivais de quadrilhas juninas escolares, a escola amplia o seu papel na educação social e se torna um espaço de preservação e resgate da cultura popular e tradições juninas. Crianças e adolescentes ganham o sentimento de pertencimento e podem celebrar junto ao seu povo os múltiplos sentidos de serem nordestinos.
*Repórter Junino – Reportagem: Samya Amado/ Fotografia: Léia Ventura/ Editoria: Gabryele Martins
© 2003 - 2024 - ParaibaOnline - Rainha Publicidade e Propaganda Ltda - Todos os direitos reservados.