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A advogada e ex-participante do Big Brother Brasil Adélia Soares, que representa a também advogada e influenciadora Deolane Bezerra, foi indiciada sob suspeita de falsidade ideológica e associação criminosa pela Polícia Civil do Distrito Federal.
O caso não tem relação com a operação da Polícia Civil de Pernambuco que prendeu Deolane no início do mês. Segundo a investigação, Adélia se aliou à máfia chinesa para explorar jogos de azar no Brasil, dentre eles o “jogo do tigrinho”.
A reportagem ainda tenta contato com Adélia Soares ou sua defesa.
A apuração teve início a partir de um golpe contra um morador do Lago Norte, bairro de Brasília. Os agentes chegaram então à Okpayments e à Anspacepay, instituições de pagamento que, segundo a Polícia Civil, eram controladas por chineses.
Adélia foi identificada pela polícia como administradora da PlayFlow Processadora de Pagamentos, criada em 11 de julho com documentação irregular na Junta Comercial de São Paulo. Com sede nas Ilhas Virgens Inglesas, a empresa seria de fachada e ligada à Okpayments.
O delegado responsável pelo caso afirma em seu relatório final que, ao tentar compreender o golpe, se deparou com “um verdadeiro encontro fortuito de provas”.
“O que se encontrou foi uma operação gigantesca de exploração ilegal de cassinos online, instrumentalizada por um laranjal de empresas interpostas que se utilizam do desregulado setor de instituições de pagamento para fazer fluir o dinheiro ilegal obtido com a contravenção”, diz.
De acordo com o relatório, as instituições de pagamento sob investigação funcionavam como “forte canal invisível de canalização dos lucros auferidos com os cassinos ilegais”.
O documento diz ainda que criminosos chineses enviaram emissários para operar cassinos ilegais no Brasil. Eles abriram empresas de fachada no país com a cooptação de pessoas, Adélia entre elas.
Os investigadores afirmam que contas foram abertas para receber dinheiro por meio de transferência via Pix. Os valores eram remetidos ao exterior por operações de câmbio fraudulentas.
Há ainda indícios de outros crimes, como gestão temerária de instituição de pagamento e atribuição de falsa identidade para operação de câmbio, além de organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Os investigadores questionaram a SPA (Secretaria de Prêmios e Apostas) do Ministério da Fazenda sobre as empresas que pediram autorização para atuar com apostas conforme a legislação aprovada pelo Congresso no fim de 2023. No total, 112 pedidos foram efetivados para garantir a operação legal a partir de 1º de janeiro de 2025.
A investigação concluiu que, mesmo após a publicação da norma, criminosos continuam a entrar no Brasil e criar “gigantescas operações ilegais de exploração de jogos de azar”, usando “esquemas sofisticados de lavagem de dinheiro”.
*ANA POMPEU/folhapress
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