Política

Eleições 2026: tensão entre Lula e Hugo Motta ameaça aliança na Paraíba

Da Redação*
Publicado em 8 de dezembro de 2025 às 10:38

hugo mota e lula

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

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A aliança negociada pelo deputado Hugo Motta (Republicanos) com o PT da Paraíba para eleger seu pai para o Senado está em risco após desentendimentos causados pela política nacional, situação que tem amplificado a tensão entre o presidente da Câmara e o presidente Lula (PT) e que tende a se agravar à medida que se aproxima a eleição.

Desde que assumiu a presidência da Câmara, Motta traçou como plano eleger seu pai, o prefeito de Patos, Nabor Wanderley (Republicanos), como senador na chapa do governador João Azevedo (PSB).

Eles esperam contar com o apoio de Lula, que recebeu 66,6% dos votos na Paraíba em 2022, contra 33,4% do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O senador Veneziano do Rêgo (MDB-PB), no entanto, também busca o apoio de Lula para concorrer à reeleição e se aproximou ainda mais do PT da Paraíba após desentendimentos entre Motta e líderes do partido no plano nacional, o que levou até ao rompimento do presidente da Câmara com o líder da bancada petista na Casa, Lindbergh Farias (RJ).

O emedebista, antes isolado, aliou-se ao prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, que se filiou ao MDB com o plano de concorrer ao governo em 2026 e rachou a base lulista na Paraíba.

“O PT local sabe, assim como o PT nacional, que tem duas opções: entre a confiança e a sabida traição”, diz Veneziano, segundo quem Lula já prometeu apoiá-lo.

Já o grupo de Azevedo terá ele e Nabor como candidatos ao Senado, em 2026, estarão em disputa duas cadeiras, e o vice-governador Lucas Ribeiro (PP) concorrendo à reeleição, após assumir o governo em abril com a renúncia do governador.

Políticos do estado afirmam que o PT está na base de João Azevedo, com cargos no governo estadual, e que o natural seria repetir a aliança em 2026 e apoiar também o pai de Motta.

Os recentes desentendimentos dele com o governo Lula, no entanto, tornaram mais distante essa aliança. “Isso cria dificuldade”, diz a presidente do PT da Paraíba, Cida Ramos.

A última divergência, e que acentuou o afastamento do governo com Motta, ocorreu pela decisão do presidente da Câmara de nomear o deputado Guilherme Derrite (PP-SP), então secretário do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), como relator do projeto antifacção, aposta de Lula para ganhar popularidade na área da segurança pública.

Outro ponto de tensão foi a campanha nas redes sociais e nas ruas contra a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Blindagem, que pretendia paralisar processos criminais contra congressistas enquanto não houvesse autorização do Congresso para que fossem julgados.

A proposta acabou rejeitada por unanimidade pelo Senado por causa da pressão popular.
O PT e Lula se opuseram ao texto, e o PT da Paraíba se juntou aos movimentos de rua, que tiveram Motta como um dos principais alvos.

Sindicatos ligados à esquerda ainda espalharam outdoors contra o presidente da Câmara pelo estado.

“O povo brasileiro fez [um protesto] e foi muito forte, mudou a posição do Congresso. A gente estava nas ruas, ao lado do povo. Não era contra a figura de fulano, era a defesa de posições políticas”, diz Cida Ramos.

A presidente do PT afirma que o apoio a Nabor não foi discutido e que a sigla debate qual chapa aderir após o racha na base lulista no estado.

Um aliado de Lula diz, sob reserva, que é preciso evitar a construção de um duplo palanque. Na avaliação dele, esse cenário enfraquece o petista no estado, por impedir que faça gestos mais para um lado do que para o outro.

Ele reconhece que é preciso muito diálogo para construir esse acordo, mas acredita que isso ainda será discutido mais adiante.

Já os aliados de Motta diziam que a tendência era que ele se aproximasse do governo federal a partir do final deste ano, justamente para conseguir o apoio de Lula à candidatura de seu pai.

O deputado vinha fazendo gestos ao Palácio do Planalto e participando de eventos oficiais, mas a relação chegou ao seu pior momento com a escolha de Derrite.

A desconfiança entre Motta e o Palácio do Planalto já ocorria há meses, desde que o presidente da Câmara pautou projeto de decreto legislativo para sustar um decreto que aumentava o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para elevar a arrecadação.

Ele, por sua vez, reclamou de campanhas nas redes contra a Câmara, principalmente com as acusações de que o Congresso protegia os ricos e milionários, e faltou à cerimônia de sanção do projeto de lei que isentou de Imposto de Renda quem ganha até R$ 5.000, para demonstrar insatisfação com a recente onda de críticas.

Interlocutores do deputado dizem que, apesar de Motta desejar o apoio do presidente da República à candidatura de seu pai, é Lula quem precisaria mais do presidente da Câmara na gestão da pauta de plenário e na construção de maiorias para seus projetos.

Motta já teria procurado petistas em Brasília para se queixar dos ataques nas redes, que ele julga serem organizados pelo Planalto e estimulados por Lindbergh.

Essas críticas estariam se refletindo na situação local da Paraíba, aumentando a insatisfação do presidente da Câmara.

Procurado, Motta não retornou os contatos da reportagem. Aliados dele afirmam que o apoio do PT e de Lula à chapa de Nabor ainda não foi discutido, o que só deve ocorrer em 2026, e refutam que o rompimento com o atual líder do PT na Câmara tenha reflexos no estado.

* RAPHAEL DI CUNTO E VICTORIA AZEVEDO/folhapress

 

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