Entre lealdades e pressões, Hervázio Bezerra reforça apoio a Cícero Lucena em 2026

O deputado estadual Hervázio Bezerra (PSB), durante a solenidade de filiação do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, ao MDB, nesta segunda-feira (17), avaliou o novo cenário político com vistas às eleições de 2026.

A análise ocorreu após o presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB), Adriano Galdino (Republicanos), retirar sua pré-candidatura ao Governo do Estado e declarar apoio ao vice-governador Lucas Ribeiro (Progressistas); e a formalização do gestor da capital paraibana aos quadros emedebistas.

Respeito às decisões

Questionado pela imprensa, Hervázio explicou que respeita escolhas individuais dentro da base governista.

“Eu sempre tenho dito que eu respeito a posição de qualquer companheiro. […] Eu nunca fui de censurar ou criticar e não seria hoje que eu o faria. Eu tenho dito que o presidente Adriano sabe e escolhe o que é melhor para ele. Eu, Hervázio, sei e escolho o que é melhor para mim, essa é a tese”, disse.

O parlamentar avaliou os motivos da decisão de Adriano Galdino e negou que haja uma “adesão” propriamente dita ao vice-governador.

“Tem muita gente achando que a decisão de Adriano foi uma adesão a Lucas. Adriano faz parte da base, sempre defendeu o governo na Assembleia. […] Eu credito aquilo ali 70% à gratidão, ao respeito e amizade que ele tem com o governador, 30% ao presidente do partido, que é Hugo Motta”, analisou.

Hervázio acrescentou elementos ao raciocínio, destacando que Galdino nunca atuou como adversário do governo.

“Se foi considerado adesão é porque ele era adversário, e ele nunca foi adversário do governo. […] Agora, se ele decidiu permanecer na base e declarar apoio, bom para Lucas. É um apoio importante pela liderança que Adriano tem. Mas eu não considero uma adesão”, afirmou.

Críticas de Cícero Lucena e relação com o Governo do Estado

Indagado sobre as recentes críticas de Cícero Lucena à saúde pública estadual, Hervázio evitou tensionar o debate.

“Cada um é dono do seu nariz e eu sou dono do meu. Não posso responder por Cícero. […] Agora, eu não tenho compromisso com o PP, não tenho compromisso com Lucas”, pontuou.

Sobre as declarações do prefeito da capital, o pai do vice-prefeito Léo Bezerra, que deve assumir a gestão municipal com a saída de Cícero para disputar o Governo da Paraíba, saiu em defesa do aliado.

“Quanto às críticas que Cícero fez, eu confesso que não ouvi. Vou procurar ver e até dar uns conselhos: ‘diminua se for possível’, até porque isso não é da formação e do temperamento de Cícero”, justificou.

Hervázio ressaltou que, apesar do contexto de rompimento político, é preciso preservar o respeito.

“Talvez pelas pancadas, você cansa de levar pancadas o tempo inteiro. Não do governador, eu não vi o governador bater em Cícero. […] Eu não defendo que haja essa disputa entre eles, porque a política passa e a amizade fica. Isso é uma roda gigante que gira e gira muito”, observou.

Lealdade e independência

O deputado reafirmou seu apoio ao governador João Azevêdo (PSB) para o Senado, pontuando sua trajetória de coerência política.

“Eu estou dizendo que vou votar em João e acho que tenho autoridade moral para isso. […] Eu só não voto no governador se ele disser que não quer meu voto. Se ele ficar calado, ainda assim eu voto e trabalho para ele”, ressaltou.

Hervázio reforçou também que não se dobrará às pressões internas do grupo político.

“Eu não faço política por convivência. Faço política por opção. Nunca me curvei a qualquer imposição de ordem até partidária”, enfatizou.

O parlamentar reconheceu que tem recebido críticas pela postura considerada dúbia por alguns correligionários, ao se manter aliado tanto do governador quanto de Cícero Lucena, mas disse estar pronto para arcar com as consequências dessa decisão.

“Eu tenho recebido pedradas e críticas, muitas, mas não tem nenhum problema. […] Quando você toma uma decisão, você exclui e paga o preço por isso, e eu estou pronto para pagar o preço do que venha daqui por diante”, garantiu.

PSB enfraquecido para 2026

Perguntado ainda sobre a permanência no PSB, Hervázio afirmou que deseja continuar na sigla, mas manifestou preocupação com a perda de lideranças no partido.

“Eu tenho dito que não quero deixar o partido de modo algum. Agora, eu não vou ficar feito vela, porque eu sei que a eleição passa pela escolha da legenda e no nosso partido só tenho detectado baixas. Eu não vi nenhum pré-candidato de expressão dizer que será candidato pelo PSB. Se perguntar os que deixaram, eu aponto vários”, concluiu.

Confira a entrevista completa: