Política

Ministro do Supremo: “Não se pode aparelhar a religião”

Da Redação*
Publicado em 10 de março de 2024 às 13:00

Ministro Luís Roberto Barroso

Foto: Gustavo Moreno/SCO/STF

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Em meio às revelações da Operação Tempus Veritatis, que coloca o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no centro de uma suposta tentativa de golpe de Estado, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, afirmou que as investigações conduzidas pela Polícia Federal “estão revelando que estivemos mais próximos que pensávamos do impensável”.

“Achávamos que já havíamos percorrido todos os ciclos do atraso institucional para termos que nos preocupar com ameaça de golpe de Estado no século 21”, disse o presidente do Supremo durante aula magna para alunos de Direito da PUC de São Paulo.

Barroso fez um relato de como, em 35 anos de estabilidade institucional, após a promulgação da Constituição de 1988, o País atravessou momentos difíceis.

Citou os “dois impeachments” e “casos imensos de corrupção”.

Porém, segundo o ministro, não foi cogitada solução “que não fosse o respeito à legalidade constitucional e às regras do jogo democrático”.

“Esse problema só entrou no radar, infelizmente, nos últimos anos. E vai ficando para trás. Mas entrou de uma maneira muito preocupante”, narrou o presidente do Supremo.

Segundo ele, a politização das Forças Armadas “talvez tenha sido uma das coisas mais dramáticas para a democracia”.

“Foram manipulados e arremessados na política por lideranças. Fizeram um papelão no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Convidados para ajudar na segurança e transparência, foram induzidos por má liderança a ficarem dando suspeitas falsas, quando a lealdade é um valor que se ensina nas Forças Armadas.”

Para o ministro, após a redemocratização, as Forças tiveram “comportamento exemplar, de não ingerência e interferência, de cumprir suas missões constitucionais”.

“Não se pode aparelhar a religião para servir a causas. Você usar a religião e dizer ‘o meu adversário é o demônio’ é forma pavorosa de manipular a crença e a ingenuidade das pessoas.”

*Fonte: Estadão

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